Times
Investimentos

Apesar de superar as expectativas, PIB do 3º trimestre mostra que economia ‘está fragilizada’, aponta analista

PIB cresceu 0,1% no terceiro trimestre, enquanto as projeções apontavam desaceleração de 0,2%

Por Juan Rey

05 dez 2023, 16:46 - atualizado em 05 dez 2023, 16:46

Imagem das iniciais da palavra Produto Interno Bruto sobre a bandeira do Brasil com algumas notas de reiais dados de emprego mercado pib
Reprodução: Shutterstock

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2023 na comparação com o trimestre anterior, informou o IBGE nesta terça-feira (5).

O número superou as expectativas do mercado, que projetava retração de 0,2%. Apesar da alta, a economia está em desaceleração, já que no segundo trimestre o crescimento foi de 1% em relação ao 1T23.

“O dado de hoje, por mais que tenha sido modesto, foi melhor que o esperado e consolida a trajetória para que fechemos o ano com crescimento de 3%”, avaliou o analista econômico da Empiricus, Matheus Spiess.

Queda do agro preocupa?

Os principais impulsionadores do PIB no terceiro trimestre foram os indicadores de consumo das famílias (+1,1%), indústria (+0,6%) e serviços (+0,6%).

Por outro lado, o agro foi o principal detrator do resultado trimestral, com queda de 3,3%. 

No entanto, apesar da desaceleração, o agro está longe de ser destaque negativo no resultado consolidado. Ele ainda é – disparado – o líder dentre todos os setores no acumulado do ano, com crescimento de 18,1%. 

“Ainda temos um agro muito forte, mas houve uma moderação depois daquele primeiro trimestre estupendo. Até aqui a entrega foi muito positiva”, afirmou.

PIB deve desacelerar em 2024

Apesar da sequência de dados favoráveis ao PIB, o analista afirma que a economia brasileira está fragilizada e deve enfrentar desafios no próximo ano. Isso porque, segundo ele, a alta tímida de 0,1% indica que todo o crescimento veio do início de 2023.

“Esse segundo semestre está estagnado, sem crescimento, o que deve ser um grande desafio para a equipe econômica em 2024”.

Spiess explica que há uma maturação dos efeitos pós-pandemia e da política monetária contracionista, que levou a Selic a 13,75% ao ano.

Apesar de existir hoje um ciclo de flexibilização da taxa básica de juro brasileira, a Selic em patamar ainda elevado impacta diretamente a economia real.

“Entramos no ano que vem com a economia real muito mais fraca, o que me deixa mais preocupado. Não sou catastrofista em termos de crescimento econômico, mas, ainda assim, vejo que há natural moderação, tanto por uma maturação da economia real, quanto pelos fenômenos climáticos que podem prejudicar”.

Os modelos econométricos, inclusive, apontam desaceleração do crescimento no ano que vem. 

“Seria natural desacelerar depois de crescer 3%. Ao mesmo tempo, esses mesmos modelos econométricos estão errando consistentemente. Se hoje a gente aponta para um crescimento para 2024 que deve variar entre 1,5% e 2%, seria natural pensar que esses modelos vão errar para baixo. Mas uma conversão à média depois de crescer bastante nos últimos dois anos é mais que esperada”, finalizou o analista.

Confira a entrevista completa do analista no Giro do Mercado:

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br