O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul era aguardado há anos. Os dois blocos anunciaram, na última sexta-feira (6), que conseguiram chegar a um acordo técnico, após 25 anos de negociação.
O tratado, antes de ser assinado, ainda deverá passar por algumas etapas, como a aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho de Ministros da União Europeia.
No noticiário brasileiro, entretanto, a conquista parece não ter chamado tanto a atenção dos holofotes. “Infelizmente, por questões domésticas de cunho fiscal, o acordo não ganhou a devida atenção no Brasil. Ainda assim, é um dos maiores acordos históricos de livre-comércio e que possibilita a união de dois mercados importantíssimos”, comenta o analista macroeconômico Matheus Spiess, da Empiricus Research.
Acordo poderá revolucionar comércio brasileiro
Segundo dados do governo federal, o Acordo integrará dois dos maiores blocos econômicos do mundo. Juntos, Mercosul e UE reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 22 trilhões de dólares.
“Diante disso, projetar impactos ainda é difícil até que tenhamos a total aprovação. As estimativas são que a nossa produção voltada para o bloco europeu poderá crescer em mais de US$ 7 bilhões entre 2024 e 2040”, comenta Spiess.
Apesar disso, o analista ressalta que existe uma resistência do produtor agrícola europeu com o sulamericano, em especial o Brasil, pela perda de espaço nas vendas de carne suína, óleo e vegetais, que devem ser destaques.
“Do outro lado, a Europa quer aumentar os seus produtos de setor automobilístico aqui, apesar das barreiras regulatórias e tarifárias e isso pode ajudar a indústria europeia a fabricar carros que condizem”, comenta.
O acordo, entretanto, ainda deve passar por alguns desafios. A França atualmente é a sua maior opositora, devido ao receio do setor agropecuário francês com a entrada mais intensa dos produtos Mercosul. Ela conta com o apoio de países como Polônia, Itália, Países Baixos e Áustria.
“Já a Alemanha e a Espanha olham para o acordo com bons olhos. Em especial, a indústria automobilística alemã que vem sofrendo. O país também passa por um momento de instabilidade política e deve enfrentar mudanças no parlamento europeu”, contextualiza o analista.
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‘Demorou, mas chegou’: por que acordo com a UE demorou tanto para sair?
O acordo comercial do Mercosul com a UE começou a ser discutido na década de 90, sendo descartado pelo próprio governo Lula, “que antes possuía uma avaliação diferente dos acordos de livre-comércio”, conta Spiess.
As negociações então foram colocadas de escanteio, especialmente pelo baixo interesse também das alas mais protecionistas da Europa.
“Ele volta à tona mais recentemente com a necessidade da Europa de buscar novos mercados de suporte, diante de um movimento mais protecionista que ganha força nos EUA e a grande parceira, China, em um momento de instabilidade econômica em desaceleração”, conclui Spiess.
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