Investimentos

Arezzo (ARZZ3) se destaca como o ‘play safe’ em meio ao cenário desafiador para o varejo; veja detalhes do 2T23

Enquanto o setor do varejo de moda contraiu 12% no 2T23, a Arezzo (ARZZ3) apresentou números sólidos no período

Por Larissa Quaresma, CFA

14 ago 2023, 08:46 - atualizado em 14 ago 2023, 08:46

Arezzo (ARZZ3) setor de varejo de moda
Imagem: Arezzo

Na quinta-feira (10), após o fechamento do mercado, a Arezzo (ARZZ3) divulgou seu resultado do 2T23, que veio em linha com os nossos números, mas acima das projeções do mercado.

Na ponta positiva, a receita surpreendeu, assim como o controle de despesas. Por outro lado, a operação americana continua pressionando a margem bruta, e o maior custo da dívida pesou sobre a linha final.

No fim, os positivos se sobressaíram, resultando em um EBITDA ajustado de R$ 198 milhões (+22% anualmente), com ganho de 0,3 p.p. em margem, e uma geração de caixa operacional de R$ 77 milhões (+51%).

O crescimento das vendas nas lojas abertas há mais de 1 ano foi de 17% para o canal de franquias, e de 10% para os canais externos, fazendo com que a receita no Brasil fosse de R$ 1,3 bilhão, alta anual de 23%.

Já nos EUA, a receita se expandiu em 9%, para R$ 141 milhões, revertendo a queda mostrada no trimestre anterior, fruto do rápido redirecionamento das vendas para o e-commerce e as lojas próprias, já que as lojas de departamento estavam performando mal.

Dentre as marcas, a AR&CO, que concentra as linhas da Reserva e da BAW, continua sendo o destaque, com um crescimento anual de 32%. Com isso, a receita bruta consolidada cresceu 22%, para R$ 1,4 bilhão.

Em termos de rentabilidade, o ambiente mais promocional no mercado interno, além dos desafios ainda existentes no canal de lojas de departamento nos EUA, fizeram com que a margem bruta se contraísse em 1,1 p.p., para 54,3%. A companhia, entretanto, fez o seu dever de casa, reduzindo o quadro de pessoal corporativo, fechando a fábrica de Veranópolis e descontinuando as marcas MyShoes, Fiever, Bambini e Unbrand, mais focadas na classe B-, fora do círculo de competência da empresa.

Com isso, a margem EBITDA ajustada teve um ganho de 0,3 p.p., para 17,5%, com um EBITDA de R$ 198 milhões (+22%), excluindo os custos não recorrentes dos fechamentos e desligamentos.

Lucro líquido cai 8% no 2T23

Por outro lado, a companhia, que tradicionalmente opera com caixa líquido, captou novos empréstimos ao longo do ano, levando o seu índice de alavancagem, medido pela dívida líquida / EBITDA, para 0,5x. Isso fez com que o custo da dívida pesasse sobre o resultado, levando a uma queda de 3 p.p. na margem líquida, com uma linha final de R$ 114 milhões em termos ajustados (-8%).

Olhando para a geração de caixa, enquanto a empresa segue avançando na racionalização dos estoques, a redução do prazo de pagamento aos fornecedores acabou gerando uma queima de capital de giro.

Mesmo assim, a Arezzo &Co gerou R$ 77 milhões em caixa operacional, alta de 51% na comparação anual. Por fim, a companhia investiu R$ 75 milhões na operação, sendo cerca de metade em reforma de lojas da AR&CO e a outra metade em tecnologia e expansão do centro de distribuição de Cariacica (ES).

ARZZ3: recomendação de compra

Do nosso lado, consideramos o resultado sólido, o que tem um grande valor face à contração de 12% do varejo de moda no 2T23 (dados do IBGE).

Olhando à frente, esperamos que a companhia continue crescendo sua receita perto de 20% nos próximos trimestres, além de melhorar gradualmente sua rentabilidade nos EUA e absorver os ganhos de eficiência gerados no tri.

Por fim, o aumento gradativo do prazo de pagamento aos fornecedores, o que a companhia espera para o 2o semestre, pode trazer força adicional à geração de caixa.

Negociando a 18x nosso lucro estimado para 2023, temos uma recomendação de compra para Arezzo &Co (ARZZ3), presente em diversas carteiras recomendadas da casa.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.