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Investimentos

Agenda econômica tem IPCA-15, dados de emprego e resultado primário; confira

Além disso, o dia começa com a sabatina dos dois indicados para o Banco Central, prevista para não trazer surpresas.

Por Matheus Spiess

28 nov 2023, 08:52 - atualizado em 28 nov 2023, 09:33

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Os investidores continuam ávidos pela abundância de dados que a semana deve nos proporcionar, com atenção especial voltada para o PIB do terceiro trimestre dos EUA, o Livro Bege do Federal Reserve e o PCE, a medida preferida de inflação da autoridade monetária americana. Antes disso, hoje, lidamos com o índice de confiança do consumidor. Simultaneamente, não podemos deixar de mencionar as diversas intervenções de autoridades nos países desenvolvidos, com destaque para a participação de Christine Lagarde, que retoma a palavra hoje, possivelmente reforçando sua postura conservadora.

Os mercados asiáticos fecharam majoritariamente em alta, apesar das direções negativas nos mercados globais do pregão anterior, indicando que os investidores ainda hesitam em tomar medidas significativas antes da divulgação dos dados econômicos desta semana. Nesse contexto, a maioria das moedas da região também se fortaleceu em relação ao dólar americano. Em contrapartida, os mercados europeus e os futuros americanos amanhecem com ligeira queda. No cenário doméstico, o foco está na agenda de Brasília, um tanto fragilizada pela viagem de Lula à COP28.

A ver…

· 00:42 — Quem vai tocar a agenda da semana?

No cenário brasileiro, o dia apresenta três indicadores econômicos de destaque, começando pelo IPCA-15, uma prévia da inflação oficial. A expectativa é de uma aceleração para 0,30% na comparação mensal em novembro. Em seguida, temos os números do Caged, referentes ao emprego, e encerramos com o resultado primário do Governo Central, que se beneficiou de uma arrecadação em outubro superior às projeções. Uma inflação mais moderada do que o previsto, dados robustos de emprego e uma situação fiscal menos preocupante podem impulsionar os ativos domésticos ao longo desta terça-feira.

Entretanto, destaco a importância da agenda em Brasília, que ficou enfraquecida devido à presença de diversas autoridades governamentais na Conferência do Clima em Dubai, a COP28 (mais detalhes a seguir). O dia começa com a sabatina dos dois indicados para o Banco Central, prevista para não trazer surpresas (ao contrário do que se espera na sabatina de Flávio Dino para o STF, que provavelmente enfrentará resistência, principalmente das alas bolsonaristas, mas isso é uma história diferente). Além disso, estaremos atentos ao progresso das propostas de lei sobre offshores e apostas esportivas, assim como ao projeto que regulamenta a subvenção estadual na base de cálculo do ICMS. Notícias positivas no âmbito fiscal podem dar impulso aos ativos de risco.

· 01:36 — E a questão dos precatórios

Para além da controvérsia sobre as subvenções estaduais na base de cálculo do ICMS, de extrema importância para a equipe econômica na busca por reduzir o déficit público ao máximo no próximo ano, temos também a questão dos precatórios. O STF formou maioria, com seis votos favoráveis, para autorizar o governo a quitar R$ 95 bilhões em precatórios ainda neste ano. Dias Toffoli e Alexandre de Moraes anteciparam seus votos após André Mendonça pedir vista (espera-se que o ministro devolva o processo para julgamento nos próximos dias). Os votos até agora defendem que o governo possa pagar, por meio de créditos extraordinários até 2026, os precatórios que excederem o teto anual de pagamentos estabelecido.

Embora não seja a solução ideal, ao menos satisfaz a equipe econômica, que busca desesperadamente reduzir o déficit público ao máximo possível. O objetivo aqui era quitar o passivo gerado pela “PEC dos Precatórios”. Tais despesas não serão contabilizadas no resultado primário para a verificação da meta fiscal. Alguns rotularam essa abordagem como uma manobra fiscal interpretativa, ao permitir que parte da dívida, relacionada ao pagamento de juros e encargos, fosse tratada como despesa financeira (fora do novo arcabouço fiscal). No entanto, o mercado aceitou a movimentação. Realmente, na situação em que se encontrava, qualquer ocupante do cargo teria buscado uma solução semelhante, dada a presença de uma bomba-relógio que poderia gerar vários problemas futuros.

