Crise hídrica, escassez energética, problemas climáticos, equidade de gênero nas empresas, transparência de instituições financeiras com o cliente. Essas são algumas das pautas que mais têm “bombado” no mercado financeiro e levado empresas a darem cada vez mais foco em práticas alinhadas ao chamado ESG (sigla, em inglês, para boas práticas ambientais, sociais e de governança – environmental, social and corporate governance). Somado a isso, esse se tornou um importante filtro para a escolha de consumo das pessoas e para o investimento de gestores de grandes fundos.
Não é à toa que esse tripé se soma aos critérios de análise de ações de investidores institucionais. Estudos recentes comprovam que empresas que performam melhor no quesito sustentabilidade tendem a entregar maiores retornos, já que conseguem reduzir riscos e surpresas desagradáveis no longo prazo, além de conseguirem atravessar com mais tranquilidade crises como a pandemia do covid-19, conquistando, assim, a confiança do mercado.
Felipe Miranda, sócio-fundador e estrategista-chefe da Empiricus, maior casa de análise financeira do país, conta que está convicto de que a adoção de boas práticas ambientais, sociais e de governança por parte das empresas é questão de tempo e de que o ESG está entre as megatendências para os próximos 10 anos.
“Os critérios ESG já fazem parte do processo decisório de investidores institucionais há alguns anos e agora começam a surgir oportunidades concretas no Brasil para o investidor do varejo também surfar essa tendência global. Quem ainda resume ESG a ativismo ecológico e trata como uma questão isolada à carteira de investimentos está perdendo a chance de ganhar dinheiro. Aos níveis atuais do Ibovespa e com tanta empresa barata que é referência em sustentabilidade, eu não perderia tempo”.
O que é ESG, na prática?
Basicamente, o termo serve para medir o quanto determinada companhia realiza iniciativas para reduzir seu impacto no meio ambiente e para agir com o máximo de responsabilidade social possível (clique aqui para conhecer as empresas que se destacam).
Desse ponto de vista, o negócio torna-se muito mais que um preço de tela e que os números do balanço; é possível mergulhar de fato na empresa, entendendo o que acontece no dia a dia dela e como isso reverbera para a sociedade.
E, dentro de cada uma das letras da sigla, existe um conjunto de condutas que podem ser tomadas para se atingir um bom patamar ESG e que são medidas por métricas convencionadas internacionalmente.
A letra “E” refere-se às melhores medidas da companhia em relação à preservação do meio ambiente, por exemplo: desmatamento, emissões de gases de efeito estufa, escassez hídrica e energética, manuseio incorreto de resíduos.
O “S” representa as ações de uma empresa pelas quais as pessoas relacionadas a ela – funcionários, clientes ou a comunidade ao redor – podem ser impactadas, como garantia de direitos trabalhistas e bem-estar dos funcionários, diversidade e inclusão, satisfação dos clientes, segurança de dados, relação com a comunidade ao redor
Já a letra “G” está relacionada, basicamente, a tudo que envolve a administração da companhia, como a questão da ética e da transparência nos negócios; composição do conselho; remuneração dos executivos; relação entre acionistas e gestores; conduta em momentos de crise.
Como exemplifica Larissa Quaresma, especialista em investimentos ESG na Empiricus: “No caso de uma empresa que vende chocolate, como que ela extrai o cacau? Qual o impacto para as comunidades locais de onde a fruta é extraída? Ou, então, imagina ser atendido em um hospital onde os médicos são explorados e estão exaustos? Ou, ainda, pegar um empréstimo de uma empresa que promete não cobrar juros, mas nas letras miúdas está escrito que o cliente paga 5% de juros ao mês. Tudo isso são questões ESG”.
Por que investir em ações ESG?
Para além da vantagem de se aplicar em empresas que geram impacto positivo na sociedade, o que de fato interessa ao investidor é ganhar dinheiro e ações ESG juntam o útil ao agradável e Larissa Quaresma ressalta um ponto importante: “Claro que, para passar no filtro de investimentos, as empresas também precisam ser bons negócios e ter valuations atrativos, ou seja, precisam estar baratas em Bolsa. E justamente essa é a hora certa de se posicionar, já que tem muita empresa boa a preço de banana e uma hora ou outra vão voltar a subir forte”.
Abaixo, listamos alguns dos motivos que têm tornado esses ativos atrativos.
Cinco motivos para ter empresas ESG na carteira
1 – O gringo já está investindo faz tempo
Embora o Brasil ainda esteja engatinhando em relação a práticas sustentáveis, no cenário global isso já está bem avançado. Para se ter ideia, a estimativa é de que há pelo menos US$ 30 trilhões em ativos sob gestão de fundos ESG, ou seja, focados em aplicar os recursos apenas em negócios e empresas que se destacam no tripé sustentável.
