Principalmente durante 2021, os chamados NFTs (tokens não-fungíveis, na sigla em inglês) – uma espécie de certificado digital registrado na blockchain – viraram uma febre no mercado. De figurinha do Neymar a itens colecionáveis, as coisas mais “banais” passaram a valer milhões de reais (ou dólares) pelo simples fato de serem únicos e insubstituíveis.
Apesar de diferentes das criptomoedas, é comum que a negociação desses ativos seja feita com o pagamento em cripto. Os NFTs costumam ser adquiridos e comercializados por meio de criptoativos como Ethereum (ETH) ou Binance Coin (BNB).
Mas, recentemente, esses tokens parecem esquecidos pelo mercado. Seria o fim do ‘hype’ em torno das NFTs?
“No mês passado houve um desaquecimento bem forte de NFTs bem icônicas, como o Bored Ape Yatch Club (BAYC), as ‘NFTs dos macacos’, que já foi a coleção mais valiosa de NFTs e recentemente atingiu seu preço piso em 20 meses, ou seja, o preço mínimo pelo qual o token já foi negociado”, explica Paulo Camargo, analista de criptomoedas da Empiricus Research. “Até o Justin Bieber [cantor canadense] pagou milhões na NFT de Bored Apes e hoje ela está valendo 59 mil dólares”.
Além disso, dados do OpenSea mostram uma queda de 38% nas negociações de itens da BAYC só entre os dias 2 e 3 de julho de 2023. O movimento confirma uma redução do interesse dos investidores.
Outro caso recente, conta o analista, foi o lançamento de uma coleção de NFTs da Azuki Elementals. Depois de investidores perceberem que as artes recebidas eram réplicas, juntaram-se para processar os criadores da coleção, mas acabaram hackeados e perderam dinheiro.
As próprias buscas mensais no Google Trends, plataforma que mostra os principais termos pesquisados na internet, reduziram quase a zero desde 2022, como mostra o gráfico abaixo
Ainda assim, tanto Paulo quanto Valter Rebelo, também analista de cripto, lembram que esses ativos ainda são muito interessantes e úteis para o universo de jogos. Por exemplo, um mesmo objeto usado em um jogo virtual pode ser “migrado” para outro graças aos NFTs. “A indústria de games vale US$ 17 bilhões e cresce em média 10% a cada ano”, conta Valter.
Na visão dos analistas, não necessariamente é o fim dos NFTs. “Esse é um mercado ainda em fase de maturação. Começou efervescente em 2021 e agora está um pouco mais realista. É uma questão de ciclo, a atenção do mercado vai migrando de ‘tema’, não quer dizer que as NFTs morreram. Agora, por exemplo, está voltada para os protocolos de finanças descentralizadas (DeFi)”, conclui Paulo.
- Só de janeiro a julho de 2023 o Bitcoin já rendeu mais que o CDI e o Ibovespa. Neste relatório gratuito, os analistas da Empiricus Research avaliam quais podem ser os ‘próximos Bitcoins’, criptomoedas fora do radar do mercado e com maior potencial de valorização.