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Analista comenta alta do Ibovespa na última semana e vislumbra cenário eleitoral; confira

Ibovespa apresenta alta de 7% na última semana; entenda por que o mercado está otimista com as eleições

Por Juan Rey

25 out 2022, 13:05 - atualizado em 26 out 2022, 12:18

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Imagem: Freepik

O principal índice da Bolsa de Valores brasileira, Ibovespa, subiu 7% na última semana e evidenciou uma melhora na perspectiva dos investidores com relação às eleições.  

O rally – como é conhecido o movimento de alta – eleitoral se dá por dois motivos principais, na visão do fundador e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda. 

O primeiro, o rumor cada vez mais forte de que Henrique Meirelles será o Ministro da Economia em um terceiro mandato do ex-presidente Lula, caso o favoritismo nas pesquisas se confirme.

Com a possível indicação de Meirelles, Felipe vê uma queda drástica no “risco eleitoral”. Meirelles é uma figura respeitada pelo mercado e com um nome a zelar, o que travaria qualquer tipo de extravagância econômica de Lula. 

Além disso, o mercado já tinha dado um sinal positivo aos resultados do primeiro turno, em que o Senado e a Câmara, formados majoritariamente por integrantes de centro-direita e direita, impediriam qualquer atitude mais radical do ex-presidente. 

Crescimento de Bolsonaro nas pesquisas empolga investidores

O segundo motivo que explica o rally do Ibovespa é a diminuição da diferença de pontos percentuais entre os dois candidatos, como mostram as pesquisas. 

A última pesquisa divulgada pelo Ipespe nesta terça-feira, 25, com dados coletados entre 22 e 24 de outubro, indicam Lula com 53% dos votos válidos, e Bolsonaro com 47%.

A margem de erro da pesquisa é 3% para mais ou para menos, o que caracteriza um empate técnico entre os presidenciáveis. 

Não é novidade que a preferência de grande parte da Faria Lima é a reeleição de Bolsonaro e a manutenção da agenda de Paulo Guedes. O aumento percentual do atual presidente, portanto, representa uma atribuição de probabilidade maior de vitória a Bolsonaro agora em relação ao primeiro turno, o que agrada a maioria do mercado financeiro. 

“Se vier a confirmação do presidente Bolsonaro, a Bolsa teria muito espaço para subir dado o quanto ela está barata, e as estatais andariam muito bem”, explica Felipe.

Ainda sim, o estrategista-chefe pede cautela com o rally de curto prazo. Para ele, embora a reeleição de Bolsonaro faça a B3 subir, uma vitória apertada de Lula pode gerar um questionamento da urna, hipótese denominada por Luis Stuhlberger como “risco banana republic”. 

O risco de ‘terceiro turno’ – protestos de rua e contestação das eleições – traria mais volatilidade aos ativos do Ibovespa. O episódio de Roberto Jefferson no último domingo (23) e as recentes decisões do TSE têm aumentado a temperatura e podem gerar ruídos por parte dos eleitores mais inflamados no pós-eleições.

Nos EUA, cenário é complicado e Bolsa brasileira pode se beneficiar

Nos Estados Unidos, o principal índice da Bolsa, S&P 500, também mostra um rally nos últimos dias. A alta se deve a uma matéria do Wall Street Journal que indica que o Fed estaria pensando em aumentar os juros do país em 0,75 pontos-base na próxima reunião e depois “esperar para ver”. Para Felipe, a abordagem não condiz com a realidade do cenário global.

“Me parece prematuro. Não há nenhum sinal de arrefecimento da inflação, ao contrário. A inflação no Japão é a mais alta em 8 anos. No Reino Unido, está na casa dos dois dígitos. A questão global é muito preocupante”, afirma.

Não à toa a “segunda fase” do bear market (mercado com tendência geral de baixa) tem corrigido os múltiplos da Bolsa dos EUA, e não deve parar por aí.

Para Felipe Miranda, a provável recessão norte-americana no começo do ano que vem deve exigir prêmio de risco mais alto para a Bolsa, com valuations menos atrativos e lucros menores. 

O prêmio de risco é o cálculo da diferença de rendimento entre um investimento arriscado, como os de renda variável, e um de baixo risco, como a renda fixa. Quanto mais alto o prêmio de risco, menor a chance dos investidores apostarem em ativos de maior volatilidade, como os da Bolsa.

Mesmo em meio a um bear market, o prêmio de risco norte-americano está abaixo da média histórica Dado o cenário, a tendência é que ele cresça significativamente nos próximos meses, ainda mais frente a uma recessão. 

Por isso, o estrategista-chefe indica uma posição short em Bolsa americana como forma de proteção às posições compradas em juro real longo brasileiro e em Bolsa brasileira. 

A crise nas economias desenvolvidas e emergentes, inclusive, podem favorecer o Brasil. Em períodos de crise, há uma migração dos investimentos em growth (empresas de tecnologia com alto potencial de crescimento futuro) para value (empresas que têm fluxo de caixa no presente). Como os países emergentes estão em situação pior que o Brasil, os olhos do mundo poderão se voltar ainda mais para o Ibovespa.

“Olha como está a Rússia. A Índia com problemas, a China também, com o Xi Jinping flertando com uma eventual invasão da Ucrânia e de Taiwan. A complexidade é enorme no mundo. Assim como estamos short em Bolsa americana, poderíamos estar em Europa também. Há uma migração do growth para o value, e o Brasil é um caso de value”, finaliza.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br