Em meio a temporada de divulgação de resultados do trimestre, a melhora das bolsas de valores pelo mundo tem animado os investidores. Os principais índices de referência, como o S&P 500 nos EUA e o Ibovespa no Brasil, seguem em alta desde as últimas semanas de julho.
O CEO da Empiricus, Felipe Miranda, comentou em sua live semanal do Instagram os resultados divulgados por algumas empresas na semana passada. Para ele, os ativos da bolsa brasileira, mesmo com a alta recente, seguem em valores atrativos e com potencial de valorização.
“Estamos a cerca de dois desvios padrão abaixo da nossa média histórica em termos de múltiplo. E o prêmio de risco de mercado – expectativa de retorno da bolsa sobre a renda fixa – na sua máxima histórica ou muito perto disso”, avalia Felipe.
O analista destacou duas operações que sugeriu aos assinantes da Empiricus no início do ano que, com a divulgação dos resultados, se mostraram acertadas e deram bom retorno ao investidor.
A primeira, foi a Long position em Banco do Brasil (BBAS3). Também conhecida como “long”, a operação é feita quando se acredita na valorização de uma ação em médio-longo prazo.
A segunda, o short em XP (XPBR31). Oposta do long, o short é uma estratégia que o investidor utiliza quando acredita que o papel de uma determinada companhia vai cair. O operador aluga uma ação e a vende. Caso a tendência projetada de queda da ação se confirme, o investidor terá lucro na operação.
Veja o que Felipe Miranda achou dos resultados divulgados na última semana
Long & short sugeridos
- Long – Banco do Brasil (BBAS3): “Desde o começo do ano disse que é barato, um case de value (valor), que gerava caixa no ponto de vista da operação e dava muito lucro. O último resultado teve uma rentabilização em nível com os melhores bancos privados e negociando a 4x lucro, descontado em relação ao seu patrimônio. BB seria um grande ponta long”.
- Short – XP (XPBR31): “A gente vinha falando que decepcionaria em termos de resultado, para o mercado é um dos destaques negativos da temporada. Caiu 13% após a divulgação do balanço. No dia seguinte o JP Morgan deu downgrade na ação, que caiu fortemente. Ganhamos 20% no short de XP em dois dias. De fato, até sendo justo e muito transparente, a gente esperava uma queda no varejo e estávamos errado sobre isso. A receita veio boa, o Net New Money já havia sido divulgado e tinha vindo bom também, mas o nível de despesa da XP é muito alto. É uma empresa que não tem entregado crescimento de Ebitda, ao contrário, está caindo. A XP negociou com valuation mais caro sobre seus pares imediatos, deveria sofrer um de-rating, negociar mais barata. Não tem entregado crescimento, não tem entregado ROE (retorno sobre patrimônio), e tem ficado cada vez mais pesada”.
- Short – Alpargatas (ALPA4): “Resultado horroroso. Não gostei dessa aquisição, pagou caro nos EUA e não vejo muito espaço para cair o preço do petróleo dado as restrições de ofertas dessa história. Alpargatas continua como um grande short da nossa carteira”.
Empresas que tiveram bons resultados no 2T22
- BTG Pacutal (BPAC11): “[O resultado] Mostrou um BTG operando em outro nível de consistência. Lucro recorde, ROE de 21,6%, superando o que havia sido o 1T22 de 20% que, inclusive, tinha superado as estimativas naquele momento. BTG está voando. Claro, faço o disclosure, sou sócio do banco e falo com conflito de interesses ao me referir a BTG”.
- Arezzo (ARZZ3): “Gostei demais do resultado de Arezzo. Para mim é o grande nome premium do setor de varejo de moda. Está nas nossas carteiras e consolidou o que é a necessidade de negociar realmente com prêmio. Birman (Alexandre, CEO da Arezzo) volta a se consolidar como um nome que consegue entregar além das projeções de consenso. Fica reiterada a recomendação de compra”.
- Direcional Engenharia (DIRR3): Espetacular o resultado. O mercado poderia ter reagido melhor. Pode surpreender em termos de dividendo neste ano, inclusive tem grandes fundos de ações interessados em montar posição em Direcional. Saiu notícia de que ela pode ampliar para São Paulo a parceria que já tem com a Cyrela em Minas Gerais e no Rio de Janeiro para operar a baixa renda da empresa. Seria um golaço, abriria mais oportunidades de crescimento”.
- Itaú (ITUB4): “[Resultado] Muito forte, voltando a ser o velho Itaú. Sem muito risco, crescendo quando o mercado esperava que não fosse crescer tanto. [É uma grande opção] para quem quer estar em bolsa com liquidez, com upside, mas sem precisar necessariamente sujar a mão em opçõesde maior risco”.
- Marfrig (MRFG3): “Gostei do resultado. Me parece uma ação barata, não é propriamente um setor sobre o qual tenho grande interesse, mas preciso reconhecer o ótimo resultado. A ação está muito barata em bolsa, se o ciclo nos EUA continuar pelo menos razoável acho que ela pode perseguir coisas melhores”.
- BR Partners (BRBI11): “Entregou um resultado consistente. Uma ação barata, cerca de 9x lucro, entregando crescimento de 30%. Tem conseguido entregar muito resultado mesmo com um ambiente adverso de mercado. Lá fora, players como ele negociam a 15x lucro, ele está 9x, então você teria alguma coisa como 60% de upside. Gosto bastante de BR Partners e o resultado confirma isso”.
Resultados que decepcionaram no 2T22
- Centauro (SBFG3): “Ação que a gente gosta mas sofreu bastante pressão de custo e despesa. A gente acha muito barato, gosta da gestão, mas nos decepcionamos com o resultado”.
- Natura (NTCO3): “[O resultado] Veio muito ruim. Lá fora a história está complicada, Europa em frangalhos, no Brasil não vem operando tão bem. Avon parece dificílimo de virar. Não sei se daqui a pouco o mercado não vai discutir um aumento de capital para a Natura, a alavancagem já está perto de 4x dívida líquida sobre Ebitda. A companhia está queimando bastante caixa trimestre a trimestre e não acho que conseguirá virar isso no curto prazo. Mais dois trimestres com uma queima de 700 milhões de reais vai bater, provavelmente, a hipótese de aumento de capital”.
- Infracommerce (IFCM3): “Tínhamos vendido, tinha uma cara que vinha com aumento de capital, e veio com grande desconto sob preço de tela. Não nos sentimos confortáveis em comprar”.
- Magazine Luiza (MGLU3): “Não compactuo com esse rally de Magalu, muito por conta de um short squeeze na sexta-feira. Mas acho que precisaria entregar mais, não gostei dos resultados. Gosto muito da companhia, do management, mas o momento é difícil, negociando a 15x Ebitda, alguma coisa parecida com isso. Acho que a ação não está em um ponto atraente”.