Passada a temporada de resultados do terceiro trimestre (3T22), o analista Fernando Ferrer, da série As Melhores Ações da Bolsa, da Empiricus, elegeu as três ações do portfólio que tiveram os melhores desempenhos no período.
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Confira o ranking:
3 – Localiza (RENT3):
Para Ferrer, quem olha apenas o faturamento da Localiza no terceiro trimestre tem a impressão de que os resultados vieram em linha com o esperado. Mas, segundo ele, os demais números mostram a força da empresa, principalmente quando comparada com as concorrentes.
É importante destacar que este foi o primeiro trimestre em que a Unidas (comprada pela Localiza por R$ 12 bilhões) entrou no resultado da companhia.
A maior locadora do país reportou uma receita líquida da ordem de R$ 6,1 bilhões, número 40% maior quando comparado ao 3T21. Deste valor, R$ 3 bilhões são provenientes da operação de aluguel de veículos (que conta com os segmentos de gestão de frota e aluguel de carro), e R$ 3,1 bilhões vem do mercado de venda de seminovos – número 38% superior na comparação anual.
“A parte de venda é interessante porque mostra que o mercado de seminovos está voltando, ficando mais aquecido e a empresa tem conseguido renovar sua frota de uma forma mais saudável no pós-pandemia”, afirma.
O analista destaca o potencial de crescimento da Localiza. “Mesmo que ela tenha vendido 49 mil veículos, a frota dela cresceu 54 mil veículos no trimestre. Em apenas um trimestre ela consegue refazer toda a frota dela”.
Linha de aluguel de carros e gestão de frota
Um dos pontos de destaque do segmento de aluguel de veículos é que a empresa aumentou em 22% o preço médio da diária, para R$ 108,20. Ao mesmo tempo, a taxa de utilização da frota caiu apenas 1,9%. Para Ferrer, “isso mostra que o consumidor está absorvendo o crescimento de preço”.
Já a gestão de frota, segmento que atua no aluguel de carros com contrato mais longos para empresas, ganhou força por conta da incorporação da Unidas.
“É um segmento em que a Localiza não atuava com tanta força, mas era o principal business da Unidas. Com a compra da Unidas ela ganhou uma relevância importante no segmento, e a gestão de frotas é mais resiliente que o aluguel de carros. A empresa começou a compor seu mix de faturamento melhor”, explica Ferrer.
Graças à incorporação, a receita da linha de gestão de frota cresceu 53%.
Quanto aos demais números do balanço, o EBITDA da companhia totalizou R$ 2,4 bilhões, crescimento de 31% em comparação com o mesmo período do ano anterior, e a margem EBITDA ajustada foi de 75,2%.
O lucro líquido ajustado da Localiza foi de R$ 682 milhões, queda de -28% em comparação com o mesmo trimestre do ano passado. O número sofreu impacto do aumento das despesas financeiras. Já o indicador de endividamento ficou em 2,8 vezes ebitda sobre dívida líquida e o retorno sobre capital investido (ROIC) anualizado do trimestre totalizou 15,7%.
Os números fazem com que a Localiza se mantenha mais atraente que a Movida, única concorrente listada em Bolsa. “Com um balanço mais saudável que a Movida, a Localiza deve continuar se destacando”, analisa Ferrer.
RENT3 fechou o pregão de segunda-feira (5) sendo negociada a R$ 56,33. Para Ferrer, o preço-alvo da ação é R$ 74,00, o que representa um upside de 31,3%.
2 – Raia Drogasil (RADL3)
A rede de farmácias Raia Drogasil é líder de mercado e atua num segmento mais resiliente. Por isso, o forte resultado foi uma surpresa positiva. “Como é um mercado resiliente, não deveria ter grandes saltos no consumo”, explica Ferrer.
Mas não foi o que aconteceu. O resultado veio muito acima do esperado, e a empresa ampliou o guidance de abertura de lojas. A meta, que era abrir 260 novas lojas por ano até 2023, foi ampliada para 2025. “Nos próximos três anos ela vai abrir 260 lojas por ano, e hoje ela já tem uma base de 2.600 lojas. Mesmo sendo líder, a RD de fato segue expandindo bastante”, exalta Ferrer.
A Raia Drogasil apresentou receita de R$ 8 bilhões no trimestre, um crescimento de 22% em relação ao 3T21. Um dos principais indicadores para medir o varejo é a venda em mesmas lojas (SSS na sigla em inglês), que veio em 16,7%, número robusto.
“Vale pontuar que grande parte dos medicamentos que ela vende tem um preço de reajuste veiculado pela CMED, que foi 10,9%. O indicador de SSS foi 16,7%, então ela consegue crescer acima do reajuste e gerar valor para o acionista”, destaca Ferrer.
A RD, que tem atualmente 15% de participação de mercado, ganhou market share em todas as praças que atua no semestre. “Antigamente existia um receio de que a Raia só conseguia ganhar mercado em SP, mas o que ela tem provado trimestre a trimestre é que isso não é verdade”, valoriza o analista.
