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Investimentos

As melhores ações para fevereiro

Descubra as atuais ações preferidas dos especialistas da Empiricus

Por Matheus Egydio

04 fev 2021, 04:46

Nossos relatórios, aqui na Empiricus, buscam levar, ao investidor pessoa física, o mesmo nível de desempenho, sofisticação e lucros que os muito ricos ou investidores institucionais possuem.

Parte desse trabalho consiste em encontrar as melhores ações disponíveis no mercado. Neste artigo, iremos revelar quatro grandes indicações dos nossos analistas para fevereiro de 2021.

Vamos lá?

CASH3, por Felipe Miranda

As ações da Méliuz (CASH3) são as mais novas integrantes da carteira Oportunidades de Uma Vida, criada pelo CIO da Empiricus, Felipe Miranda.

Parceria entre Méliuz (CASH3) e Banco Pan (BPAN4)

Fundada em 2011, a Méliuz propõe soluções digitais através de duas frentes de negócio, de que falaremos mais adiante. Antes, vamos destacar o fato de que sua principal estratégia de negócios gira em torno do cashback.

Se você não entende muito bem esse termo, pode deixar que nós explicamos.

Para sermos sucintos e mais gerais, trata-se de receber o dinheiro de uma ponta do negócio e repassar uma parte dele para outros clientes.

Na Méliuz (CASH3), funciona assim: as marcas pagam para anunciar nos canais dela, que dá ao cliente, em dinheiro, uma fração dessa quantia.

E, para isso, a Méliuz fundamenta-se em duas linhas de negócio principais: seu marketplace — plataforma digital que conecta vendedores com compradores — e serviços financeiros.

No primeiro caso, seu marketplace já inclui os principais players dos mercados de e-commerce; turismo e lazer; bens de consumo; e serviços diversos.

No segundo, os serviços financeiros abraçam instituições financeiras que variam de bancos a fintechs.

Em 2019, lançou o Cartão Méliuz em parceria exclusiva com o Banco Pan (BPAN4), que atua como emissor. A iniciativa deu certo e o produto se tornou o protagonista da linha de serviços, surfando na tendência de cartões sem anuidades e, neste caso, se destaca ao oferecer até 1,8% de cashback em todas as compras.

A empresa está indo muito bem e o mercado já a recompensou por isso:

CASH3: valorização de 76,51% em menos de um mês

A grande pergunta é: vai continuar crescendo desse jeito, ou seja, ainda dá tempo de comprar as ações da Méliuz (CASH3)? Para a felicidade do seu bolso, a análise de Felipe Miranda indica que sim.

Para endereçar mais profundamente essa questão, vamos citar o case internacional da Honey.

Trata-se de uma empresa americana com um “modelo de negócio semelhante ao da Méliuz, ou seja, baseado na disponibilização de cashback (ou ‘gift cards’) para os clientes”, aponta Felipe.

Só que a Honey é maior, apresentando, em 2019, uma receita de US$ 100 milhões e sendo negociada a um múltiplo de aquisição EV/Receita de impressionantes 40 vezes. No início de 2020, o PayPal (PYPL34) adquiriu a empresa por US$ 4 bilhões.

No entanto, as nossas estimativas, na Empiricus, indicam que as ações da Méliuz (CASH3) estariam negociando a um múltiplo de 26 vezes. Assim, configura-se como um “indicativo interessante do potencial de valorização da empresa brasileira”, explica Felipe.

Não podemos deixar de destacar, também, que a aquisição realizada pelo PayPal ocorreu em um outro contexto de mercado, o que não descarta, entretanto, a atratividade que a comparação revela para o investidor interessado em CASH3.

Por fim, “por mais que as ações da companhia tenham saltado nas últimas semanas, seguimos enxergando atratividade no ativo para uma alocação pequena no portfólio, dado que possui uma capacidade expressiva de expansão do seu negócio — surfando na onda do e-commerce — e, possivelmente, será um alvo de grandes players do setor”, conclui Felipe.

