O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou um ótimo resultado ontem (9), após o fechamento do mercado. Os números do 3T22 superaram o consenso (expectativa média dos analistas) em 12%.
A carteira de crédito teve um crescimento de 5% na comparação trimestral, puxada pelo agronegócio (+9%). O crescimento total supera aquele mostrado por Bradesco e Santander, que cresceram suas carteiras na ordem de 3% na mesma comparação. Assim, o Banco do Brasil fechou o trimestre com uma carteira de crédito de R$ 969 bilhões.
A margem financeira bruta, que mede a receita de juros já líquida do custo de captação, somada com o resultado da tesouraria, atingiu R$ 19,6 bilhões (+15% trimestralmente). O bom desempenho veio da tesouraria, que entregou R$ 10,1 bilhões em resultado (+36% trimestralmente).
A predominância cada vez maior do agronegócio no total (agora 30% da carteira) ajudou a amortecer o impacto da inadimplência, que cresceu de forma sistêmica no país. O índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias atingiu 2,34% da carteira de crédito total, aumento trimestral de 0,34p.p. Importante mencionar que o indicador continua abaixo da média do sistema financeiro nacional (2,80%), exatamente pelo perfil conservador da carteira.
Com o aumento da inadimplência, o banco provisionou R$ 4,5 bilhões para perdas de crédito, crescimento trimestral de 54%. Ainda assim, a margem financeira após inadimplência cresceu 7% na mesma comparação, para R$ 15,0 bilhões.
A receita de serviços, de R$ 8,5 bilhões, cresceu 9% contra o trimestre anterior. O bom desempenho veio das receitas de administração de fundos (+15%) e de seguros, previdência e capitalização (+14%).
BBAS3: índice de eficiência atinge melhor patamar da história
As despesas administrativas, por sua vez, tiveram um crescimento comportado e abaixo das receitas, mesmo com o reajuste salarial de 8% aplicado durante o trimestre. A linha cresceu 1,4%, para R$ 8,4 bilhões. Com isso, o índice de eficiência, que relaciona as despesas administrativas com a receita total, atingiu o melhor patamar da história: 31,6%.
Além disso, a melhoria de 10% no resultado das participações em outras empresas ajudou a produzir um lucro líquido de R$ 8,4 bilhões (+7%), com retorno sobre patrimônio líquido de 21,5%. Ainda, a companhia revisou para melhor sua projeção de resultado para o ano fechado: o lucro líquido agora é esperado em R$ 31,5 bilhões, 11% acima da previsão original — já é a segunda vez no ano que o BB melhora a estimativa.
Por fim, o Banco do Brasil entrega, mais uma vez, um resultado que supera expectativas, com o prognóstico de um 4T também forte.
Contudo, tornamo-nos céticos em relação a BBAS3 com a perspectiva de um novo governo. Diante da incerteza quanto à qualidade da gestão nos próximos anos, temos dúvidas sobre até quando a boa perfomance deve continuar. Com isso, reiteramos nossa preferência por Itaú (ITUB4) dentre os grandes bancos brasileiros.