A Alupar (ALUP11) realizou seu Investor Day, mostrando algumas avenidas de crescimento alternativas aos leilões no Brasil, que seguem bastante competitivos.
A companhia segue de olho em M&As acretivos, como a compra de participações minoritárias, especialmente da Taesa em alguns ativos que as duas possuem controle compartilhado, além de outras oportunidades que possam surgir.
No entanto, ficou bastante claro no evento que a América Latina passará a ter um foco importante na expansão daqui para frente. Estamos falando mais especificamente de Colômbia, Chile e Peru, países onde a gestão diz se sentir confortável para investir, dado o ambiente regulatório sólido, relativamente parecido com o do Brasil.
Vale lembrar que a companhia também já opera ou operou nesses países, o que nos deixa mais confortáveis com a estratégia.
Nos últimos meses, a Alupar venceu três leilões nesses países, com lotes pequenos para os seus padrões, com Capex de aproximadamente US$ 40 milhões. No entanto, vale a pena mencionar que a relação RAP/Capex tem ficado acima de 12%, níveis bem melhores do que o dígito único que temos visto nos leilões no Brasil nos últimos anos.
Há outra característica importante nesses países, que se assemelham ao Brasil também. Os locais mais propícios para construção de usinas renováveis estão longe dos centros consumidores, o que necessariamente implica em longas linhas de transmissão. Destaque para o Chile, que tem uma matriz de geração de energia muito dependente de carvão, com amplo espaço para implantação de usinas renováveis ainda.
No total, a companhia mapeou cerca de US$ 2,3 bilhões em oportunidades de investimentos em 2024 nos três países.
Cenário no Brasil deve continuar desafiador
Enquanto isso, o cenário no Brasil deve continuar um pouco mais desafiador, não apenas por conta do apetite nos leilões, mas também porque os preços de energia seguem muito baixos, atrapalhando o segmento de geração.
Para a gestão, a conjunção de fatores que temos comentado (muita chuva, excesso de incentivos, baixo crescimento) contribuíram para jogar os preços para baixo, mas isso deveria se normalizar, à medida que esses mesmos preços baixos desincentivam novos projetos de geração. Além disso, há a possibilidade de que a abertura do mercado livre de energia para empresas menores e para o varejo ajudem a reequilibrar a balança de oferta vs demanda.
Quando perguntada sobre qual seria a estratégia para os dividendos, a gestão foi bastante enfática: o objetivo é remunerar os acionistas, mas nunca parar de crescer.
Isso ficou claro no último leilão, no qual a Alupar em consórcio com a Perfin venceu o Lote 2, com um Capex estimado pela Aneel de R$ 2,6 bilhões.
À primeira vista, o deságio desagradou o mercado, que não costuma ver tanta agressividade da companhia.
Mas logo em seguida ela esclareceu que deve conseguir uma economia de pelo menos -20% nos investimentos, além de entregar o projeto dois anos antes do previsto, o que elevaria a relação RAP/Capex para 12% e também aumentaria a TIR para mais ou menos o mesmo patamar.
ALUP11 segue como recomendação da Empiricus Research
O Investor Day e o último leilão nos dão sinais de que a Alupar realmente não deve abrir mão do crescimento, o que obviamente impacta um pouco a distribuição de dividendos.
Por outro lado, esse crescimento tem sido feito de maneira bastante disciplinada, sempre com foco em retornos de dois dígitos nos projetos.
Entre empresas que distribuem uma penca de dividendos e abrem mão de resultados sustentáveis lá na frente, e empresas que buscam remunerar adequadamente seus acionistas sem esquecer de pensar no futuro, sempre vamos preferir a segunda classe.
A Alupar (ALUP11) hoje nos parece trazer um equilíbrio interessante entre resultados muito estáveis, proteção contra a inflação, dividendos atrativos e capacidade de crescimento sustentável. Por isso, ela segue recomendada pela Empiricus Research.
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