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Após Cosan (CSAN3) adiar IPO da Moove, o que podemos esperar para o mercado de ações? Três analistas da Empiricus respondem

O cancelamento do IPO da Moove pela Cosan (CSAN3) é um reflexo do clima do mercado, mas não deve alterar a tese sobre a companhia. Entenda.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

14 out 2024, 10:42 - atualizado em 14 out 2024, 12:54

IPO da Moove

Imagem: Divulgação/Moove

Na semana passada a Cosan (CSAN3) anunciou a desistência da oferta pública inicial de ações (IPO) da subsidiária Moove

Segundo o comunicado publicado como fato relevante da Cosan na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a decisão sobre o IPO da Moove aconteceu  “em função das condições adversas de mercado”.

IPO da Moove é adiado por incertezas do cenário nacional

Conforme explica a analista da Empiricus Research Larissa Quaresma, as acionistas da Moove, Cosan e a CVC Capital Partners (empresa europa de Private Equity), decidiram adiar seu IPO pela demanda fraca por parte de fundos long-only internacionais. 

Estes, que ajudam a sustentar o preço da ação após a listagem, tiveram baixa aderência à oferta inicial. 

“Esses investidores não querem aumentar sua exposição ao Brasil e isso se deve à imprevisibilidade do câmbio, que pode influenciar os resultados da Moove”, afirma Quaresma. 

“Segundo fontes envolvidas, o IPO até tinha demanda suficiente para sair, mas com uma base acionária de menor qualidade, o que normalmente deixa os papéis mais voláteis, especialmente em momentos ruins de mercado”, avalia Ruy Hungria, analista da Empiricus Research. 

Cosan deve retomar IPO da Moove? Não por enquanto…

O IPO da Moove, lançado na Bolsa de Valores de Nova York no início deste mês, buscava uma avaliação de até US$ 1,94 bilhão. Após confirmar o cancelamento, a Cosan não informou quando ou se a oferta poderá ser retomada no futuro. 

Na visão de Quaresma, o baixo apetite dos investidores por ações brasileiras é reflexo do ciclo de alta de juros para controlar a inflação pós-pandemia, mas que está se acentuando com a incerteza da política fiscal brasileira.

Hungria completa que, neste momento, a grande vantagem de uma listagem da Moove seria ajudar a precificação das ações da Cosan e reduzir um pouco o desconto de holding. “É muito mais fácil calcular o valor de uma subsidiária quando ela é listada”, explica. 

B3 (B3SA3) registra queda de negociações; ainda vale a pena investir nas ações CSAN3?

Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus Research, também falou ao Morning Call do BTG Pactual sobre o fim do IPO. 

“Em setembro tivemos uma queda de 1,5% no volume de negociações na B3 (B3SA3), mostrando essa piora de liquidez. Contudo, em véspera de tempo de balanços, índices de atividade forte devem impulsionar um trimestre positivo, como vimos no segundo tri deste ano, que andou até meados de setembro”, diz Miranda. 

Além disso, o especialista é otimista com a saúde das empresas que irão entregar seus balanços trimestrais nas próximas semanas. 

Pensando na lógica do investidor, Hungria acrescenta que, para a Cosan, a oferta daria a chance de ela vender cerca de US$ 100 milhões (secundária) em ações da Moove, “o que é irrelevante para a holding, mas abriria a porta a outras possíveis vendas no futuro.” 

“Conhecendo as estratégias de alocação de capital de Rubens Ometto [presidente da Cosan] e sua turma, provavelmente eles esperariam alguns anos e uma bela valorização da Moove na Bolsa de NY para monetizar uma fatia maior”, comenta Hungria.

Ademais, o analista reforça que esta mudança não afeta a tese de investimentos na Cosan, visando capturar ainda bons lucros com o desenvolvimento de outros objetivos da companhia. 

Enquanto o mercado está de olho no desenrolar da Cosan (CSAN3), os analistas da Empiricus Research selecionaram cinco ações para investir agora e buscar dividendos nos próximos meses. Para saber quais, você pode acessar o relatório 100% gratuito disponível neste link.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.