Imagem: Divulgação
A Porto (PSSA3) surpreendeu o mercado positivamente com os números obtidos no terceiro trimestre de 2024 (3T24), divulgados na terça-feira (12). Os resultados consolidaram a companhia como uma das “queridinhas” dos investidores nos últimos meses.
O lucro líquido foi de R$ 739 milhões, forte crescimento de 32% na comparação com o mesmo período do ano passado e 9% acima da projeção média dos analistas.
Outro destaque foi o ROE (retorno sobre o patrimônio, que mede a rentabilidade do negócio) de 23%, uma expansão de 3 pontos percentuais na comparação com o 3T23.
Como resposta, as ações ordinárias PSSA3 subiram cerca de 2% no pregão seguinte à divulgação do balanço. Em 2024, o retorno é de +37%.
Para efeito de comparação, o Ibovespa caiu -3,7% e as concorrentes Caixa Seguridade (CXSE3) e BB Seguridade (BBSE3) apresentaram desempenho de +10,2% e -0,4%, respectivamente, no ano até aqui.
Por que as ações da Porto têm se destacado em 2024?
Em primeiro lugar, a Porto tem características intrínsecas ao negócio. Trata-se de uma companhia menos dependente do cenário macroeconômico e que sente menos o impacto da Selic em alta.
Resumidamente, para pagar os sinistros, as seguradoras têm de deixar uma parte do capital em uma “reserva”, geralmente em títulos de renda fixa atrelados à Selic.
Portanto, uma taxa de juro mais alta significa um maior rendimento desse “float”, o que se reflete nos resultados da companhia.
Adicionalmente, os seguros são contratuais, o que garante a previsibilidade de resultados mesmo em cenários econômicos adversos.
Mas isso é uma característica inerente às empresas do setor. Para além disso, a Porto tem feito bem o seu papel e “tirado 10” nos deveres de casa, o que foi ratificado pelos resultados do 3º trimestre.
Segundo a analista Larissa Quaresma, da Empiricus, a diversificação do negócio tem sido o principal trunfo da companhia.
Amplamente conhecida por ser uma seguradora do ramo de automóveis, a Porto agora tem apresentado crescimento significativo nos segmentos de saúde e banking.
Mais do que isso: enquanto o segmento “original” da companhia retraiu na comparação anual, os outros mais do que compensaram essa queda.
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Veja o desempenho da Porto por segmento no 3T24
A Porto Seguro, que concentra as linhas de automóvel, patrimonial e vida, teve um lucro líquido de R$ 430 milhões, baixa de 24% na visão anual. O ROE foi de 29%, “ainda muito saudável”, exalta a analista.
De acordo com ela, a retração no segmento foi puxada pelo seguro auto por conta de uma queda de 5% nos prêmios emitidos e do aumento de 4 pontos percentuais na sinistralidade da categoria.
“Entretanto, isso não nos preocupa, pois a queda dos prêmios reflete a estratégia de manter a precificação em um ambiente mais promocional no mercado. Isso é especialmente importante enquanto a sinistralidade sobe gradualmente em direção à média histórica – 2023 marcou um dos anos de sinistralidade mais baixa no auto”, explicou Larissa Quaresma.
A Porto Saúde, “grande destaque positivo” na visão da analista, dobrou seu lucro líquido anualmente para R$ 77 milhões, com ROE de 22% (expansão de 8 p.p.).
“Isso se deve ao crescimento de 26% nos beneficiários do seguro saúde, às remarcações de preço e à melhora de 2 p.p. na sinistralidade. Inclusive, o guidance de sinistralidade em 2024 foi reduzido em 2,5 p.p., para 77% no ponto médio da faixa indicada. Olhando mais à frente, tudo indica que a sinistralidade continuará caindo aos patamares pré-pandemia, enquanto o número de beneficiários deve seguir crescendo, partindo de uma participação de mercado ainda baixa”, vislumbra Larissa.
Outro destaque positivo foi o Porto Bank, com lucro líquido de R$ 165 milhões, alta anual de 41% e ROE de 29%.
“Isso se deve à expansão de 9% da carteira de crédito, agora em R$ 18 bilhões; à queda de 1 p.p. na inadimplência; e à alta de 37% na carteira de consórcios, agora em R$ 79 bilhões. Não por coincidência, a companhia elevou o guidance de crescimento de receita da vertical em 2024, agora projetado em +21%. O Porto Bank deve continuar expandindo seu lucro à medida que a companhia ganha mais volume nos produtos atuais e lança novos, como contas digitais PF e PJ, enquanto se beneficia da diluição de despesas”, disse a analista.
Por fim, a Porto Serviços também apresentou bom desempenho: o lucro líquido de R$ 52 milhões representou uma alta de 9% trimestre a trimestre.
“O avanço reflete as vendas de serviços por meio do modelo B2B2C, em contratos com varejistas, montadoras, locadoras, entre outros. Além disso, as vendas no modelo B2C, diretamente ao cliente final, também se expandem em parceria com corretores e o canal digital”, afirmou Larissa Quaresma.
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PSSA3: mais dividendos à vista?
Para Larissa, o último trimestre “escancarou” a geração de valor dos novos negócios, que agora representam 63% do lucro líquido da Porto – há um ano, esse número era de 50%.
“Mais importante ainda, a expansão das novas verticais vem com uma alta rentabilidade, o que tem contribuído para a melhora do ROE consolidado que teria sido de 28% sem o excesso de capital, versus 23% reportado.”
O excesso de capital combinado à perspectiva de continuidade de crescimento das novas áreas alimenta a possibilidade de a companhia aumentar a proporção do lucro distribuída aos acionistas em forma de dividendos em 2025, enfatiza a analista.
“Negociando a 8,8x seu lucro estimado para 2025, mantemos a recomendação de compra para PSSA3”, finalizou a analista da Empiricus.
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