O capital se concentra hoje nos países europeus, que administram metade do valor (15 trilhões de dólares), e nos Estados Unidos, onde está um quarto do montante sob gestão (aproximadamente US$ 7,5 trilhões).
2 – A pesquisa por assuntos relacionados a sustentabilidade disparou em 2020
O Google tem uma área de tendências que todo ano publica um relatório a respeito dos assuntos mais pesquisados no período. A pesquisa de 2020 indica que no ano passado o interesse pelo conceito ESG e também a procura por “investimento ético” atingiu o maior pico em cinco anos no Brasil. E, globalmente, os dois termos bateram recorde de pesquisa.
3 – O consumidor brasileiro está de olho nos valores praticados pelas marcas
Um levantamento feito pela consultoria estratégica EY-Parthenon este ano, o Future Consumer Index 2021, aponta que os consumidores brasileiros estão muito mais exigentes – 66% consideram a sustentabilidade o critério mais importante na hora de escolher qual produto comprar e 61% também passaram a achar relevante observar os valores praticados pelas empresas.
4 – Menos risco, mais retorno: empresas com bons níveis ESG tendem a performar melhor na Bolsa
Os especialistas mostram que empresas com boas iniciativas ligadas ao ESG podem melhorar – e muito – a relação risco-retorno.
Um estudo recente realizado por três professores da Harvard Business School analisou os retornos gerados, ao longo de 20 anos, por 2.307 empresas americanas que se destacam em performance ESG. A conclusão foi de que, no período, essas companhias apresentaram um retorno adicional de 9% ao ano para o acionista.
Segundo o relatório Edelman Trust Barometer Special Report: Institutional Investors, em 2020 95% dos índices de sustentabilidade performaram melhor que os de bolsas que não consideram esses critérios. A pesquisa considerou 600 investidores institucionais, dentre os seis principais países que apostam em ESG (Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e Japão), e destaca, também, que o fator “social” passou a ocupar o primeiro lugar de importância nos EUA, principalmente por conta da pandemia de covid-19.
“O que acontece, basicamente, é que as companhias que investem mais na agenda ESG, com foco nos pilares que lhes são mais importantes, acabam, naturalmente, mitigando os riscos à frente e obtendo melhores resultados. A chance de uma empresa que gere bem essa parte apresentar uma surpresa degradável futuramente é bem menor. Sabendo disso, o mercado passa a ter mais confiança naquela ação e a tendência é que ela se saia muito bem no longo prazo”.
5 – Com apenas R$ 100 já dá para investir (por incrível que pareça)
Até pouco tempo atrás, as oportunidades de aplicar em empresas referências em ESG ainda eram escassas para o investidor do varejo.
Porém, de olho no holofote do mercado sobre esse tema, grandes gestoras vêm desenvolvendo fundos de investimento acessíveis à pessoa física que garimpam as melhores oportunidades ESG para compor uma carteira de ações.
Esse é o caso da Vitreo Gestão, que estruturou o fundo Oportunidades ESG, composto por empresas brasileiras que executam com excelência os pilares da sustentabilidade e no qual é possível começar a investir com R$ 100.
A estratégia do fundo espelha a carteira da série da Empiricus que leva o mesmo nome e é capitaneada por Larissa Quaresma, que trabalha como analista há mais de cinco anos e se especializou em ESG. Além disso, o nome do produto é inspirado na série Oportunidades de Uma Vida, portfólio de ações sugeridas por Felipe Miranda na série Palavra do Estrategista, que sobe 502% versus a valorização de 150% do Ibovespa desde o início da carteira, ao final de 2015.
A carteira elaborada por Quaresma conta com 14 companhias e, só para dar uma cor, em uma simulação de rentabilidade, teria valorizado 42,47% nos últimos 12 meses (até o dia 31/08), enquanto o Ibovespa subiu apenas 19,54% no mesmo período, como mostra o gráfico abaixo:
E, como em 2021 a Bolsa está ainda mais barata, com a métrica Preço/Lucro média (Ibovespa) de apenas 6,8X, o momento abre oportunidade para comprar os ativos a preços muito menores do que de fato valem.
Bom, mas não para por aí: ainda tem outros motivos pelos quais vale a pena investir.
Quer saber com mais profundidade as perspectivas para essas ações ESG e o que elas têm entregado de bom até aqui? Neste relatório, George Wachsmann, o Jojo, sócio-fundador da Vitreo, esclarece todos os detalhes a respeito dessa estratégia e mostra por que ela guarda um excelente potencial de valorização: