Na última sexta-feira (27), as declarações do presidente Lula (PT) de que dificilmente o Brasil cumpriria a meta fiscal de déficit zero para o ano que vem foram mal recebidas pelo mercado.
O Ibovespa, que ensaiava uma leve alta, virou para o negativo depois da fala e encerrou o pregão em baixa de 1,29%.
Nesta segunda-feira (30), as atenções estavam direcionadas à coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A expectativa era que ele apagasse o fogo gerado na sexta.
Depois de se reunir com Lula e com uma hora de atraso, Haddad iniciou a coletiva indicando dois novos nomes para a diretoria do Banco Central – Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira -, sem fazer menção à declaração do presidente.
Questionado pelos jornalistas presentes sobre o assunto, o ministro reforçou o compromisso do ministério com o fiscal, mas se esquivou e não confirmou se a meta seria ou não cumprida.
Assim como aconteceu na semana passada, o Ibovespa saiu do campo positivo para o negativo ao longo da coletiva.
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Mercado já esperava não cumprimento da meta fiscal, afirma analista
Na visão do analista macroeconômico da Empiricus Research, Matheus Spiess, os choques negativos – tanto depois das declarações de Lula quanto depois da coletiva de Haddad – são de curto prazo. “Estruturalmente não muda o jogo”.
Isso porque as falas de Lula não foram surpreendentes. Ainda que nenhum membro do governo tivesse tocado no assunto antes, o mercado financeiro já não esperava que a meta de déficit zero fosse cumprida no ano que vem, afirmou o analista.
A questão, segundo Spiess, era o tamanho do déficit e quais seriam os impactos do trabalho que vinha sendo desenvolvido pelo Ministério da Fazenda sobre o fiscal brasileiro. “O que pareceu é que houve uma desnutrição do ministro Haddad”, afirmou.
Além disso, as declarações foram vistas pelo mercado como “desnecessárias”, completou o analista.
Confira a análise completa de Spiess no Giro do Mercado: