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Alta volatilidade no mercado à véspera da Super Quarta e diante de incertezas na China; desafios da Localiza (RENT3) e paciência com Lojas Quero-Quero (LJQQ3), confira o que move o mercado

Felipe Miranda, CEO e estrategista-chefe da Empiricus, analisa os principais assuntos e notícias do dia em seu canal Ideias Antifrágeis no Telegram

Por Daniela Rocha

03 maio 2022, 10:52 - atualizado em 03 maio 2022, 10:58

A turbulência persiste no mercado nesta terça-feira (03/05) por conta das expectativas em relação à dimensão da alta de juros nos Estados Unidos e diante dos lockdowns e incertezas na China. 

O rendimento (yield) dos treasuries de 10 anos, os titulos do Tesouro americano, seguem perto de 3% ao ano e os títulos públicos da Alemanha já estão acima de 1% ao ano. 

Na China, os desdobramentos dos lockdowns para combater a Covid-19 em localidades relevantes para o comércio exterior continuam preocupando. A agência Fitch chegou a reduzir a previsão de crescimento do PIB em 2022 para 4,5%. Ainda no cenário chinês, rumores sobre eventual prisão de Jack Ma, fundador da Alibaba – na verdade um mal entendido que veio a ser esclarecido causou forte impacto negativo nas ações da companhia, que depois passaram a se recuperar.

“Esses são os dois vetores que vem  causando volatilidade no mercado”, disse Felipe Miranda, CEO e estrategista-chefe da Empiricus, em seu grupo no Telegram Ideias Antifrágeis , canal direto que mantém com os assinantes da casa. 

Super Quarta: grande expectativa em relação à sinalização de Jerome Powell

Hoje é véspera da Super Quarta, quando o Fed, autoridade monetária americana, e o Banco Central brasileiro, definem as taxas de juros. 

Nos Estados Unidos para essa reunião, parece que uma alta de 0,50 ponto está na mesa.

Os agentes de mercado estão ansiosos em relação à sinalização que Jerome Powell, presidente do Fed, vai dar. Afinal, o que está em jogo é a trajetória dos juros na maior economia do mundo. 

“A reunião começa hoje e a decisão vem amanhã. Há grande expectativa sobre o discurso, sobre os futuros aumentos nos juros americanos. Se Jerome Powell vier a validar um aumento de 75 pontos-base com alguma contundência, isso poderá gerar estresse adicional, já se ele se flertar com a possibilidade de 50 pontos-base, seria uma alta moderada diante das expectativas”, afirma Felipe. 

Resultados corporativos no Brasil 

Em seu grupo no Telegram, o analista comentou sobre alguns resultados corporativos no 1T22. 

A Localiza (RENT3) reportou lucro líquido de R$ 517,4 milhões de janeiro a março deste ano, uma alta de 7,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. “A companhia tem uma operação redonda, o problema é a elasticidade importante no PIB e esse preço elevado da gasolina. Fica difícil rodar com carro alugado”, avalia Felipe Miranda. Segundo ele, é um case que a casa gosta, porém estão claros os desafios que a companhia enfrenta no curto prazo. 

Ele também comenta sobre o desempenho das Lojas Quero-Quero (LJQQ3), do segmento de materiais de construção, móveis e eletrodomésticos. A receita da companhia continuou subindo, chegando a R$ 540, 2 milhões no 1T22, um avanço de 11,7% em relação a 1T21, contudo, as margens foram pressionadas pela elevação dos custos no período. 

“A deterioração de margens pegaram na companhia. O Ebitda caiu 22% e houve prejuízo de R$ 10,3 milhões. Não foi um bom trimestre, mas isso estava dentro das expectativas”, avalia. 

De acordo com ele, a companhia está apostando em novas lojas, crescendo em vendas e segue investindo no “figital”, em sua estratégia de combinação entre o varejo físico e o digital – que somente em março representou 17% das vendas – e em centros de distribuição. 

Felipe Miranda diz que espera melhoria na performance operacional da companhia a partir do segundo semestre. 

“Não acho que o mercado deve reagir positivamente ao resultado das Lojas Quero-Quero no primeiro trimestre, mas a longo prazo a companhia tende a ir bem e acho que as ações estão muito baratas aos níveis atuais. Esse é um dos cases que se você tiver paciência e atravessar a tempestade de curto prazo, pode multiplicar o capital em período dilatado”, conclui. 

 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.