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Aliansce Sonae e BrMalls (ALSO3): em meio à fusão, números vêm ‘poluídos’ por linhas não recorrentes; veja a recomendação da Empiricus

Efeitos não recorrentes dificultam leitura do trimestre, mas performance operacional de ALSO3 segue sólida

Por Caio Araújo

24 mar 2023, 10:42 - atualizado em 24 mar 2023, 10:43

Shopping Center also3
Imagem: Pexels

Nesta quinta-feira (23), a Aliansce Sonae (ALSO3) divulgou seus resultados operacionais referentes ao 4T22. Os números da BrMalls, recém adquirida, foram publicados separadamente. 

Em suma, diante de todo o contexto de consolidação dos portfólios, os números vieram “poluídos” por algumas linhas não recorrentes, prejudicando a comparação anual dos resultados. 

O NOI (Net Operating Income) das duas companhias registrou crescimento de dois dígitos na comparação com o 4T21 (+19,5% para BrMalls e 12,5% para Aliansce), apoiado pelo bom volume de vendas dos lojistas, que apresentaram Same Store Sales (SSS) de aproximadamente 9% no intervalo. Inclusive, a empresa já adiantou que as vendas de janeiro e fevereiro permanecem sólidas, com crescimento de SSS de 15,7%.

Em ambos os portfólios, enxergamos uma alta taxa de ocupação de 97%, acompanhado de indicadores saudáveis de inadimplência líquida (negativa das duas empresas) e custo de ocupação (em torno de 10,5%).

Despesas crescem no 4T

Dando sequência a demonstração de resultados, a linha de Despesas Gerais e Administrativas (G&A) cresceu 55% na Aliansce e 59% na BrMalls, impactada por efeitos da combinação dos negócios, incluindo um aumento pontual nos custos em função da reestruturação do quadro de colaboradores realizada em dezembro.

Deste modo, o ebitda da Aliansce sofreu queda de 3,8% na comparação anual, com recuo de margem para 73,7%.

No resultado financeiro, a BrMalls registrou perda de R$ 181,2 milhões (+48,6% vs 4T21), influenciado pela marcação a mercado das cotas de fundos imobiliários detidas após a alienação de ativos e pelo efeito do pré-pagamento de dívidas. Na Aliansce, o resultado foi controlado (-R$ 60,6 milhões), tendo em vista o aumento do saldo médio de caixa.

Por fim, o FFO (Funds From Operations) da Aliansce foi de R$ 187 milhões, crescimento de 3,2% na comparação anual. Ao combinarmos os resultados das duas marcas, essa linha alcançou R$ 1 bilhão no acumulado de 2022.

O endividamento, que era um ponto de atenção no início da transação, se mostrou controlado após a alienação de diversos empreendimentos ao longo do ano, encerrando o 4T22 na casa de 1,3 vezes ebitda (dados combinados).

A companhia também atualizou suas projeções envolvendo as sinergias esperadas na combinação dos negócios, com estimativa de captura de R$ 180 a R$ 210 milhões anuais até o final de 2028, apresentando um leve recuo em relação ao guidance inicial – desde o princípio, temos postura cética em relação a essas projeções.

Vale mencionar que, somente em 2022, foram gastos mais de R$ 220 milhões em despesas em decorrência do processo de aquisição, incluindo gastos com honorários de assessores financeiros, legais e consultorias.

ALSO3 não está entre as recomendações da Empiricus Research 

Conforme adiantado na introdução, os resultados da companhia foram negativamente impactados por efeitos não recorrentes, dificultando a leitura do trimestre.

De modo geral, a performance operacional segue sólida, acompanhando o bom momento do setor de shoppings centers.

Apesar de negociar a um múltiplo Preço/FFO de 9 vezes para 2023, as ações de ALSO3 não estão entre as recomendações da Empiricus – diante do contexto econômico e perfil de portfólio, nossa preferência se concentra no papel de Iguatemi (IGTI11) (P/FFO 2023 de 11x).

Sobre o autor

Caio Araújo

Administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) e profissional da Empiricus Research desde 2016. Com certificação CNPI, é o analista de Real Estate e responsável pela série Renda Imobiliária, que atua no mercado de fundos de investimento imobiliários.