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Crypto Insights

A eleição de Javier Milei é importante para o Bitcoin

O novo presidente eleito na Argentina disse ser pró-Bitcoin, por se tratar de uma reação natural do mercado que traria o dinheiro, como tecnologia, de volta para o setor que o criou: o setor privado.

Por Valter Rebelo

21 nov 2023, 10:56 - atualizado em 21 nov 2023, 10:56

Javier Milei e bitcoin
Imagem: Nasdaq

Não pretendo me passar por analista político, nem, muito menos, por um extenso conhecedor da história sociopolítica argentina. Meu viés aqui não será esse. Posto isso, vamos ao que interessa.

Javier Milei é um economista e político antiestablishment, ou seja, critica certas instituições oficiais e seus modus operandi. Sua popularidade cresceu fortemente frente às consequências desastrosas de políticas econômicas equivocadas, as quais levaram a Argentina a uma hiperinflação, elevados níveis de pobreza e a um câmbio caótico. Em jogos de futebol, inclusive, virou piada falar mal do dinheiro dos hermanos.

O novo presidente eleito já chegou a descrever os Bancos Centrais como mecanismos fraudulentos de financiamento político, dizendo pretender extinguir o BC argentino e dolarizar a moeda em seu mandato. Além disso, disse ser pró-Bitcoin, por se tratar de uma reação natural do mercado que traria o dinheiro, como tecnologia, de volta para o setor que o criou: o setor privado.

Não tentarei medir os erros e acertos das falas de Milei, mas eis aqui alguns fatos:

1. Os governos obtêm dinheiro de duas formas, ou emitem títulos de dívida (pegam empréstimos), ou cobram impostos;

2. Um dos maiores compradores dos títulos de um governo é o seu próprio Banco Central, processo conhecido como monetização da dívida;

3. A monetização da dívida incorre em expansão da base monetária, e consequentemente em inflação;

4. Os incentivos para que um governo atual não emita, ou emita menos dívida, são mínimos, pois a responsabilidade da dívida é sempre designada para o próximo governo, e aumentar impostos faz com que o eleitorado reclame mais rapidamente;

5. No fim das contas, quem paga somos nós, cidadãos, através da inflação e de uma enxurrada de impostos.

Assim como Milei, o Bitcoin também pode ser classificado como antiestablishment por se tratar de um sistema que tem como princípios chave a desintermediação e a soberania sobre o capital próprio. Não existe monetização de dívida no sistema financeiro bitcoiniano. É um sistema limpo, democrático, definido e transparente.

Estou envolvido com esse mercado desde 2019 e, lentamente, vejo o Bitcoin se tornar cada vez mais relevante no cenário geopolítico pelos seus próprios méritos. O mundo parece estar mudando… você pretende acompanhar essa mudança?

Variações semanais (13/11/23 a 20/11/23)

  • Bitcoin (BTC)

Preço: US$ 37.427 | Var. +0,92%

  • Ethereum (ETH)

Preço: US$ 2.011 | Var. -1,66%

🌐 Dominância Bitcoin: 52,70% (Var. +0,59%)

* dados referentes ao fechamento em 20/11/23

Tópicos da semana 

  • Fidelity quer um ETF de ETH: A gigante de gestão de ativos, Fidelity, apresentou um pedido para um ETF de ether à vista, seguindo o pedido de um ETF de bitcoin à vista. O pedido afirma que a aprovação de um ETF de ETH à vista seria uma grande vitória para a proteção dos investidores dos EUA no espaço de criptoativos, pois os investidores enfrentam riscos significativos sem produtos desse tipo. O pedido também menciona a recente decisão do tribunal relacionada à Grayscale, onde o tribunal afirmou que a SEC não conseguiu encontrar uma razão coerente para rejeitar ETFs de criptomoeda à vista quando permitiu produtos baseados em futuros.
  • SEC adia mais uma vez: Securities and Exchange Commission (SEC) adiou as decisões de aprovação das aplicações de ETF de Bitcoin spot da Franklin Templeton e da Global X. Com esses atrasos, as novas datas de corte agora estão programadas para o início de 2024. Alguns esperavam que as aprovações de ETF de Bitcoin spot acontecessem na última semana, porém a ação da SEC não surpreendeu o mercado, que continua precificando o BTC acima dos US$37 mil, no momento em que escrevo. 
  • Uma novela que nem o GPT poderia imaginar: Sam Altman, após ser demitido da OpenAI, surpreendeu ao ser contratado pela Microsoft, mas essa mudança não é definitiva. Altman e o co-fundador Greg Brockman estão dispostos a retornar à OpenAI se os membros do conselho que o demitiram se afastarem. Uma ameaça de saída em massa de 500 dos 700 funcionários da OpenAI, incluindo o membro do conselho e cientista-chefe Ilya Sutskever, que liderou a remoção de Altman, mas que diz ter se arrependido, coloca mais pressão sobre o conselho, com apenas dois dos três membros restantes precisando mudar de posição. 

Gráfico da semana  

Tenho uma preocupação em ser prático e objetivo, em especial quando se trata de escrever sobre cripto. Tanto para o avançado quanto para os mais leigos, o texto precisa entregar alguma informação prática para o leitor, não podendo ficar somente no âmbito das ideias, no éter (sem trocadilhos aqui). Por isso, esta semana trouxe algo bem prático; venho mostrar que ainda há tempo de entrar nesse ciclo e lucrar bastante.

No gráfico abaixo, você pode observar a quantidade de dias que cada máxima histórica do Bitcoin perdurou antes de ser quebrada.

Fonte: Elaboração do autor

Em média, as máximas que foram topo de ciclo demoraram cerca de 669 dias para serem quebradas. Os topos de 2011, 2013 e 2017 duraram, respectivamente, 623, 1177 e 1080 dias. Atualmente, o topo de mercado, consolidado em novembro de 2021, perdura há mais de 730 dias.

O relógio está mexendo, a temperatura aumentando… os três ingredientes para o próximo bull market são iminentes: ETFs de Bitcoin, Halving e o corte da taxa de juros americana, junto com a volta da liquidez global.

Em vista de tudo isso, uma exposição nula ao Bitcoin, para mim, é algo muito difícil de se justificar.

Sobre o autor

Valter Rebelo

Valter Rebelo é analista de criptoativos na Empiricus Research. É economista formado pelo Insper, com especialização em ciência dos dados. Valter é consultado regularmente por relevantes portais de notícias brasileiros como Exame, Estadão, Jovem Pan, Seu Dinheiro e Money Times. Foi integrante da primeira entidade voltada para a pesquisa e estudo da tecnologia de blockchain no Brasil, o Blockchain Insper, em 2019.