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Altas nos juros: Copom dá sinais ambíguos e Fed mostra rigidez, segundo Felipe Miranda

O mercado segue digerindo as decisões: CIO e estrategista-chefe da Empiricus comenta os comunicados das autoridades de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos

Por Daniela Rocha

17 mar 2022, 11:00 - atualizado em 16 maio 2022, 20:08

O mercado está digerindo os comunicados das autoridades monetárias do Brasil e Estados Unidos que foram emitidos na Super-Quarta. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 11,75% ao ano.

E o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed (banco central americano), anunciou a primeira elevação de juros nos Estados Unidos desde 2018 – um aumento e 0,25 ponto, para a faixa entre 0,25% e 0,50% ao ano. 

Felipe Miranda, CIO da Empiricus, vê ambiguidade na mensagem do Copom. O comitê elevou a taxa em um ponto percentual e contratou, no comunicado, mais um ponto para a próxima reunião, demonstrando uma postura hawkish, mais firme, em prol ao aperto. Ao mesmo tempo, segundo Felipe, o Copom reconheceu que o momento exige serenidade e que colocará a inflação na meta em 2023, se houver alguma correção no preço do petróleo, sinalizando com isso, de certo modo, o fim de ciclo de alta – uma Selic terminal possivelmente abaixo de 13,75%, que é o nível de hoje da curva projetada.

“Portanto, são sinais ambíguos do Copom. De um lado, uma postura dura e, de outro, ele abre espaço para uma leitura mais branda. A gente vai depender da evolução do cenário. Se a gente ficar estritamente na leitura projetada da Selic terminal pela curva de juros, deveria haver um ajuste para baixo. Por outro lado, quando o Copom crava mais um ponto, mantém a porta aberta para coisas mais altas”, explicou nesta quinta-feira (17/03) em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, um canal de informações quentes de mercado e análises disponível aos assinantes da Empiricus. 

Segundo ele, o fim de ciclo tende a ser no patamar de 13% ao ano com base no que dizem os agentes de mercado. 

Fed mais rígido

Para Felipe Miranda, o Fed, em seu comunicado, mostrou uma linha mais rígida – hawkish, ao “cravar” sete altas nos juros em 2022, enquanto o mercado esperava um número menor de ajustes ao longo do ano . 

Ontem, logo após o anúncio, os mercados reagiram mal, mas depois houve uma moderada tranquilização com a coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, afastando a possibilidade de um processo de recessão nos Estados Unidos. “Ele falou sobre a robustez da economia americana e a sua capacidade de transitar mesmo com a alta de juros”, disse o analista. 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.