Em 2023, o petróleo já passou por poucas e boas. Em agosto e setembro o preço do barril de Brent começou a subir e, em outubro, encostou nos US$ 100 com o conflito Israel-Hamas. O mercado chegou a acreditar que pudesse vencer esse recorde. Porém, em novembro, a cotação recuou e se manteve em torno de US$ 80, como mostra o gráfico abaixo.
No entanto, nesta quinta (30), a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) chegou a um acordo preliminar de um possível corte da produção de petróleo, de até um milhão de barris, o que levou à alta da commodity no pregão de hoje.
Segundo João Piccioni, head da Empiricus Gestão, o movimento teria a ver com a falta de demanda pelo produto no curto prazo. Como exemplo desse cenário, ele cita a queda nos preços dos combustíveis, como gasolina, nos Estados Unidos e o fato de o estoque de petróleo do país estar se avolumando.
“Há uns 20 dias, um hub de petróleo ‘segurou’ o próprio estoque e o preço da commodity pra daqui 3 meses ficou mais caro. Isso significa que não se quer produzir com petróleo agora e que se topa pagar para ‘guardar’. Quando isso acontece, é um sinal claro de desaceleração da economia, de que não haveria consumo suficiente no momento. A Arábia Saudita, como um dos principais produtores, viu isso e anunciou o possível corte”, explica.
Nesse cenário, ainda vale a pena investir em petróleo?
“Por meio de ações do setor petrolífero, eu acho que sim“, responde Piccioni. “Primeiro, porque elas estão muito baratas. Segundo porque, a não ser que a gente tenha uma ruptura muito brutal na economia, o [preço do] petróleo não consegue vir muito mais para baixo do que está. O mínimo é US$ 60, US$ 65. Essas empresas são rentáveis, pagam um baita dividendo e fazem recompra de ações – especialmente lá fora”.
A única recomendação do analista é evitar investir diretamente na commodity pensando em longo prazo. “Se você não for um exímio trader de commodity, que consiga operar nas duas pontas (comprado e vendido), eu acho melhor ficar de fora desse mercado”.
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