Entramos em 2025 enfrentando incertezas significativamente maiores do que aquelas que marcaram o início de 2024. Embora a tensão predominante nos mercados financeiros ainda pareça distante da economia real, é apenas uma questão de tempo até que a combinação de câmbio desvalorizado e juros elevados impacte negativamente o crescimento econômico.
O ano de 2024 será lembrado como um dos mais desafiadores da história recente do Brasil. O futuro imediato do país depende, de forma preocupante, de um único protagonista: um presidente que, no passado, governou com pragmatismo, mas que agora parece refém de uma retórica ideológica vazia, colocando em risco tanto a economia quanto seu próprio legado histórico. A perspectiva de um 2025 mais positivo repousa sobre a capacidade desse mesmo líder de adotar medidas responsáveis e decisivas.
No atual contexto, os ativos brasileiros apresentam preços extremamente descontados, mas o ambiente permanece desafiador. Essa dicotomia não é inédita: em momentos de clareza e estabilidade, os preços refletem a tranquilidade; já em tempos de incerteza, surgem tanto oportunidades quanto riscos de agravamento. O desafio do investidor é discernir entre essas possibilidades.
Se 2024 começou com um otimismo exacerbado, 2025 inicia sob um véu de pessimismo
Há 12 meses, os mercados projetavam cortes substanciais nos juros pelo Federal Reserve, um dólar mais fraco e uma Selic em trajetória descendente, fomentando expectativas de recuperação no Brasil. O Ibovespa reagiu a essa euforia, registrando alta superior a 20% entre novembro e dezembro de 2023.
Contudo, a realidade foi dura.
O Federal Reserve adotou um ritmo mais lento de cortes, a economia norte-americana manteve-se aquecida, e a política econômica de Trump reacendeu preocupações inflacionárias, resultando na valorização dos rendimentos dos Treasuries e na fortaleza do dólar. No Brasil, o cenário foi de decepção: descontrole fiscal, Selic acima de 16%, expectativas de inflação desancoradas, câmbio em alta descontrolada e uma queima alarmante de reservas internacionais pelo Banco Central.
Agora, ao adentrarmos 2025, o pessimismo é quase palpável, em contraste gritante com o otimismo que marcava o início de 2024. Entretanto, há sinais de que estamos próximos do fundo do ciclo econômico e de mercado. Isso não significa, necessariamente, que já atingimos o ponto mais baixo, mas sim que o atual nível de desânimo pode abrir espaço para uma eventual recuperação.
Os ativos brasileiros, avaliados por diversas métricas, estão profundamente descontados. Contudo, a atratividade de seus preços não exclui a possibilidade de novas quedas antes de uma recuperação. O Brasil chegou a esse ponto crítico devido a uma combinação de um cenário global menos favorável e uma gestão fiscal interna desastrosa.
Com desequilíbrios fiscais, inflação elevada, Selic acima de 15% e o dólar se aproximando de R$ 7, o início de 2025 apresenta um dos cenários mais desafiadores em décadas. Nesse contexto, estratégias de investimento que priorizam previsibilidade, qualidade e foco em proventos, destacam-se como opções resilientes e adequadas para enfrentar um ambiente tão incerto e volátil.
Se acreditamos que estamos próximos ao fundo do ciclo, o momento deveria ser de compra, e não de venda. Mantendo posições defensivas e expostas ao dólar, o investidor terá o necessário suporte para atravessar o período de adversidade e, mais importante, aproveitar a virada do ciclo. Ignorar a dinâmica cíclica das economias e dos mercados seria desafiar uma lei natural.
Superciclo de valorização das ações brasileiras?
História nos mostra que pegar um grande ciclo desde o início não resulta em ganhos modestos de 20%, 30% ou mesmo 50%. Ciclos transformadores multiplicam o capital em ordens de 3x, 5x, até 25x, como evidenciam casos reais. E é neste contexto que surge a convicção de que estamos à beira de um novo superciclo de valorização das ações brasileiras. Quando exatamente ele começará é uma incógnita, mas já podemos afirmar que este é o período mais longo na série histórica do Ibovespa dolarizado sem que o índice tenha retomado o último pico.
Diante desse cenário, a matriz de decisão pode ser sintetizada em dois caminhos principais.
- 1. Se as coisas melhorarem: A melhora, em si, será evidente e imediata. Caso a política econômica seja ajustada, e considerando o nível extremamente descontado dos ativos de risco no Brasil, é quase certo que veremos um grande rali já em 2025. Essa é a oportunidade clássica de capturar ganhos expressivos no início de um ciclo de recuperação.
- 2. Se as coisas não melhorarem: Ao longo de 2025, a persistência de um cenário desfavorável deverá resultar na queda da popularidade do presidente e na precificação de uma mudança no ciclo político-econômico para 2026. Este movimento pode ser impulsionado pela combinação de um Congresso conservador, uma guinada à direita na sociedade e a manutenção de um arcabouço fiscal que, apesar de frágil, evita uma explosão da dívida pública em curto prazo. Assim, o Brasil não estará à beira do colapso, como muitos temem, pois grandes crises são construídas ao longo de anos, como foi o caso da recessão de 2015, cuja semente foi plantada em 2006. A antecipação de um novo ciclo político, com foco em responsabilidade fiscal, reformas estruturais, segurança jurídica e produtividade, poderá ser o catalisador de um superciclo de valorização, o qual já foi descrito como “a mãe de todos os ralis” por importantes figuras do mercado financeiro.
Para o presidente, a racionalidade política sugere que, se desejar viabilizar sua reeleição, será necessário um ajuste fiscal, mesmo que isso contrarie sua ideologia. Ele tem, portanto, uma última janela de oportunidade até 2026 para promover mudanças significativas. Caso contrário, o mercado e a opinião pública precificarão um cenário alternativo, que tende a culminar em um rali eleitoral em 2026.
Dessa forma, para o investidor que tem um horizonte temporal estendido, a matriz de resultados se aproxima de um cenário de “ganha-ganha”. Mesmo que 2025 seja marcado por desafios, é provável que se transforme em um dos anos mais estruturantes de nossa história recente — aquele que pavimentará as bases para uma mudança real e efetiva no ciclo político e econômico do Brasil.
Se estivermos certos, o período pós-2026 poderá marcar nove anos consecutivos de valorização dos ativos brasileiros, com dois mandatos comprometidos com a responsabilidade fiscal e a ausência de herdeiros políticos de peso na esquerda para 2030. Um superciclo desse porte terá o potencial de criar enorme geração de riqueza, transformando profundamente o mercado e a vida de muitos investidores atentos a essas oportunidades. Precisamos só atravessar essa ponte.