AAPL34, por João Piccioni

Na nossa perspectiva de consumidores, a Apple dispensa apresentações. Como investidores da maçã, nem tanto.

Recentemente, seu BDR (AAPL34) ficou disponível para todos os investidores pessoa física brasileiros — antes, tratava-se de um privilégio reservado para quem tinha mais de R$ 1 milhão em recursos financeiros.

E, agora que a chance de ser sócio dessa big tech está na mesa, devemos nos questionar: devo comprar ou há oportunidades mais atrativas?

Para resolver essa dúvida, nosso analista João Piccioni analisou as melhores empresas de uma amostragem que contemplava 4.000 ações americanas. Para encurtar a história, só sobraram oito empresas que ele chama de “verdadeiras joias, ou seja, ações capazes de se multiplicar por diversas vezes”.

A lista completa está na sua série As Melhores Ações do Mundo. O ponto aqui, no entanto, é que o BDR da Apple (AAPL34) passou no teste.

Vamos aos pontos que justificam isso.

Atualmente, a Apple é percebida no mercado como uma marca de prestígio, premium, coisa que nenhuma concorrente foi capaz de se igualar até hoje. A consequência — ou, talvez, a causa — disso permite que ela cobre preços altíssimos por seus produtos.

Assim, a margem é absurda, garantindo um ciclo virtuoso: não falta dinheiro para investir ainda mais em marketing e em novas iniciativas.

Podemos esperar, portanto, que a sua percepção de status continue nos próximos anos. Preservar seu valor, no entanto, não é tão interessante ao investidor quanto a sua possibilidade de crescimento.

Vamos começar, então, entendendo as oportunidades internas e, depois, as externas.

Atualmente, o breakdown da Apple (AAPL34) nos revela que há uma dependência enorme do seu principal produto, o iPhone:

Elaboração: Visual Capitalist | Adaptação: Empiricus

Fonte: Annual SEC filings, 2019

Para mudar isso, a gestão da empresa, liderada por Tim Cook, se dedica intensamente para que as fatias do bolo sejam mais igualitárias. E há indícios de que as coisas estão indo bem: a Apple vende, hoje, mais relógios que a tradicional indústria suíça inteira somada — aqui, estamos falando até de marcas como Swatch, Tissot e TAG Heuer.

O crescimento dos wearables no faturamento tem sido rápido, saltando de US$ 10 bilhões em 2015 para US$ 24 bilhões em 2019 (um aumento de 140%).

E quem pensa que para por aí, se engana.

Quando analisamos a linha de serviços, vemos que a Apple surfa na demanda crescente por eles através do Apple Pay, Apple Music e Apple TV: o faturamento cresceu de US$ 20 bilhões em 2015 para US$ 46 bilhões em 2019 (um aumento de 130%).

A melhor parte é que a margem dos serviços é ainda maior que a dos produtos — uma vez que os custos com a produção física são descartados —, chegando na casa dos 60%.

Por fim, as oportunidades externas.

Ainda que consolidada no mercado global, a Apple é apenas a terceira maior vendedora de smartphones no mundo, com um market share de 12,6%. Na frente dela, de acordo com a consultoria Gartner em 2019, figuram a chinesa Huawei (15,6%) e a sul-coreana Samsung (19,2%).

Disso, podemos extrair que há uma avenida de crescimento gigante com o aumento da presença da Apple no Sudeste Asiático.

Se você quiser entender a Apple (AAPL34) ainda mais profundamente, veja este artigo.

VALE3, por Max Bohm

A Vale foi criada por Getúlio Vargas em 1942 e, hoje, é “a maior produtora de minério de ferro, pelotas e níquel do mundo, com presença em cerca de 30 países”, aponta Max Bohm, sócio e analista da Empiricus.

Fonte: Vale | Elaboração: Empiricus

O seu modelo de negócios é fundamentado em três frentes principais: os minerais ferrosos; os metais básicos; e o carvão. E o desempenho da exploração e comercialização de tudo isso rendeu, para a empresa, um lucro líquido de R$ 15,6 bilhões no 3T20 — um crescimento de 195% em relação ao 2T20.

Além disso, existem alguns pontos muito fortes que justificam a posição de VALE3 como uma das melhores ações da Bolsa, segundo Max.

Primeiro, o quanto vai custar no seu bolso: há um grande desconto nos papéis da Vale, que são negociados por um EV/Ebitda de 4,4 vezes para 2021, contra a média de 6,6 dos seus pares globais (Rio Tinto e BHP Billiton).

Para sermos justos, aqui, o fato histórico é que “a Vale negocia com um desconto de aproximadamente 15,5% em relação aos outros players”, diz Max.

Entretanto, “acreditamos que esse desconto deve ser reduzido ao longo do tempo com as medidas ambientais e de melhoria de governança que vêm sendo implementadas pela companhia brasileira”, conclui Max.

Além disso, ter VALE3 é uma excelente escolha para aproveitar a tendência de alta da moeda diante do real, uma vez que sua receita é 100% dolarizada.

E, por fim, mais dinheiro no seu bolso: a Vale conseguiu converter 60% do EBITDA em fluxo de caixa livre no 3T20, o que nutre fortes expectativas de um aumento, em breve, na distribuição de dividendos.

Se você quiser saber ainda mais sobre a tese por trás de VALE3, veja este artigo.

ABEV3, por Sérgio Oba

A nossa última indicação é que você seja sócio da Ambev, uma das melhores pagadoras de dividendos da carteira Vacas Leiteiras, do nosso analista Sérgio Oba.

Em 2020, a pandemia da covid-19 impactou os bares e restaurantes severamente, negócios que representam cerca de 55% das vendas totais da Ambev. Só que o top management da empresa se moveu rapidamente, “sustentando seus contratos e soluções para seus clientes (on e off-trade)”, destaca Oba.

Apenas para nos alinharmos: on-trade é a venda direta ao consumidor em bares, hotéis e restaurantes; e off-trade é a venda feita para um outro canal de venda, como supermercados.

Além disso, a guerra de preços com a Heineken e o grupo Petrópolis chegou ao fim, trazendo a racionalidade de volta ao setor cervejeiro. Assim, “acreditamos que as perdas de margem e participação de mercado tenham sido temporárias, mesmo em um ambiente competitivo acirrado” explica Oba.

Por fim, as iniciativas digitais da Ambev (ABEV3) são, cada vez mais, intensas.

Seu aplicativo de delivery de bebidas, o Zé Delivery, conta com o foco do novo CEO, Jean Jereissati Neto. A ideia é que a digitalização dos canais de venda seja acelerada e a startup tenha ainda mais protagonismo no faturamento da gigante.

Há, também, a nova área criada para acompanhar e criar as inovações disruptivas no setor, chamada Zx. Lemann deixa seu propósito claro: “contratamos gente de todos os tipos: mais jovem, mais voltada para o digital e para dados”.

“Queremos que esse seja um modelo que possamos replicar nas nossas outras empresas”, conclui ele.

Assim, a Ambev (ABEV3) demonstrou, ao longo de 2020, “uma elevada resiliência operacional, reflexo de sua posição de caixa confortável, sólida gestão operacional e nova abordagem no posicionamento de suas marcas”, aponta Oba.

Com o preço descontado e já dando a volta por cima, nosso analista quantifica que “a volta de ABEV3 para a média dos últimos anos levaria a uma valorização de algo próximo a 30%”.

Enquanto isso, você pode esperar com dinheiro no bolso: “o carrego é robusto, com o dividend yield em torno de 4,5% ao ano”, ele conclui.

Se você quiser saber mais sobre a tese acerca da Ambev, veja este artigo.

Sobre o autor

Matheus Egydio

Escreve para o site da Empiricus, MoneyTimes e Seu Dinheiro.