Investimentos

Alphabet (GOGL34): holding controladora do Google divulga bons resultados no 3T23, mas não o suficiente para animar os investidores

Alphabet reportou lucro líquido de US$19,6 bilhões, alta de 46,2% na comparação anual; veja os detalhes do resultado do 3T23

Por Enzo Pacheco, CFA

25 out 2023, 09:48 - atualizado em 25 out 2023, 09:48

Sede do google alphabet gogl34 googl
Imagem: Divulgação

Após o encerramento do pregão regular de ontem (24), a Alphabet (B3: GOGL34 | Nasdaq: GOOGL) — holding controladora do Google — divulgou os seus balanços do terceiro trimestre de 2023 (3T23). Os números vieram acima das projeções dos analistas.

No período, a companhia reportou vendas de US$76,693 bilhões, valor 11% maior em relação ao mesmo trimestre de 2022.

Alphabet no 3T23: veja o desempenho por segmento

A linha de advertising (seu principal negócio) reportou vendas de US$59,647 bilhões (+9,5% vs. 3T22), impulsionado pelo crescimento de 11,3% da sua ferramenta de busca homônima. Outra parte importante para o crescimento da companhia, a receita de ads do YouTube totalizou US$7,952 bilhões, aumento de 12,5% na comparação anual.

Quando somado a receita principalmente de outros produtos da família Google — que consiste principalmente das assinaturas do YouTube Premium e YouTube TV (US$8,339 bilhões, +20,9% vs. 3T22) — essa linha de negócio teve vendas de US$67,986 bilhões, crescimento de 10,8% ante o ano passado.

Já a parte do Google Cloud foi o destaque de crescimento no período (+22,4% vs. 3T22), totalizando vendas de US$8,411 bilhões no trimestre.

O lucro operacional da companhia foi de US$21,343 bilhões (ante US$17,135 bilhões), o equivalente a uma margem de 28% e 3 pontos percentuais acima do reportado no terceiro trimestre de 2022. 

Importante notar que pelo terceiro trimestre seguido o Google Cloud ajudou no resultado operacional, tendo apresentado um lucro de suas operações de US$266 milhões (comparado com um prejuízo de US$440 no 3T22). 

Contudo, o principal vetor de lucratividade segue sendo a linha de Google Services, com um lucro operacional de US$23,397 bilhões (+26,7% vs. 3T22).

Na linha final de resultado, o lucro líquido foi de US$19,689 bilhões, ou US$1,55 por ação, aumento de 46,2% na comparação anual. 

Lucro líquido foi impactado por questões importantes no trimestre

Relevante salientar que esse número foi impactado por algumas questões importantes no trimestre.

Diferentemente do ano passado, quando teve outras despesas que totalizaram quase US$1 bilhão — por conta de perdas em investimentos tanto em instrumentos de dívida quanto de equity, que juntos somaram quase US$1,4 bilhão — essa linha do resultado ficou quase no zero a zero (prejuízo de US$146 milhões) por conta dos juros recebidos pela grande quantia de recursos em caixa que mais do que compensaram a marcação a mercado desses investimentos.

Além disso, a reclassificação contábil da vida útil de alguns de seus ativos também geraram benefícios da ordem de quase US$800 milhões no trimestre.

Por fim, mas não menos importante, a recompra de ações realizada pela companhia reduziu o número de ações em mais de 3% na comparação anual.

Ações da Alphabet caem depois da divulgação dos resultados

Assim como boa parte das outras Big Techs, o fator geração de caixa acaba sendo um ponto importante para que os investidores continuem apostando nessas empresas: no trimestre, o fluxo gerado pela atividades operacionais totalizou US$30,656 bilhões, valor 31,3% maior ante o 3T22.

E quando descontado os investimentos em capital, o valor ainda impressiona, totalizando US$22,601 bilhões (+40,5% vs. 3T22).

Apesar dos bons resultados, os investidores parecem ter focado suas atenções para a receita do Google Cloud levemente abaixo das estimativas do mercado, fazendo com que as ações caíssem mais de 6% no pregão noturno.

Mas ficaremos de olho se essa queda não abriria uma oportunidade de investimento na empresa. Ainda que hoje as ações da Alphabet (B3: GOGL34 | Nasdaq: GOOGL) não estejam em nenhuma das séries internacionais da Empiricus, movimentos significativos nas ações de empresas desse porte não passam despercebidas por muito tempo.

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.