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Banco do Brasil (BBAS3) apresenta ótimo resultado no 3T22, mas governo Lula deixa analista com um ‘pé atrás’ quanto ao futuro da ação

Números do BB no 3T22 superaram em 12% as expectativas do mercado, mas futuro da estatal no governo petista preocupa; veja outra opção de banco para investir

Por Larissa Quaresma, CFA

10 nov 2022, 09:41 - atualizado em 10 nov 2022, 09:41

Banco do Brasil (BBSA3)
Imagem: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou um ótimo resultado ontem (9), após o fechamento do mercado. Os números do 3T22 superaram o consenso (expectativa média dos analistas) em 12%.

A carteira de crédito teve um crescimento de 5% na comparação trimestral, puxada pelo agronegócio (+9%). O crescimento total supera aquele mostrado por Bradesco e Santander, que cresceram suas carteiras na ordem de 3% na mesma comparação. Assim, o Banco do Brasil fechou o trimestre com uma carteira de crédito de R$ 969 bilhões.

A margem financeira bruta, que mede a receita de juros já líquida do custo de captação, somada com o resultado da tesouraria, atingiu R$ 19,6 bilhões (+15% trimestralmente). O bom desempenho veio da tesouraria, que entregou R$ 10,1 bilhões em resultado (+36% trimestralmente).

A predominância cada vez maior do agronegócio no total (agora 30% da carteira) ajudou a amortecer o impacto da inadimplência, que cresceu de forma sistêmica no país. O índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias atingiu 2,34% da carteira de crédito total, aumento trimestral de 0,34p.p. Importante mencionar que o indicador continua abaixo da média do sistema financeiro nacional (2,80%), exatamente pelo perfil conservador da carteira.

Com o aumento da inadimplência, o banco provisionou R$ 4,5 bilhões para perdas de crédito, crescimento trimestral de 54%. Ainda assim, a margem financeira após inadimplência cresceu 7% na mesma comparação, para R$ 15,0 bilhões.

A receita de serviços, de R$ 8,5 bilhões, cresceu 9% contra o trimestre anterior. O bom desempenho veio das receitas de administração de fundos (+15%) e de seguros, previdência e capitalização (+14%).

BBAS3: índice de eficiência atinge melhor patamar da história

As despesas administrativas, por sua vez, tiveram um crescimento comportado e abaixo das receitas, mesmo com o reajuste salarial de 8% aplicado durante o trimestre. A linha cresceu 1,4%, para R$ 8,4 bilhões. Com isso, o índice de eficiência, que relaciona as despesas administrativas com a receita total, atingiu o melhor patamar da história: 31,6%.

Além disso, a melhoria de 10% no resultado das participações em outras empresas ajudou a produzir um lucro líquido de R$ 8,4 bilhões (+7%), com retorno sobre patrimônio líquido de 21,5%. Ainda, a companhia revisou para melhor sua projeção de resultado para o ano fechado: o lucro líquido agora é esperado em R$ 31,5 bilhões, 11% acima da previsão original — já é a segunda vez no ano que o BB melhora a estimativa.

Por fim, o Banco do Brasil entrega, mais uma vez, um resultado que supera expectativas, com o prognóstico de um 4T também forte.

Contudo, tornamo-nos céticos em relação a BBAS3 com a perspectiva de um novo governo. Diante da incerteza quanto à qualidade da gestão nos próximos anos, temos dúvidas sobre até quando a boa perfomance deve continuar. Com isso, reiteramos nossa preferência por Itaú (ITUB4) dentre os grandes bancos brasileiros.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.