Mix de vendas cresceu fortemente
O mix da RD apresentou forte crescimento: a parte de genéricos cresceu 24,9%, medicamentos de marca 22,5%, perfumaria 20,2% e OTC (over the counter) 19,6%.
Quanto aos demais indicadores, a empresa apresentou EBITDA de R$ 547 milhões, com margem estável em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, e um lucro de R$ 202 milhões.
A empresa reforçou no RD Day (dia em que detalha seus planos para os acionistas) que pretende não apenas crescer o número de lojas físicas, mas conseguir explorar melhor a base de usuários.
Hoje a rede de farmácias consegue identificar o cliente em mais de 95% das vendas (provavelmente você já deve ter deixado seu CPF ao comprar algum item na RD para receber desconto ou algum benefício).
“Ela tem uma base de dados muito poderosa que pode atacar melhor e aumentar a frequência de compra dos seus usuários, o que nos parece uma avenida de crescimento interessante”, explica Ferrer.
A ação RADL3 encerrou o pregão de segunda-feira (5) sendo negociada a R$ 23,49. Fernando Ferrer avalia o preço-alvo da ação em 29,00, upside de 23,5%.
Pelo resultado sólido, plano de expansão e estratégia digital, a Raia Drogasil ocupou a segunda posição no 3T22 da série Melhores Ações da Bolsa.
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1- Metalúrgica Gerdau (GOAU4)
E a primeira posição vai para… GOAU4!
A Gerdau vem premiada trimestre a trimestre pelo trabalho executado desde 2014 de desinvestimento. A empresa enxergou as operações e passou a focar mais em rentabilidade e contenção de custos e despesas. “Isso reduziu o endividamento e deixou a empresa mais enxuta”, destaca Ferrer.
No ano passado, a Gerdau apresentou seu melhor ano da história, alavancada principalmente pela operação no Brasil e nos Estados Unidos.
Embora não esteja conseguindo repetir o desempenho em 2022, a Gerdau ainda assim apresenta um resultado muito forte e, consequentemente, o segundo melhor ano de sua história.
Desempenho por operação no 3T22
A Operação Brasil foi positivamente impactada pelos lançamentos na construção civil, pelo mercado de óleo e gás e pela indústria de infraestrutura. “Tudo que a gente viu de privatização, licitação e concessão, acaba demandando aço e impactando positivamente a Gerdau”, explica Ferrer.
Já a operação América do Norte se beneficia positivamente de uma política de protecionismo do ex-presidente norte-americano Donald Trump. A Section 232 fez com que as tarifas de importação do aço turco se elevassem, praticamente inviabilizando a importação deste tipo de aço.
“Foi uma medida protecionista para fomentar a indústria nacional, e como a Gerdau tem fábrica lá, acaba se beneficiando disso”, explica Ferrer.
Como mostra o gráfico acima, as duas operações, juntas, representam 77,4% da participação no EBITDA total da companhia.
Ferrer exalta o trabalho de longo prazo da companhia, que tem permitido à empresa colher bons resultados trimestralmente.
“Como a Gerdau fez o processo de desinvestimento nos últimos anos, o balanço dela ficou muito leve. Com demanda forte, ela está no seu menor patamar de endividamento da história, e consegue gerar muito caixa”.
Forte geração de caixa permite novos investimentos, dividendos e programa de recompra
Graças a essa forte geração de caixa, a Gerdau divulgou um programa robusto de dividendos de R$ 0,50 por ação depois da divulgação dos resultados. “Grande parte do que ela investe hoje é mais para manutenção do que para entrada nova de capacidade, isso faz com que grande parte do que ela gera de EBITDA vire geração de caixa para o acionista”, explica Ferrer.
Portanto, o resultado muito forte impulsionado pelo bom momento nas operações Brasil e América do Norte, aliado ao trabalho de contenção de custo e despesa que contribuiu para o menor endividamento de sua história, faz com que a metalúrgica esteja “voando baixo”.
Com isso, além de pagar dividendos, a empresa pode investir em novas oportunidades e recomprar ações. “Ela tem feito os três. Anunciou robustos dividendos, fez um programa de recompra que 80% já foi executado, e começou a anunciar novas avenidas de crescimento”.
Das novas avenidas, Ferrer destaca duas: a parceria com a Randon para a entrada no mercado de aluguel de máquinas pesadas, e a parceria com uma empresa do segmento de energia solar e eólica – que, inclusive, é uma forma de cumprir com as metas ESG.
Por todos esses motivos, GOAU4 foi o melhor papel do 3T22 da série As Melhores Ações da Bolsa.
A ação fechou a última segunda-feira (5) sendo negociada a R$ 13,34 e tem preço-alvo definido por Ferrer de R$ 18,50, o que resulta em um upside de 38,7%.