Ontem à noite (03), a Alupar (ALUP11) divulgou seus resultados referentes ao 4T22, sem grandes novidades e levemente acima do esperado.
A receita líquida regulatória registrada no 4T22 foi de R$ 759 milhões, um crescimento de 11,8% em relação a 2021, em que R$ 606 milhões foram provenientes da transmissão de energia (+23,2% vs 2021).
No gráfico abaixo, podemos observar a clara evolução da companhia nos últimos dez anos, fruto principalmente de sua experiência na identificação, desenvolvimento e execução de projetos de infraestrutura relacionados ao setor energético, contribuindo para que a companhia seja diligente em leilões menos atrativos e atue de forma mais enfática naqueles que oferecem um nível atrativo de retorno.
Em relação ao Ebitda, a Alupar encerrou o 4T22 com R$ 617 milhões (+4% vs 2021) e com uma boa margem Ebitda de 78%.
Lucro líquido cresce 11% na comparação anual
Na última linha do balanço, a companhia registrou um lucro líquido regulatório de R$ 159 milhões (+11% vs 2022), aumentando o montante que pode ser distribuído aos acionistas em forma de proventos.
Os dois fatores que mais contribuíram para o crescimento do lucro foram a menor alíquota de imposto de renda e uma melhora marginal no resultado financeiro.
Em termos de endividamento, a empresa possui uma alavancagem financeira controlada para o setor, de 3,6 vezes dívida líquida/Ebitda. Esse indicador vem caindo desde 2020. Ainda, a projeção para este ano é que a alavancagem continue reduzindo, dado que importantes projetos entraram em operação no 4T21 e nos primeiros meses de 2022, reduzindo a necessidade de investimento. Além disso, 35% dos vencimentos ocorrerão apenas após 2027, um cronograma de amortização bastante saudável.
Sobre novos projetos, há alguns meses a Alupar anunciou que enfim chegou a um acordo com todas as partes envolvidas para prosseguir no desenvolvimento da linha de transmissão TNE, que conectará as cidades de Manaus e Boa Vista (essa última, a única capital do país fora do sistema integrado).
Durante anos esse projeto permaneceu parado, devido a embates entre a companhia, regulador e órgãos ambientais como o IBAMA e a Funai. Com o final dessa disputa, volta para o pipeline da companhia um projeto com investimentos estimados em torno de R$ 2,8 bilhões e um RAP (receita anual permitida) de R$ 336 milhões (a valores de 2022).
Devido à demora no início das obras (que devem ser iniciadas no segundo semestre de 2023), a taxa interna de retorno esperada para o projeto está, atualmente, abaixo do que a companhia costuma praticar; o upside neste caso pode vir do processo de arbitragem aberto com regulador, para permitir uma extensão contratual sem novas contrapartidas de investimentos. Neste caso, a taxa interna de retorno seria mais próxima de 13%, em linha com o histórico.
Com potencial enorme para dividendos, ALUP11 segue como recomendação
Em 2023 e para os próximos anos, com a potencial desalavancagem e novos projetos gerando recursos, a companhia espera que o percentual do lucro líquido distribuído para os acionistas em forma de proventos (payout) continue crescendo.
Durante o 4T22, a Alupar anunciou mudanças importantes em sua política de dividendos: a empresa passará a distribuir dividendos trimestrais e manterá um payout mínimo de 50% do lucro líquido.
Junto ao resultado, os dividendos anunciados (R$ 422 milhões) representam um payout de 80% do lucro líquido regulatório, acima do mínimo exigido na nova política de dividendos.
Esse valor equivale a um dividend yield de 5% em 2022.
Há muitos anos somos otimistas com a história de Alupar, acompanhamos a empresa passar por um ciclo intensivo de investimentos e se tornar hoje um player maduro, rentável e com potencial enorme para dividendos nos próximos anos.
Por todos esses motivos, Alupar (ALUP11) é uma das principais recomendações da série Vacas Leiteiras, portfólio da Empiricus focado em ganho com dividendos.