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Após semana agitada nos mercados, sexta-feira (15) tem clima mais sereno e olhos voltados para a China

Os chineses divulgaram dados de novembro sobre o crescimento da produção industrial, vendas no varejo, preços de imóveis e investimento urbano.

Por Matheus Spiess

15 dez 2023, 09:05 - atualizado em 15 dez 2023, 09:13

China PIB mercado
fonte: Unsplash

Bom dia, pessoal. Nesta sexta-feira, após uma série de eventos durante a semana, os investidores começam a encontrar uma atmosfera mais serena.

Ignorando o ruído das pesquisas de sentimento, o calendário de dados proporciona insights sobre a oferta e a demanda globais de bens, com destaque para a China.

Os mercados na Ásia e no Pacífico encerram a semana em alta, absorvendo a continuidade do crescimento em Wall Street, após o Federal Reserve dos EUA manter as taxas e delinear um caminho para cortes em 2024 e além.

Na Europa, o dia se inicia em território positivo, pelo menos até o momento, acompanhado pela alta dos futuros americanos.

Os consumidores que impulsionam a atividade econômica global são os dos EUA e da Europa, sendo que os dados de vendas no varejo nos EUA ontem sugeriram uma narrativa de desinflação, o que é ótimo.

Ao mesmo tempo, os chineses divulgaram dados de novembro sobre o crescimento da produção industrial, vendas no varejo, preços de imóveis e investimento urbano. Notavelmente, registrou em novembro a maior expansão da produção industrial desde fevereiro de 2022, embora o crescimento das vendas no varejo tenha ficado aquém das expectativas. As commodities celebram.

A ver…

· 00:51 — Máxima histórica e a derrubada dos vetos

No cenário brasileiro, o Ibovespa encerrou o pregão de ontem atingindo a máxima histórica, ultrapassando os 130 mil pontos, nível que não era observado desde 2021, quando o mercado doméstico começou a enfrentar correções acentuadas.

Olhando para o futuro, a continuidade deste rali dependerá da estabilidade no cenário internacional, sem surpresas desfavoráveis, e do desempenho eficaz do Congresso, especialmente ao concentrar esforços na agenda econômica nesta fase final do ano.

No dia de hoje, os legisladores estão programados para votar o projeto que aborda as subvenções, uma estratégia-chave da equipe econômica para impulsionar a arrecadação e reduzir o déficit público, além da reforma tributária, visando simplificar o sistema tributário nacional. Contudo, chama a atenção as sucessivas derrotas do governo, com o Congresso rejeitando diversos vetos presidenciais, incluindo o da desoneração da folha de pagamento.

· 01:49 — Segue o fluxo

Nos Estados Unidos, as ações mantiveram sua trajetória ascendente um dia após a significativa mudança de postura do Federal Reserve. O Dow Jones Industrial Average, exemplificando, estabeleceu outro recorde, encerrando pela segunda vez consecutiva em sua máxima histórica. O otimismo surge à medida que o mantra do Fed, de “mais alto por mais tempo”, fica para trás, permitindo aos investidores focarem nos próximos cortes nas taxas ao longo de 2024.

As ações de pequena capitalização foram as maiores beneficiadas pela abordagem mais moderada do Fed. Essas small caps tendem a apresentar desempenho superior à medida que os investidores buscam cortes nas taxas, em parte porque seus balanços mais endividados começam a parecer menos onerosos. Taxas mais baixas também geralmente favorecem ativos de maior risco.

· 02:33 — Mais “hawkish” do que o Fed

No continente europeu, os banqueiros centrais demonstram cautela em seguir a suposta mudança de postura dos EUA em relação aos cortes nas taxas de juro, mesmo com a persistente pressão dos investidores para que adotem em breve uma política monetária mais flexível. Após o tom mais “dovish” apresentado pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira, indicando que as autoridades estão focalizando na redução dos custos dos empréstimos, representantes da Zona do Euro e do Reino Unido afirmaram que um abrandamento adicional da inflação não pode ser considerado certo.

Ao final das últimas reuniões dos três bancos centrais para 2023, observamos um avanço acumulado no ano para a libra e o euro, enquanto o dólar enfrenta perdas. Essa fortaleza monetária seria, sem dúvida, útil para combater a inflação em ambas as economias. Independentemente das especulações presentes nos mercados financeiros, os bancos centrais deixaram claro que a flexibilização não está atualmente em pauta. De certa forma, a postura pioneira da Reserva Federal em sua decisão de quarta-feira abriu espaço para que o Banco de Inglaterra e o Banco Central Europeu adotem um tom mais proativo a partir do próximo ano.

· 03:25 — Esses dados de China

Os dados referentes à produção industrial da China em novembro surpreenderam positivamente, impulsionados pelo setor automotivo, registrando a expansão mais acentuada desde fevereiro do ano anterior. A produção industrial cresceu 6,6% em novembro, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, superando as expectativas de 5,6% e ultrapassando o aumento de 4,6% registrado em outubro. Dado que a China representa aproximadamente 30% da produção global de bens, desempenha um papel crucial no abastecimento mundial, tornando a notícia bem recebida pelos mercados.

Por outro lado, o crescimento das vendas no varejo ficou aquém das previsões. Em novembro, as vendas no varejo aumentaram 10,1% em relação ao ano anterior, marcando o ritmo de crescimento mais acelerado desde maio. Contudo, esse resultado ficou aquém da expectativa de 12,5% do mercado. Este sinaliza que a segunda maior economia do mundo ainda enfrenta uma recuperação irregular. Pelo menos, isso não se revela particularmente relevante para outras economias, uma vez que a China contribui pouco para seu próprio consumo externo.

· 04:17 — Olhando para frente na segunda maior economia do mundo

O Banco Central da China divulgou que realizou uma operação de recompra reversa no valor de 7 bilhões de dólares, além de injetar 200 milhões de dólares em empréstimos de médio prazo, visando manter uma liquidez adequada no sistema bancário. Essas ações são precisamente executadas para evitar uma desaceleração significativa da economia chinesa já no início de 2024. A preocupação é tangível: pela primeira vez desde a década de 1980, os cidadãos chineses temem que a próxima geração não desfrute de uma situação melhor do que a atual.

Simultaneamente, a natureza cada vez mais centralizada, opaca e arbitrária da formulação de políticas na China, somada a políticas desequilibradas, como repressões tecnológicas, confinamentos relacionados à Covid e ataques a empresas estrangeiras, minou a confiança do público na capacidade de Pequim de resolver esses desafios. Manter um crescimento minimamente sustentável e recuperar a notoriedade do passado será um desafio significativo para Xi Jinping.

· 05:08 — Um novo setor diferentão para acompanhar nos próximos anos

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.