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Apesar da desaceleração no 4T22, Arezzo (ARZZ3) deve continuar entregando resultados resilientes em um cenário macro difícil

Arezzo tem queda no lucro líquido no 4T22, mas “house of brands” e internacionalização são trunfos em termos de crescimento futuro

Por Larissa Quaresma, CFA

10 mar 2023, 14:44 - atualizado em 10 mar 2023, 14:44

Arzz3 - Frente da loja Arezzo. Há vários calçados em exposição, sobretudo femininos
Imagem: Divulgação

Ontem (9), após o fechamento do mercado, a Arezzo &Co (ARZZ3) divulgou seu resultado do 4T22. Apesar do crescimento ainda consistente frente a 2021, a tendência de desaceleração se reforçou no trimestre, conforme esperávamos. 

A receita bruta atingiu R$ 1,6 bilhão, crescimento de 20% na comparação anual e em linha com as nossas projeções. Os destaques por marca ficaram com AR&CO (+31%), Anacapri (+23%) e a linha “Outros” (+45%), que contempla marcas como Vans, Alexandre Birman e Carol Bassi.

Analisando por canal, as lojas físicas (franquias) entregaram um fraco desempenho de vendas brutas, crescendo apenas 1% na comparação anual. Ao olharmos as vendas das mesmas lojas, a queda de 2,2% na comparação anual é um indicador de desaceleração frente ao último ano — que registrou um forte resultado.

Por outro lado, a performance do web commerce surpreendeu (+27% vs 4T21), compensando a desaceleração do canal físico no período. 

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Por mais um trimestre, a Arezzo &Co manteve a margem bruta em patamar elevado, alcançando 53,8%, estável em relação ao mesmo período em 2021 e em linha com nossas projeções. A rentabilidade foi beneficiada pelo crescimento da participação dos canais com venda direta ao consumidor no mix de vendas e por mais vendas a preço cheio, mas parcialmente prejudicada por um maior promocionamento nos canais digitais. 

As despesas operacionais totalizaram R$ 566 milhões, representando 43,6% da receita líquida, alta de 3,7 pontos percentuais na comparação anual. O crescimento é decorrente de maiores investimentos em marketing, remuneração para executivos, custos logísticos e abertura de lojas próprias no ano (+31). 

Assim, a companhia entregou um EBITDA ajustado de R$ 197 milhões, crescimento anual de 3%, e margem Ebitda de 15% (-2,4 p.p vs 4T21). O número veio próximo das nossas projeções, uma vez que a manutenção da margem bruta e continuidade no crescimento das despesas operacionais eram esperadas. 

No fim, beneficiado pela boa performance operacional, mas prejudicado pelo aumento das despesas financeiras, o lucro líquido ajustado no período ficou em R$ 103 milhões (-7% vs 4T21). O resultado implica em um retorno sobre o capital investido (ROIC) ajustado de 28%, reflexo de uma alocação de capital eficiente feita pela companhia. 

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Em suma, tivemos uma leitura neutra sobre o resultado, com pontos positivos e negativos que, no final, se compensaram.

O preço das ações, contudo, caem cerca de 10% no pregão de hoje. Acreditamos que essa performance se deve à desaceleração mais forte de vendas nas mesmas lojas e pela queda na margem Ebitda, impactada pelo maior bônus pago aos executivos.

Apesar da tendência de desaceleração nos dois últimos trimestres, nossa visão continua positiva para a Arezzo. A companhia segue construindo uma robusta “house of brands” e se internacionalizando — recentemente, adquiriu a italiana Paris Texas —, e, com sua provada capacidade de impulsionar e rentabilizar marcas, pode surpreender o mercado em termos de crescimento nos próximos trimestres.

Além disso, a capacidade de execução, diversificação geográfica e cliente de alta renda são um prato cheio para mais resultados resilientes frente aos desafios econômicos atuais e prospectivos. 

Ainda, dada a qualidade da companhia, as ações negociam a múltiplos atrativos hoje, em 15 vezes os seus lucros projetados para o ano (50% abaixo da média histórica).

Pelos motivos destacados, a Arezzo (ARZZ3) segue como uma recomendação de compra e top pick da Empiricus Research no varejo de moda.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.