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Alupar (ALUP11) tem bom 4T22 e anuncia R$ 422 milhões em dividendos, mas o melhor ainda está por vir; entenda

Com potencial desalavancagem e novos projetos gerando recursos, Alupar deve distribuir ainda mais dividendos no futuro

Por Richard Carboni Camargo

03 mar 2023, 11:00 - atualizado em 03 mar 2023, 11:00

ALUP11 dividendos
Imagem: Getty Images

Ontem à noite (03), a Alupar (ALUP11) divulgou seus resultados referentes ao 4T22, sem grandes novidades e levemente acima do esperado.

A receita líquida regulatória registrada no 4T22 foi de R$ 759 milhões, um crescimento de 11,8% em relação a 2021, em que R$ 606 milhões foram provenientes da transmissão de energia (+23,2% vs 2021).

No gráfico abaixo, podemos observar a clara evolução da companhia nos últimos dez anos, fruto principalmente de sua experiência na identificação, desenvolvimento e execução de projetos de infraestrutura relacionados ao setor energético, contribuindo para que a companhia seja diligente em leilões menos atrativos e atue de forma mais enfática naqueles que oferecem um nível atrativo de retorno.

Ebitda anual e margem Ebitda da Alupar nos últimos 10 anos | Elaboração: Empiricus | Fonte: Koyfin

Em relação ao Ebitda, a Alupar encerrou o 4T22 com R$ 617 milhões (+4% vs 2021) e com uma boa margem Ebitda de 78%.

Lucro líquido cresce 11% na comparação anual

Na última linha do balanço, a companhia registrou um lucro líquido regulatório de R$ 159 milhões (+11% vs 2022), aumentando o montante que pode ser distribuído aos acionistas em forma de proventos.

Os dois fatores que mais contribuíram para o crescimento do lucro foram a menor alíquota de imposto de renda e uma melhora marginal no resultado financeiro.

Em termos de endividamento, a empresa possui uma alavancagem financeira controlada para o setor, de 3,6 vezes dívida líquida/Ebitda. Esse indicador vem caindo desde 2020. Ainda, a projeção para este ano é que a alavancagem continue reduzindo, dado que importantes projetos entraram em operação no 4T21 e nos primeiros meses de 2022, reduzindo a necessidade de investimento. Além disso, 35% dos vencimentos ocorrerão apenas após 2027, um cronograma de amortização bastante saudável.

Sobre novos projetos, há alguns meses a Alupar anunciou que enfim chegou a um acordo com todas as partes envolvidas para prosseguir no desenvolvimento da linha de transmissão TNE, que conectará as cidades de Manaus e Boa Vista (essa última, a única capital do país fora do sistema integrado).

Durante anos esse projeto permaneceu parado, devido a embates entre a companhia, regulador e órgãos ambientais como o IBAMA e a Funai. Com o final dessa disputa, volta para o pipeline da companhia um projeto com investimentos estimados em torno de R$ 2,8 bilhões e um RAP (receita anual permitida) de R$ 336 milhões (a valores de 2022).

Devido à demora no início das obras (que devem ser iniciadas no segundo semestre de 2023), a taxa interna de retorno esperada para o projeto está, atualmente, abaixo do que a companhia costuma praticar; o upside neste caso pode vir do processo de arbitragem aberto com regulador, para permitir uma extensão contratual sem novas contrapartidas de investimentos. Neste caso, a taxa interna de retorno seria mais próxima de 13%, em linha com o histórico. 

Com potencial enorme para dividendos, ALUP11 segue como recomendação

Em 2023 e para os próximos anos, com a potencial desalavancagem e novos projetos gerando recursos, a companhia espera que o percentual do lucro líquido distribuído para os acionistas em forma de proventos (payout) continue crescendo

Durante o 4T22, a Alupar anunciou mudanças importantes em sua política de dividendos: a empresa passará a distribuir dividendos trimestrais e manterá um payout mínimo de 50% do lucro líquido.

Junto ao resultado, os dividendos anunciados (R$ 422 milhões) representam um payout de 80% do lucro líquido regulatório, acima do mínimo exigido na nova política de dividendos.

Esse valor equivale a um dividend yield de 5% em 2022.

Há muitos anos somos otimistas com a história de Alupar, acompanhamos a empresa passar por um ciclo intensivo de investimentos e se tornar hoje um player maduro, rentável e com potencial enorme para dividendos nos próximos anos. 

Por todos esses motivos, Alupar (ALUP11) é uma das principais recomendações da série Vacas Leiteiras, portfólio da Empiricus focado em ganho com dividendos.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.