Investimentos

Apostando em inovação e com lucros crescentes, Intelbras (INTB3) poderá entregar gordos dividendos adiante

A empresa, que aposta em diversificação de produtos para somar em seu negócio, teve resultado positivo no 1T22; confira o que pensam os analistas da série Vacas Leiteiras

Por Mateus Cerqueira

04 maio 2022, 15:12 - atualizado em 12 maio 2022, 19:36

Imagem de projeção digitalizada de fábrica da Intelbras. É possível ver o logo da companhia acima do edifício

Os resultados positivos da Intelbras (INTB3), especializada em equipamentos e soluções de segurança eletrônica, comunicação e energia solar, demonstram que a companhia está seguindo estratégias que podem gerar bons dividendos no futuro. A companhia reportou lucro líquido de R$ 98,5 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), uma alta de 9,9% na comparação anual. Desde o ano passado, houve uma evolução em seu desempenho. 

Já o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos primeiros três meses do ano atingiu o valor de R$ 104,9 milhões, 2,6% acima do mesmo período de 2021, representando uma margem Ebitda de 12,1% da receita operacional líquida.

Não à toa, a empresa ganhou espaço ao lado da Eneva como uma “bezerra” na carteira Vacas Leiteiras, da Empiricus. A série tem foco em companhias de qualidade, já consolidadas, que podem entregar bons dividendos.

“A entrada da INTB3 na carteira Vacas Leiteiras se deve, sobretudo, ao potencial de valorização de suas ações, que tem capacidade de entregar dividendos polpudos mais para frente”, pontua Rodolfo Amstalden, sócio da Empiricus e analista que lidera a série, em recente relatório aos assinantes.

Inovação, adaptação e M&As como estratégia

Na publicação, ele observa que a capacidade de inovação, adaptação às mudanças e M&As (fusões e aquisições) que complementam os negócios explicam a evolução das receitas da companhia nos últimos dez anos, conforme gráfico abaixo:

Imagem de gráfico que mostra os ganhos em lucro líquido da Intelbras durante onze anos até 2021

No 1T22, a receita operacional líquida foi de R$ 866,1 milhões, uma alta de 24,4% em relação ao mesmo período do ano passado. 

A empresa que começou sua história na década de 80 com o PABX, sistema de telefonia para ligação com outras operadoras e ramais internos, passou a apostar na diversificação de seu negócio. Hoje, já conta com produtos e soluções para a área de monitoramento residencial, comunicação, além de energia solar.

No relatório de resultados divulgado pela Intelbras, nesta segunda-feira (02/05), a diretoria reforça a conclusão da aquisição da Renovigi Energia Solar, fabricante de geradores fotovoltaicos, a qual já entrará no próximo balanço. Com isso, a Intelbras garante maior margem para ganhos futuros e diversificação de seus negócios, uma vez que a Renovigi tem sólida atuação no mercado nacional.

Produtos de fabricação própria e capilaridade

Em seu relatório, Amstalden também chama atenção ao fato de 70% da receita da INTB3 ser proveniente de produtos de fabricação própria, o que ele considera um diferencial no negócio. Outro fator de competitividade é a capilaridade da companhia, isto é, a abrangência no seu mercado de atuação.

Para se ter uma ideia, atualmente, a Intelbras conta com 370 distribuidoras (das quais 85% são exclusivas) espalhadas pelo Brasil e 80 mil revendedores parceiros, o que garantiu presença dos produtos da empresa em 98% dos municípios brasileiros. 

“Mais do que isso: com amplos programas de treinamento, preços competitivos e um pós-venda muito mais confiável e presente do que outros concorrentes se traduz em maior recorrência de vendas”, diz Amstalden. 

Segmentos de maior peso

Quanto aos produtos de maior peso nos lucros, os equipamentos e soluções em segurança despontam como os principais, já que representam 54% da receita da empresa. Clientes são em sua maioria empresas, condomínios e residências.

Imagem de equipamentos de segurança como câmeras, alarmes, sensores de movimento e etc

No 1T22, a companhia também cresceu em vendas no segmento de energia, o qual representou 24% dos lucros, com receita líquida de R$ 206,9 milhões. Esse número é 119,8% maior do que o registrado no primeiro trimestre do ano anterior.

Na visão de Amstalden, ainda que com um market share de 10%, esse é o segmento que carrega maior potencial. “Não somente por conta da pequena participação no mercado que abre espaço para expansão, mas também pelo crescimento que temos visto no mercado de energia solar no Brasil nos últimos anos.”

Já a venda de produtos e soluções em comunicação representou 23% do lucro da Intelbras neste ano, número que ficou abaixo das vendas registradas no 1T21, quando a cifra chegou a 34%. A explicação para o resultado, segundo a companhia, se deve a escassez no abastecimento dos chipsets que afeta toda a demanda global, situação que deve normalizar nos próximos trimestres.

O que observar?

O analista finaliza seu relatório alertando que a companhia possui benefícios fiscais, que hoje correspondem a 9% da receita da Intelbras, os quais podem ser entendidos como um risco ao negócio da companhia. Isso pois, existe a possibilidade de serem interrompidos ou alterados pelos entes públicos – uma eventual externalidade.

 “É claro que esse é um risco para a tese, que precisaremos acompanhar de perto. No entanto, cerca da metade desses benefícios (os provenientes da Zona Franca de Manaus) já foram renovados até 2073”, complementa Rodolfo. 

Contudo, com o trabalho que vem sendo feito de diversificação de portfólio de soluções e produtos, rede de distribuição, o potencial de energia solar, resultado em crescentes receitas e lucros, INTB3 se mostra uma boa alternativa para a carteira. “Os fatores abordados, combinados com um múltiplo de 15 vezes lucros esperados para o ano que vem, fazem da Intelbras a nossa mais nova bezerra.”

Sobre o autor

Mateus Cerqueira

Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo. É integrante da equipe de conteúdo da Empiricus. Teve passagem pela Jornalismo Júnior (ECA-USP) e já atuou como assistente de comunicação na Força Área Brasileira.