Na última quinta-feira (26), foi a vez da Amazon (B3: AMZO34 | Nasdaq: AMZN) apresentar os seus balanços do terceiro trimestre (3T23).
Os resultados vieram melhores do que as estimativas de mercado, com especial destaque para o lucro por ação muito acima do que os analistas projetavam.
No período, as vendas da Loja de Tudo somaram US$143,1 bilhões, valor 13% maior do que o reportado no mesmo período de 2022.
Operações internacionais foram destaque de crescimento
Analisando por segmento, o destaque de crescimento foram as operações internacionais, com aumento de 16% (+11% quando desconsiderado a variação cambial) na receita, que totalizou US$32,1 bilhões.
As operações na América do Norte, principal negócio da companhia, apresentou vendas de US$87,9 bilhões (+11% vs. 3T22), e o Amazon Web Services, US$23,1 bilhões (+12%).
O lucro operacional da companhia no trimestre foi de US$11,2 bilhões, aumento de 348% na comparação anual e o representa uma margem de 7,8%.
Além da redução no nível de despesas — que um ano atrás eram o equivalente a 98% da receita, passando para 92% no trimestre atual —, é relevante demonstrar a importância da AWS para a lucratividade da companhia como um todo.
Apesar de ser menos de 20% da receita da empresa, o lucro operacional de US$7 bilhões (+29,6% vs. 3T22) representa quase dois terços do valor total.
Por outro lado, as operações da América do Norte e Internacional rodam com margens bem mais comprimidas: enquanto a primeira apresentou um lucro operacional de US$4,3 bilhões (ante prejuízo de US$ 400 milhões um ano antes), a segunda ainda reportou prejuízo de US$100 milhões (comparado com perdas de US$ 2,5 bilhões no 3T22).
Amazon tem lucro líquido de US$9,9 bilhões no 3T23
Na linha final dos resultados, o lucro líquido da Amazon totalizou US$9,9 bilhões, ou US$0,94 por ação, crescimento de 235% na comparação anual.
Outro ponto importante reforçar é que essa melhora nos resultados realmente está ancorada na melhoria de suas operações.
Isso pode ser analisado porque, no resultado apresentado um ano atrás, o lucro líquido de US$2,9 bilhões incluía um ganho antes dos impostos de US$1,1 bilhão com a marcação a mercado do investimento da companhia na Rivian — fabricante de veículos elétricos na qual a Amazon investiu em 2019. Já no resultado desse ano, a companhia também reconheceu um ganho contábil nesse investimento, em um montante similar (US$1,2 bilhão).
A ideia implementada pelo fundador Jeff Bezos na sua primeira carta aos acionistas no final da década de 90, de que a companhia focaria na maior geração de caixa em detrimento de uma lucratividade imediata, parece continuar válida nos dias de hoje.
Isso porque o fluxo de caixa operacional nos doze meses encerrados em setembro totalizou US$71,7 bilhões, um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2022. Já o fluxo de caixa livre descontado as necessidades de investimentos e outras obrigações financeiras resultou em uma geração de caixa de US$20,2 bilhões, ante uma queima de caixa de US$21,5 bilhões um ano atrás.
E não parece que essa dinâmica deve ficar para trás tão cedo.
As linhas de negócio mais lucrativas, como serviços de assinaturas (por exemplo, o Prime), vendas de publicidade e a AWS reportaram aumentos (desconsiderando a variação cambial) de 13%, 25% e 12%, respectivamente. Com exceção do AWS, esse ritmo de crescimento está no nível observado nos últimos seis trimestres.
Para o quarto trimestre, a direção estima que a receita da companhia deva ficar no intervalo entre US$160 bilhões e US$167 bilhões, o que representaria um valor de 7% a 12% maior do que o reportado no 4T22. Já o lucro operacional deve ficar entre US$7 bilhões e US$11 bilhões, comparado com US$2,7 bilhões no mesmo período do ano passado.
Comentários do CFO na teleconferência tira ímpeto dos investidores
Apesar da reação inicial positiva nas ações da companhia, que chegaram a subir mais de 3% logo após a divulgação dos resultados, os comentários do CFO Brian Olsavsky de que os clientes continuam cautelosos diante do cenário macroecônomico tirou o ímpeto dos investidores — as ações passaram a operar próximo da estabilidade no after-market.
Mesmo com os bons números divulgados, o valuation esticado nas ações da Amazon (B3: AMZO34 | Nasdaq: AMZN), acima das 54 vezes seus lucros projetados para o ano, ainda me faz ter um pouco de cautela em relação à tese no momento. Caso a ação continue recuando mais dos níveis atuais — além da queda de 17% em relação aos US$144 atingidos em setembro —, olharemos o ativo com mais interesse para nossa carteira internacional.