Os principais índices das bolsas americanas – S&P500, Nasdaq e Dow Jones, esboçavam reação positiva na manhã nesta terça-feira (10/05) após três fortes quedas. Para Felipe Miranda, CEO e estrategista-chefe da Empiricus, apenas um movimento temporário de ‘caça às barganhas’, pois a situação para ativos de risco ainda será desafiadora dada a preocupação com a inflação e a dinâmica de alta dos juros na maior economia do mundo. O que domina é a cautela.
“No curto prazo, ainda haverá intensa volatilidade e ajustes nas bolsas americanas”, disse o analista em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal de comunicação com assinantes da casa.
Ele fez um alerta: “Eu não adicionaria posições em bolsas americanas nesse momento, pelo contrário”. Há cinco dias, ele decidiu fazer um short (posição vendida) no S&P 500. A operação foi feita via IVVB11, um ETF que reflete a performance do índice. Esse short equivale a uma fatia de 10% do portfólio.
Já na China, as sinalizações de novos lockdowns tem provocado quedas nos preços das commodities. Felipe comenta que as medidas de isolamento social e bloqueios das atividades para conter a Covid-19 expõem, de certa forma, a fragilidade da demanda chinesa por matérias-primas.
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A Mitre (MTRE3), incorporadora com foco em imóveis residenciais de alto padrão, apresentou desempenho positivo em seu balanço do 1T22, acima das expectativas do mercado, segundo o analista.
A companhia reportou lucro líquido recorrente de R$ 17,3 milhões nos primeiros três meses do ano, um aumento de 50,7% na comparação com o 1T21. Esse lucro foi calculado com a subtração da operação de swap que a Mitre tem – com posição ativa nas suas ações e, passiva, em CDI.
“O resultado foi bom e a companhia conseguiu controlar despesas”, diz Felipe Miranda. A margem bruta ajustada foi de 35,9% no 1T22, um aumento de 2,7 pontos percentuais em relação ao 1T21.
De acordo com ele, conforme diversas obras em andamento sejam concluídas nos próximos trimestres, a empresa deverá ter aceleração nas suas receitas e uma evolução operacional.
“A ação deveria responder favoravelmente, mas é claro que tem um cenário macro desafiador”, pondera. Nesse momento de turbulência no mercado, MTRE3 que tem menos liquidez na Bolsa, acaba sofrendo em função da onda de resgates dos fundos.
Contudo, para quem tem visão de médio e longo prazo, Felipe Miranda diz que Mitre tem boa gestão e segue descontada. “Mitre está negociando na Bolsa a níveis dos preços dos terrenos ou 3,5 vezes lucro para o ano que vem. Está muito barata”, afirma.
Em seu grupo no Telegram ele comentou sobre recentes recompras de ações que foram anunciadas pela Cosan (CSAN3) e Banco Pan (BPAN4), o que demonstram o quanto estão baratas.
Em seu plano, a Cosan deverá recomprar até 110 milhões de ações, até 9,39% do total em circulação.
Na visão de Felipe surpreendem as recentes quedas acentuadas de CSAN3 na bolsa, uma vez que a empresa tem alto potencial. Para ele, isso pode ser explicado pelo fato de os fundos terem que honrar os resgates dos cotistas em momento de aversão ao risco, o que também afeta empresas de papéis de qualidade. Por outro lado, o mercado pode ter sido influenciado pelo resultado de Raízen no primeiro trimestre, que não foi muito bom.
“Cosan atua com distribuição de combustíveis, de gás e tem uma ferrovia, portanto é uma companhia diversificada e defensiva, não deveria ter caído o que caiu na Bolsa. Agora, veio a recompra, achei boa sinalização”, ressalta.
Por sua vez, o Banco Pan irá adquirir até 40 milhões de ações, o equivalente a 3,06% dos papéis em circulação. Com ‘disclaimer de conflito de interesse’, Felipe Miranda avalia que o mercado bateu demais em BPAN4 após a divulgação do resultado do 1T22. “Não precisava ter batido tanto assim, o resultado não foi ruim, mas também não foi espetacular, porém devido ao quadro sistêmico, já se esperava aumento da inadimplência e das provisões”, conclui.