Investimentos

Banco do Brasil (BBAS3): carteira de crédito e índice de eficiência melhoram no 2T23, mas inadimplência chama atenção

Em geral, os resultados não surpreendem e vieram em linha com o esperado pelo mercado.

Por Larissa Quaresma, CFA

10 ago 2023, 10:46 - atualizado em 10 ago 2023, 10:49

BBAS3 Banco do Brasil
Imagem: Divulgação

Ontem (9), após o fechamento da Bolsa, o Banco do Brasil (BBAS3) divulgou seus números do 2T23, que vieram em linha com a expectativa.

O bom crescimento da carteira de crédito, além dos ganhos de eficiência, compensaram a fraca expansão da receita de serviços e o aumento da inadimplência. Com isso, o lucro líquido foi de R$ 8,8 bilhões, crescimento anual de 21%, com ROE de 21,3% (+0,5 p.p. anualmente).

Carteira de crédito ampliada

A carteira de crédito ampliada cresceu 14% na comparação anual, para R$ 1 trilhão, impulsionada pelas linhas de agronegócio (+23%) e micro, pequenas e médias empresas (+22%).

Além disso, houve expansão de 1,1 p.p. no spread bancário, levando a margem com clientes para R$ 20 bilhões (+17%).

Por outro lado, a inadimplência de Banco do Brasil cresceu substancialmente, em virtude das linhas de pessoa física não consignadas, aumento dos descontos concedidos no programa Desenrola e reforço da provisão de Americanas. Com isso, a despesa de inadimplência cresceu 144% anualmente, fazendo com que a margem com clientes após o risco caísse 10% na mesma comparação, para R$ 12,9 bilhões.

Já a margem com o mercado teve um forte resultado, de R$ 2,8 bilhões, contra um prejuízo no mesmo período do ano passado. Isso reflete o bom desempenho tanto da tesouraria brasileira quanto do Banco Patagônia, controlado pelo BB.

Receita de serviços

Por sua vez, a receita de serviços de Banco do Brasil cresceu 6% anualmente, para R$ 8,3 bilhões. Embora esse resultado seja melhor que o dos pares privados, veio abaixo da expectativa, principalmente em função das quedas em administração de fundos (-4%) e mercado de capitais (-29%), compensando parcialmente as altas de seguros (+12%), consórcios (+74%) e operações de crédito (+14%).

Índice de eficiência no melhor patamar


Destaque positivo, o índice de eficiência, que relaciona as despesas operacionais com a receita total, atingiu 28,3%, o melhor patamar da série histórica. Assim, o lucro líquido ficou em R$ 8,8 bilhões (+21%), com ROE de 21,3% (+0,5 p.p.).

Projeções do Banco do Brasil para 2023

Juntamente com o resultado, o BB divulgou suas projeções revisadas para o ano de 2023. Agora, a companhia espera um crescimento mais forte da carteira de crédito; mas, por outro lado, uma inadimplência também maior, e a receita de serviços menor. No todo, esses efeitos se compensaram, levando à mesma projeção de lucro para o ano fechado, devendo ficar ainda entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões.

Qual o posicionamento da Empiricus Research?

Do nosso lado, ficamos com a sensação de que o Banco do Brasil ainda está colhendo os frutos de um posicionamento privilegiado junto ao agronegócio, além dos esforços de eficiência dos últimos anos.

Entretanto, com um apetite por crédito maior que o dos pares privados, pode ser que continuemos a ver a inadimplência se deteriorar para a estatal, enquanto os demais bancos começam a deixar para trás, gradualmente, o ciclo de inadimplência alta.

Essa rota parece estar ficando mais clara, embora essas mudanças levem bastante tempo para mexer o ponteiro da rentabilidade. Por isso, ainda recomendamos BB para os investidores focados em dividendos, mas evitamos a ação para aqueles com objetivo de ganho de capital.

Para quem busca dividendos, além de Banco do Brasil, neste relatório gratuito, listamos mais 5 ações de empresas sólidas e modelos de negócios resilientes.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.