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Azzas 2154 (AZZA3): fusão deixa perspectiva positiva, mas cautelosa para 2025

Resultados do terceiro trimestre ainda trazem bons resultados para Azzas 2154 (AZZA3). Mas, riscos da fusão ainda são relevantes.

Por Larissa Quaresma, CFA

18 dez 2024, 11:30 - atualizado em 18 dez 2024, 11:30

azzas 2154

Imagem: iStock.com/Kostikova

Nos últimos dias, conversamos com o time de Relações com Investidores da Azzas 2154 (AZZA3) e reforçamos nossa visão para a companhia.

Nossas perspectivas mais positivas após o bom resultado do terceiro trimestre se mantêm, mas ainda cautelosos em relação aos riscos inerentes ao andamento da fusão e a resiliência operacional em um ambiente macroeconômico mais desafiador no próximo ano.

Otimização do portfólio da Azzas 2154

Dentre os principais temas da conversa, discutimos as movimentações recentes no portfólio de marcas. No início deste mês, a companhia compartilhou que as marcas Alme, Dzarm, Reversa e Simples serão descontinuadas, enquanto a BAW, Paris-Texas e TROC estão com seus rumos sendo analisados.

Enxergamos essa otimização do portfólio como positiva, pois direciona capital humano e financeiro para marcas mais rentáveis dentro do grupo.

Dezembro, um mês importante para AZZA3

Em termos operacionais, projetamos um ritmo de crescimento de dois dígitos baixo na comparação anual, em linha com o apresentado no último trimestre, mas que pode ser impulsionado pelos números de dezembro, o mês de vendas mais importante para a companhia.

Antecipado no call do terceiro semestre, as linhas de Vestuário Democrático (Hering) e Calçados apresentaram bom crescimento nos volumes, e podem ser os destaques do quarto trimestre. As margens, por sua vez, devem permanecer estáveis no curto prazo, sem variações significativas.

Para 2025, esperamos um crescimento mais moderado, com foco na rentabilidade e geração de caixa – um prognóstico positivo para um 2025 que parece desafiador.

Novo CEO prioriza a rentabilidade

As principais oportunidades de ganho de margem incluem a divisão Reserva, que após uma fase extensa de crescimento acelerado, deve priorizar a rentabilidade, potencializada pela chegada do novo CEO.  Esperamos ainda que a racionalização do portfólio também contribua, eliminando receitas com margens negativas.

Em linha com o planejamento com maior foco em rentabilidade, estimamos que o Capex (Despesas de Capital, na sigla em inglês) para o próximo ano se mantenha próximo ao nível atual, em torno de R$ 470 milhões/ano.

Em relação à alavancagem financeira, nossa expectativa é de estabilidade nos níveis atuais, próximos a 1,1x, com leve aumento para 1,2x ou 1,3x no cenário de Selic mais elevada – ainda bastante saudável.

O capital de giro continua sendo um ponto de discussão, especialmente pela diferença estrutural entre os negócios do grupo. Divisões mais orientadas ao sell-out, como a Soma, tendem a demandar maior estoque, o que deve permanecer como pauta importante ao longo de 2025.

Cenário atual traz esperança para Azzas 2154

Em resumo, nossas perspectivas positivas para a companhia estão mantidas, mas agora com maior risco frente ao cenário de inflação e juros maiores que se desenha. No âmbito da fusão, seguiremos acompanhando a execução, mas destacamos que os feitos recentes foram positivos.

Por fim, com um portfólio de marcas premium, estrutura de capital robusta e valuation atrativo (~9x P/E para 2025), AZZA3 permanece na carteira. 

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.