O Banco ABC (ABCB4) fechou 2022 com ótimos números referentes ao exercício completo, apesar de ter apresentado um 4T22 um pouco afetado pelo efeito Americanas.
No trimestre, a carteira de crédito expandida cresceu +4% na comparação com setembro de 2022. Diferente do que vinha acontecendo nos últimos trimestres, dessa vez o crescimento foi puxado pelo segmento C&IB (Corporate & Investment Banking), de empresas com faturamento anual acima de R$ 4 bilhões.
O Middle, de empresas menores e que vinha crescendo com taxas aceleradas, apresentou uma expansão bem menor no 4T22, o que já pode estar associado a uma piora das condições econômicas, especialmente para empresas menores.
Os juros ainda elevados combinados com a expansão da carteira fizeram a margem financeira saltar de R$ 537 milhões para R$ 557 milhões no trimestre, com manutenção do spread médio anualizado em 4,3%.
Apesar do caso Americanas, inadimplência continua controlada
Mas, por causa do episódio da Americanas, o banco precisou aumentar as provisões, que atingiram R$ 113 milhões, mais do que o dobro do 3T22.
É importante mencionar que, apesar desse impacto negativo, a inadimplência ainda continua controlada em todos os segmentos, e que a inclinação dos atrasos no Middle já eram esperados pelo ABC. O banco, inclusive, já havia aumentado as provisões nos trimestres anteriores para se antecipar a essa piora.
Com isso, a Margem Financeira Líquida de provisões recuou -8% no trimestre, para R$ 443 milhões.
No segmento de serviços, o grande detrator foi o Banco de Investimentos, atrapalhado pela piora das condições de mercado e redução de emissões no período.
Queda das despesas é destaque positivo
Se as receitas não empolgaram, os sinais mais positivos do trimestre vieram das despesas. Depois de um longo período de piora da eficiência por conta dos elevados investimentos nas novas frentes (Middle, Corretagem, etc), o índice voltou a cair no 4T22, mostrando que os gastos têm gerado aceleração das receitas. Para nós, essa é uma tendência que deve continuar nos próximos trimestres do ABC.
Apesar do sinal positivo, isso não foi o suficiente para reverter os efeitos negativos do aumento da provisão para a Americanas.
No fim, o lucro líquido caiu -10% na comparação com o 3T22, um pouco abaixo das expectativas, mas com um retorno médio sobre o patrimônio líquido (ROAE) de mais de 15%, um nível bastante saudável dados os problemas enfrentados no período.
Apesar do 4T22 afetado pelo caso Americanas, ano do Banco ABC foi sólido
Diferente do que vimos no 2T22 e no 3T22, o 4T22 não foi um espetáculo, mas apesar de os números mostrarem desaceleração e até recuo em algumas linhas por conta de problemas com a Americanas, os dados fechados do ano mostram muita solidez.
Em 2022 tivemos alta de +38% na Margem Financeira Líquida de Provisões, crescimento de +18% na receita com serviços, salto de +40% no Lucro Líquido e de + 3,4 pontos percentuais no ROAE. O mais importante de tudo isso: com uma operação bastante conservadora e manutenção de saldos elevados de provisão.
Em termos de Guidance, vemos que a companhia entregou tudo o que prometeu, com exceção das despesas que acabaram sendo atrapalhadas pela inflação.
ABCB4 segue com recomendação de compra
Para o ano de 2023, o ABC prometeu um crescimento de carteira parecido com o ano passado, mas com crescimento bem menor de despesas depois de anos de pesados investimentos, o que deveria resultar em nível de eficiência ainda melhor do que o apresentado no guidance abaixo.
Ao negociar por menos de 5 vezes lucros e apenas 0,7 vez seu valor patrimonial, com um ROAE bastante sólido, o Banco ABC (ABCB4) segue com recomendação de compra na carteira Microcap Alert.