A Apple (Nasdaq: AAPL | B3: AAPL34) divulgou na noite desta quinta-feira (27) os resultados referentes ao seu quarto trimestre fiscal (4T22), encerrado em 24 de setembro.
Tivesse o ambiente macro menos nervoso, certamente os resultados da Apple teriam sido vistos como positivos e mereceriam destaque frente às demais large caps da Bolsa americana. Após um pouco de turbulência, as ações se firmaram no campo positivo no after-market e subiam cerca de 1%.
No trimestre encerrado em setembro, por mais uma vez, a receita da gigante de Cupertino bateu recorde e atingiu a marca de US$ 90,1 bilhões. O crescimento frente ao mesmo período do ano passado ficou na casa dos 8%. As linhas de negócio ligadas aos produtos da empresa (iPhone, Mac e acessórios) foram os principais destaques com avanços próximos aos dois dígitos.
Não obstante ao bom desempenho das vendas, a geração de caixa operacional também surpreendeu e alcançou a marca dos US$ 24 bilhões. O capital retornado para os acionistas por meio das recompras de ações e distribuição de dividendos alcançou a marca dos US$ 29 bilhões. O lucro líquido no período foi de US$ 20,7 bilhões e representou um avanço de 4% na comparação anual.
Os comentários feitos na teleconferência, entretanto, sinalizaram cautela. A expectativa é de que as vendas desacelerem no primeiro trimestre fiscal (o último do calendário formal), tradicionalmente o mais forte do ano.
Apesar do recente anúncio do aumento dos preços das linhas de serviços, o controle das expectativas é algo que a companhia tem feito ao longo desses últimos anos, inclusive com a suspensão da divulgação de estimativas para os trimestres seguintes.
Afinal, o que os números de AAPL34 revelam?
Em resumo, a robustez dos números divulgados em meio ao cenário turbulento não dizem muito sobre o valor da empresa no momento. Mas ratificam seu poder de franquia e reforçam suas vantagens competitivas. A capacidade de manter seus usuários dentro do seu guarda-chuva de produtos deve continuar a ser o principal escudo frente à desaceleração da economia global.
Valendo atualmente cerca de US$ 2,3 trilhão, a Apple negocia por 23 vezes seus lucros para os próximos 12 meses. O prêmio frente ao S&P 500 (negocia por 16 vezes os lucros projetados) me parece justo, dado o grau de diferenciação dos seus negócios.
Apesar disso e da manutenção da recomendação de compra para as ações na série Investidor Internacional, o ambiente no curto prazo deve continuar desafiador e a volatilidade dos preços deve dar o tom. A velha e boa paciência para enfrentar o momento será mais que necessária.
Veja a análise completa de João Piccioni: