
imagem: iStock/ diegograndi
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira (4), trouxe sinais mais claros aos investidores sobre os próximos passos do Banco Central na condução da política monetária local.
Na última reunião, o Comitê decidiu pela alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juro brasileira, a Selic, que foi a 13,25% ao ano. Esse foi o quarto aumento consecutivo anunciado pelo BC.
Como antecipa o documento, entretanto, o ciclo de aperto monetário não deve parar por aí. A ata destaca que na próxima reunião, em março, os membros devem decidir por um ajuste de mesma magnitude, o que levaria a Selic ao patamar de 14,25% a.a.
Ata cita ‘desancoragem adicional’ da inflação
Na ata, os membros do Copom se mostraram preocupados com a inflação, em especial a de curto prazo. O relatório Focus, que mede as expectativas de mercado, tem aumentado progressivamente suas projeções para o principal indicador de inflação (IPCA) para 2025.

Vale destacar que a Selic é a principal arma do BC para conter a inflação. Portanto, a preocupação com a inflação justifica a postura rígida em relação à taxa de juro.
“As expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes, elevaram-se de forma significativa em todos os prazos, indicando desancoragem adicional e tornando assim o cenário de inflação mais adverso. A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”, destaca a ata do Copom.
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Cenário externo é ‘desafiador’, segundo membros do Copom
No cenário externo, os membros do Comitê destacam o ambiente “desafiador, com incertezas econômicas e geopolíticas relevantes”.
“Ainda que o cenário-base com que o Comitê trabalha não tenha se alterado significativamente, avaliou-se que cenários mais extremos, com distintos impactos sobre a inflação nas economias emergentes, têm maior probabilidade de se materializarem do que na reunião anterior”, avaliam os membros do Copom.
A ata informa ainda que o cenário-base do Comitê envolve uma desaceleração da atividade econômica, “a qual é parte do processo de transmissão de política monetária e elemento necessário para convergência da inflação à meta”.
Nesse sentido, os membros do Copom avaliam que os dados recentes mostraram sinais de que uma moderação do crescimento da atividade pode estar se iniciando, em linha com o esperado, mas ponderam: “as dificuldades com sazonalidade e revisões frequentes em tais séries demandam maior cautela na análise”.
Analista vê ‘tom duro’ na ata do Copom
Para o analista macroeconômico da Empiricus, Matheus Spiess, a ata manteve o “tom duro” observado na decisão da última semana.
Segundo ele, havia uma expectativa do mercado em relação à argumentação que o documento adotaria em relação a uma possível desaceleração econômica.
“Alguns sinais de fragilidade na atividade vêm sendo observados, como os dados mais fracos de emprego divulgados na semana passada. A ata confirmou que o balanço de riscos permanece assimétrico para o lado altista, mas trouxe mudança importante nos riscos de baixa para a inflação, refletindo um ajuste nas projeções desse cenário menos robusto”, destaca Spiess.
Com a possível desaceleração da economia, o analista vê a possibilidade de um corte “menos agressivo” em maio – a depender dos dados econômicos.
“Assim, o ciclo de aperto monetário continua, enquanto o mercado aguarda definições sobre o Orçamento de 2025, a Reforma Ministerial e, principalmente, medidas adicionais para conter o crescimento dos gastos públicos, caso o governo de fato apresente um plano concreto nesse sentido – o que permanece uma incógnita”, finaliza.
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