Investimentos

B3 (B3SA3): mesmo com baixo volume de ações negociadas, resultado do 1T24 foi sustentado por outras fontes de receita

B3 reportou um balanço esperadamente fraco, mas parte dele foi sustentado por outras fontes de receita além da divisão de ações.

Por Larissa Quaresma, CFA

10 maio 2024, 16:53 - atualizado em 10 maio 2024, 16:53

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A B3 (B3SA3) divulgou o seu resultado do 1T24 em linha com as nossas expectativas. Com os dados operacionais do trimestre já conhecidos anteriormente, o resultado foi esperadamente fraco. Isso por conta do baixo volume negociado em ações no período. Ainda assim, houve uma resiliência sustentada pelas outras fontes de receita da companhia.

A receita líquida foi de R$ 2,2 bilhões, praticamente estável na comparação anual (-1%) e com uma leve alta em relação ao 4T23 (+0,5%).

Volumes baixos de negociação pressionaram ações e instrumentos de renda variável

O principal segmento de atuação, Ações e Instrumentos de Renda Variável, apresentou queda de 7%, ainda pressionado por volumes baixos de negociação.

A divisão de Juros, Moedas e Mercadorias, segunda mais representativa, caiu 7% na comparação anual, com menores volumes e receitas com contratos de juros.

Outros segmentos compensam o resultado negativo dos volumes fracos de B3

Por outro lado, os demais segmentos se expandiram e seguem compensando o resultado negativo pelos volumes fracos.

Por exemplo, Balcão (+13%), que se beneficiou da maior captação bancária, dívida corporativa e Tesouro Direto. Infraestrutura para Financiamento (+34%), refletindo o maior financiamento de veículos e plataforma desenvolvida pela B3 para o Desenrola. E, por último, Tecnologia, Dados e Serviços (+11%), impulsionada pela correção dos contratos pela inflação e a consolidação da Neurotech no resultado.

Por sua vez, as despesas ajustadas por efeitos não recorrentes tiveram alta anual de 9%, para R$ 504 milhões. O aumento se deve à correção anual dos salários pelo dissídio e a consolidação da Neurotech. Com isso, o EBITDA recorrente caiu 3,0%, para R$ 1,6 bilhão, com margem de 72,3% (-2,1 p.p.). Por fim, o lucro líquido recorrente foi de R$ 1 milhões, queda anual de 7%, decorrente de uma piora no resultado financeiro.

Apesar da performance ainda fraca da sua principal fonte de receita, seguimos construtivos com a tese de investimento em B3, que enxergamos, em última instância, como uma “call” para o bull market.

Em geral, o que achamos dos resultados de B3?

Olhando para o cenário local e internacional, acreditamos que não houve mudança fundamental que impeça o início de um ciclo mais positivo para os ativos de risco — principal pilar da tese de B3 —, apenas um deslocamento temporal. 

Negociando a 13x seu lucro estimado para 2024, mantemos a recomendação de compra para B3, que está em diversas carteiras recomendadas da Empiricus Research.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.