Investimentos

Ata do Fed; megainvestidores preocupados em Davos; ICMS dos combustíveis e posições do fundo Verde

Confira os assuntos quentes do mercado e as análises de Felipe Miranda em seu grupo no Telegram

Por Daniela Rocha

25 maio 2022, 12:13 - atualizado em 25 maio 2022, 18:28

Imagem de gráficos e números sobrepostos a bandeira dos Estados Unidos em alusão ao mercado financeiro deste país
Reprodução: Shutterstock

Os mercados seguem em clima de cautela. Persiste a preocupação, em âmbito global, com a inflação e as taxas de juros. Hoje, a grande expectativa é em relação a ata do Fed (banco central norte-americano) sobre a sua última reunião, pois pode dar pistas sobre o ritmo do aperto monetário na maior economia do mundo.

“A ata do Fed é sempre um fator de cautela e, de fato, estamos vendo em Davos, o pessimismo de grandes investidores como George Soros e Bill Ackman”, destacou Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus, nesta quarta-feira (25/05) em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal de comunicação com os assinantes da casa.

Durante o World Economic Forum de Davos, na Suíça, o megainvestidor George Soros alertou que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que abalou sobretudo a Europa, pode iniciar a terceira guerra mundial. Ele disse ainda estar preocupado com as mudanças climáticas, o combate às pandemias, com o avanço de regimes repressivos e com a desaceleração da economia chinesa. Por sua vez, Bill Ackman, gestor de hedge funds, ressaltou que a inflação nos Estados Unidos poderá sair do controle e as bolsas poderão sofrer ainda mais, se não houver confiança na atuação do Fed. A alta de juros nos Estados Unidos impacta de forma negativa, principalmente as empresas de tecnologia.

Justamente em função do cenário desafiador, Felipe Miranda recomendou um short em S&P 500 (posição vendida), acreditando na queda da Bolsa americana. “A gente montou um short em S&P 500 para nos protegermos disso e essa posição se mostra vencedora, junto com outros shorts que a gente tem”, diz o analista.

ACOMPANHE O QUE O FED DIZ NA ATA:

https://www.youtube.com/watch?v=tN_1TrFHrdk

Desaceleração chinesa

Felipe Miranda comentou que o UBS soltou um relatório apontando a desaceleração da economia chinesa em função dos lockdowns para conter a Covid-19. Para os analistas da instituição, o crescimento do PIB da China em 2022 deverá ser de 3% – não mais de 4,2%, conforme a previsão anterior. A retração chinesa, segundo o UBS, poderá afetar o PIB brasileiro.

“O UBS revisou para baixo o crescimento chinês, uma desaceleração importante. Por outro lado, há notícias sobre estímulos iminentes”, afirma.

No dia 20 deste mês, o Banco Central da China decidiu reduzir a taxa de juros de referência de longo prazo (de 5 anos ou mais) de 4,60% para 4,45% para impulsionar a economia. De acordo com Felipe, é preciso monitorar outras medidas que podem ser anunciadas com esse objetivo.

No Brasil, atenção quanto ao ICMS dos combustíveis

No país, a expectativa é em relação à votação pela Câmara do projeto que limita o ICMS dos combustíveis e da energia elétrica em 17%, ao caracterizá-los como bens essenciais.

Felipe avalia que o projeto pode passar no plenário da Câmara dos Deputados, mas que deve enfrentar resistência no Senado, onde os parlamentares têm manifestado preocupação com o problema fiscal que a medida causaria nos estados.

Contudo, o projeto é positivo para controlar a inflação e já tem agentes de mercado considerando que poderia reduzir até 1,5 ponto percentual no IPCA.

Ainda sobre IPCA, Felipe Miranda diz que a prévia de maio divulgada ontem fez disparar os juros curtos de mercado. O indicador mostra que o Banco Central poderá ir um pouco além na elevação da Selic.

Mas considerando que estamos em um ano eleitoral, novas medidas para controlar a inflação podem surgir. “O governo está claramente preocupado com a inflação e sempre há uma ‘caixa de maldades ou de ferramentas’ em períodos eleitorais que pode ser aberta de maneira nada sutil. É esse o histórico brasileiro.”

Companhias brasileiras em foco:

Felipe apresentou algumas notícias relevantes em seu grupo no Telegram.

Eneva (ENEV3) e sua nova usina

A Eneva informou que a Usina Termelétrica Jaguatirica II, em Roraima, recebeu autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para iniciar a operação comercial. A unidade é alimentada por gás natural extraído do campo Azulão.

Grendene (GRND3) quer ampliar Clube Melissa

A Grendene assinou ontem um memorando de entendimentos com a Multi Franqueadora, responsável pela gestão da rede Clube Melissa. O objetivo é internacionalizar as atividades da marca.

Fundo Verde compra ações de consumo doméstico

O fundo Verde de Luis Stuhlberger ampliou as participações de Vivara (VIVA3) e do Grupo Soma (SOMA3) em seu portfólio.

“Achei interessante o Verde indo acima de 5% nas duas companhias. O fundo está voltando a comprar Bolsa e consumo doméstico, setor que me parece bastante barato”, ressalta Felipe.

Na visão dele, são duas empresas que têm brand equity e capacidade de precificar seus produtos no mercado. “São artigos percebidos como arte”, conclui.

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.