Você reparou uma coisa?
Steve Jobs era fã incondicional de Bob Dylan e dos Beatles. Um grande apaixonado por música. Tão apaixonado que foi namorar a cantora Joan Baez. Criou o iPod e o iTunes, que revolucionariam a indústria fonográfica.
Jeff Bezos é um aficcionado por livros. Ele mergulha dentro deles e recita trechos de cabeça. As páginas de suas leituras estão sempre grifadas e acompanhadas de garranchos a lápis nas bordas das páginas. Desenvolveu a Amazon e o Kindle, que redefiniriam o conceito de livraria.
Phil Knight amava corridas. Não era um atleta propriamente brilhante, mas mantinha adoração pelo atletismo e compensava a falta de talento, quando comparado a outros ícones virtuosos como Prefontaine, com muito empenho. A relação edípica e apaixonada com Bill Bowerman , seu treinador, certamente teve um papel ai. Fundou a Nike, estabelecendo um novo paradigma para tênis de corrida e roupas esportivas em geral.
Michael Jordan adorava tanto o basquete que fez constar em seu contrato com o Chicago Bulls uma cláusula que o permitia jogar em qualquer quadra de basquete do país. A cláusula explícita de amor ao esporte causava desespero na diretoria do time, preocupada com eventuais lesões e a eventual perda de seu principal talento. Jordan simplesmente chegava em qualquer bate-bola, calçava um par de tênis e entrava para jogar. Fazia isso com frequência mesmo. Se passasse pelo Brasil, era capaz de ir fazer umas bandejas no Ibira fazendo dupla com o Jimmy Hendrix – não o original, claro; o cabeleira black power que fica no parque jogando street ball. O basquete era sua diversão, o que lhe dava identidade.
As coisas são tão curiosas e se ligam de forma tão inesperada que Michael Jordan, um dos maiores contratos da história da Nike e de todo o esporte, virou um dos melhores amigos de Phil Knight, numa relação de admiração recíproca e profundo respeito. Jordan foi um dos primeiros a ligar para o fundador da Nike quando do trágico falecimento de seu filho.
Se você começa no mercado financeiro, os brilhantes profissionais desta seara vão lhe aconselhar a deixar as emoções de lado e focar em questões estritamente racionais. “Você precisa desenvolver planilhas de controle de custos, fazer contas e nunca se deixar apaixonar por um investimento.”
É justamente o contrário!
Você precisa amar a Bolsa. Ok, ok. Sem monogamia. Pode amar o Tesouro Direto também, os títulos de dívida privada, os fundos imobiliários e os derivativos. Como um libertário, sou um grande defensor da orgia entre os investimentos, numa relação grupal sem preconceitos. Direito a casamento triplo, papel passado e tudo mais.
Cabeça só não basta. Se sua alma não estiver envolvida com aquilo, você não terá a menor chance. É a obstinação, a neurose obsessiva que vai fazê-lo dedicar-se um minuto a mais, estudar mais do que os outros, manter-se fiel a um investimento quando todos os outros estão pulando do barco antecipadamente, numa demonstração da teimosia saudável que só os doentes apaixonados podem manter.
Encontre um propósito naquilo. Vai aliviar a tensão. Não pode ser o dinheiro pelo dinheiro. Tem de haver paixão. Os grandes investidores são empurrados por isso, um bicho dentre deles que os impele a continuar, mais intenso a cada dia. Ou você acha que o Buffett ainda mantém preocupações com o IPVA? Que o Jorge Paulo está em dificuldade para pagar a escola dos netos? Não há como brigar por retornos acima da média mantendo uma relação afastada, fria e distante dos seus investimentos. O quarto quartil está empenhado em dedicar-se àquilo 24×7. Ninguém ali está pensando em se aposentar. Só pode haver uma relação tão intensa e longeva como essa se houver paixão. Aprenda a amar o que é bom.
Eu mesmo tenho várias paixões. Entre elas não estão as commodities. Petróleo chegou a vir abaixo de US$ 45/barril nesta manhã, mas se recuperou. Na semana, perdeu 10%. Comportamento análogo foi visto nos preços do minério de ferro, que voltaram a cair sob aumento dos estoques nos portos chineses. Desempenho das matérias-primas já havia pesado sobre os ativos brasileiros ontem e pode voltar a fazê-lo hoje.
Clima é de cautela em dia de agenda cheia. Relatório do Emprego nos EUA atrai atenções, pois baliza prognósticos para política monetária norte-americana. Foram criadas 211 mil postos de trabalho, acima do esperado, e a taxa de desemprego caiu para 4,4%. Janet Yellen faz discurso nesta sexta-feira e também é monitorada de perto, sob as mesmas intenções. Documento Baker Hughes, com poços e plataformas de petróleo em atividade nos EUA, ganha atenção especial diante do comportamento recente errático da commodity.
Por aqui, dados da Anfavea são a única referência econômica relevante prevista. Renato Duque depõe ao juiz Sergio Moro, desta vez podendo falar coisas mais interessantes.
Ibovespa Futuro abre em baixa de 0,4 por cento, dólar sobe marginalmente contra o real e juros futuros também sobem, na esteira do desempenho de outros mercados emergentes.
Vale leitura de artigo da Pimco, grande referência global em renda fixa, hoje, colocando Brasil como oportunidade única diante do prognóstico de queda de juros. Estamos prontos para capturar este movimento. E não necessariamente de formas não convencionais. Rodolfo aborda hoje uma oportunidade incrível em seu PRP – fácil de operacionalizar e muito mais rentável do que outras formas supostamente ortodoxas.