· 02:40 — O dia depois da Cyber Money

Assim como a Black Friday, os indicadores da Cyber Money nos EUA também apresentam sinais positivos. No entanto, os investidores retornaram com cautela após a semana mais curta devido ao Dia de Ação de Graças, principalmente devido à sobrecarga de dados econômicos significativos previstos para esta semana.

Os índices americanos registraram queda ontem, e seus futuros continuam em declínio nesta manhã, pelo menos por enquanto. Vale destacar que as taxas das notas do Tesouro dos EUA de 10 anos diminuíram para 4,39% no fechamento de ontem, após atingirem 5% no mês anterior.

Na agenda de hoje, destacam-se alguns resultados relevantes, como os da Hewlett Packard Enterprise e CrowdStrike. No entanto, o foco principal está no índice de confiança do consumidor de novembro. Além disso, temos o Índice Nacional de Preços de Casas Case-Shiller para setembro. No caso deste último, números abaixo das expectativas podem influenciar novas quedas nas taxas de juros de mercado.

· 03:31 — O corte vem ou não?

No Oriente Médio, antes do início da COP28, Israel concordou em prorrogar a trégua por mais dois dias, oferecendo espaço adicional para que o Hamas liberasse os reféns feitos no início do mês passado. Mesmo assim, é esperado que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prossiga com suas operações na Faixa de Gaza em breve. Independentemente disso, a possibilidade de uma escalada no conflito parece cada vez mais remota, o que seria crucial não apenas em termos humanitários, especialmente em situações trágicas como essa, mas também em aspectos econômicos, especialmente no que diz respeito ao mercado de petróleo.

Falando sobre isso, a Arábia Saudita está instando outros membros da coalizão OPEP+ a reduzirem suas cotas de produção de petróleo, buscando fortalecer os mercados globais. Contudo, alguns membros estão resistindo. O líder da OPEP+ tem implementado cortes de oferta em grande parte unilaterais, reduzindo 1 milhão de barris por dia desde julho. A reunião política da OPEP+ foi adiada em quatro dias para 30 de novembro devido a desacordos sobre as cotas africanas, com Angola e Nigéria resistindo às reduções em seus limites para 2024, estabelecidos em junho.

Apesar disso, os preços do petróleo caíram pelo terceiro dia consecutivo, pois os indícios de excesso de oferta superaram as esperanças de redução na produção. A expectativa é que a Arábia Saudita e a Rússia estendam voluntariamente seus cortes até 2024, com Moscou reduzindo a produção em 300 mil barris por dia. Cortes superiores ao esperado podem ajudar a manter o preço do petróleo de forma mais robusta, possivelmente acima de US$ 80 por barril.

· 04:29 — Todo mundo está indo para a COP28

Ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma viagem presidencial ao Oriente Médio e à Alemanha, tendo a Arábia Saudita como primeira parada. Além de Riad, Lula visitará Doha, no Catar, e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participará da COP-28, a conferência climática mais crucial do ano. Em seguida, no dia 4, seguirá para Berlim, concluindo seu itinerário internacional. Mais de 70 mil figuras, entre políticos, diplomatas, ativistas, financistas e líderes empresariais, convergirão para o Dubai para discutir questões ambientais e mudanças climáticas. A urgência para avançar nunca foi tão evidente: 2023 provavelmente será o ano mais quente registrado, as emissões de gases de efeito estufa continuam a crescer, e as promessas de redução da poluição mostram-se insuficientes para eliminar o risco de um aquecimento descontrolado.

O Brasil terá a maior delegação, com mais de 2,4 mil inscritos, incluindo políticos, diplomatas, ativistas, executivos, empresários e acadêmicos, constituindo a maior representação na história das COPs. A intenção é demonstrar como o Brasil pode desempenhar um papel central na transição energética, embora esse processo possa demandar mais tempo do que inicialmente previsto. Em contraponto, a maioria dos países está falhando em cumprir os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris de 2015, que visava conter o aquecimento a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais — um objetivo ainda não alcançado. Em 2022, os gases de efeito estufa, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, atingiram níveis recordes, enquanto o aumento das temperaturas, a perda de biodiversidade e eventos meteorológicos extremos, como inundações e furacões, acenderam alertas ambientais. Embora o avanço seja imperativo, a colaboração entre os países parece limitada.

· 05:18 — Fora do mundo de tecnologia

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.