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Acordo entre Mercosul e União Europeia tem atenção roubada por questões fiscais, critica analista da Empiricus

A negociação entre os blocos econômicos deu um grande passo depois de 25 anos de tentativas. Entenda.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

09 dez 2024, 16:52 - atualizado em 09 dez 2024, 16:53

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Imagem: iStock/ reisegraf

O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul era aguardado há anos. Os dois blocos anunciaram, na última sexta-feira (6), que conseguiram chegar a um acordo técnico, após 25 anos de negociação.

O tratado, antes de ser assinado, ainda deverá passar por algumas etapas, como a aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho de Ministros da União Europeia. 

No noticiário brasileiro, entretanto, a conquista parece não ter chamado tanto a atenção dos holofotes. “Infelizmente, por questões domésticas de cunho fiscal, o acordo não ganhou a devida atenção no Brasil. Ainda assim, é um dos maiores acordos históricos de livre-comércio e que possibilita a união de dois mercados importantíssimos”, comenta o analista macroeconômico Matheus Spiess, da Empiricus Research. 

Acordo poderá revolucionar comércio brasileiro

Segundo dados do governo federal, o Acordo integrará dois dos maiores blocos econômicos do mundo. Juntos, Mercosul e UE reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 22 trilhões de dólares.

“Diante disso, projetar impactos ainda é difícil até que tenhamos a total aprovação. As estimativas são que a nossa produção voltada para o bloco europeu poderá crescer em mais de US$ 7 bilhões entre 2024 e 2040”, comenta Spiess. 

Apesar disso, o analista ressalta que existe uma resistência do produtor agrícola europeu com o sulamericano, em especial o Brasil, pela perda de espaço nas vendas de carne suína, óleo e vegetais, que devem ser destaques. 

“Do outro lado, a Europa quer aumentar os seus produtos de setor automobilístico aqui, apesar das barreiras regulatórias e tarifárias e isso pode ajudar a indústria europeia a fabricar carros que condizem”, comenta. 

O acordo, entretanto, ainda deve passar por alguns desafios. A França atualmente é a sua maior opositora, devido ao receio do setor agropecuário francês com a entrada mais intensa dos produtos Mercosul. Ela conta com o apoio de países como Polônia, Itália, Países Baixos e Áustria.

“Já a Alemanha e a Espanha olham para o acordo com bons olhos. Em especial, a indústria automobilística alemã que vem sofrendo. O país também passa por um momento de instabilidade política e deve enfrentar mudanças no parlamento europeu”, contextualiza o analista.

‘Demorou, mas chegou’: por que acordo com a UE demorou tanto para sair?

O acordo comercial do Mercosul com a UE começou a ser discutido na década de 90, sendo descartado pelo próprio governo Lula, “que antes possuía uma avaliação diferente dos acordos de livre-comércio”, conta Spiess.

As negociações então foram colocadas de escanteio, especialmente pelo baixo interesse também das alas mais protecionistas da Europa. 

“Ele volta à tona mais recentemente com a necessidade da Europa de buscar novos mercados de suporte, diante de um movimento mais protecionista que ganha força nos EUA e a grande parceira, China, em um momento de instabilidade econômica em desaceleração”, conclui Spiess. 

Neste cenário de definições, os analistas da Empiricus Research consideram uma boa pedida  dedicar parte de seu portfólio às ações internacionais (BDRs). Neste relatório gratuito, analistas da Empiricus Research selecionaram as melhores ações internacionais para o panorama econômico atual. Confira.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.