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Banco Pan (BPAN4): conservadorismo rende frutos em bom 3T22; análise

Concessão de crédito mais conservadora faz inadimplência vir abaixo do esperado pelo mercado; lucro líquido ajustado é estável na comparação anual e trimestral

Por Larissa Quaresma, CFA

03 nov 2022, 11:38 - atualizado em 03 nov 2022, 11:38

Banco Pan (BPAN4)
Imagem: Divulgação

O Banco Pan (BPAN4) divulgou, no início da manhã desta quinta-feira (3), seus números do terceiro trimestre de 2022 (3T22), que superaram as expectativas.

A inadimplência veio abaixo do esperado, fruto de uma concessão de crédito mais conservadora. Além disso, o crescimento da receita de serviços ajudou a sustentar um lucro líquido ajustado de R$ 193 milhões, estável tanto na comparação anual quanto na trimestral, com um retorno sobre patrimônio líquido ajustado de 15,3%.

A carteira de crédito manteve o mesmo patamar do trimestre anterior, de R$ 36 bilhões.

O crescimento na linha de veículos (+4%) foi compensado pela queda na linha de FGTS (-38%) e na de cartão de crédito (-4%). Há uma maior competição no empréstimo FGTS, que também tem sido afetada por problemas operacionais na Caixa, responsável por instrumentalizar esse tipo de empréstimo. A companhia vinha sinalizando, desde o resultado anterior, que a situação deveria se normalizar no quarto trimestre. Quanto ao cartão de crédito, a diminuição vem de uma estratégia intencional de frear o ritmo de concessões, até que o cenário macroeconômico volte a melhorar – o que consideramos um sinal de boa execução.

A margem financeira gerencial (receita de juros menos o custo de captação) foi de R$ 1,9 bilhão, estável na comparação trimestral, com spread médio de 17,9%, também estável.

BPAN4: carteira de crédito mais conservadora manteve calotes sob controle

Vale observar que a cessão de carteiras de crédito para terceiros ajudou a manter essa rentabilidade. De toda forma, a carteira de crédito marginalmente mais conservadora, com 88% concentrada em produtos com garantia (consignado, FGTS e veículos) manteve os calotes sob controle: o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias ficou em 8,4% da carteira total, constante na comparação trimestral. Com isso, a despesa com provisão para devedores duvidosos foi de R$ 488 milhões, crescimento de 5% contra o tri anterior. Assim, a margem financeira após a inadimplência foi de R$ 1,3 bilhão, estável trimestralmente.

O crescimento das receitas de serviços foi um outro destaque positivo: as maiores receitas com cartões, venda de seguros e marketplace causaram expansão de 15% nas comissões totais, que somaram R$ 271 milhões no trimestre. 

As despesas administrativas e de pessoal, por sua vez, caíram 1% contra o trimestre anterior, melhorando a eficiência do banco. Assim, o lucro líquido gerencial (que exclui despesas de amortização de ágio) somou R$ 193 bilhões, com rentabilidade estável.

O resultado reforça nossa convicção na capacidade de execução da companhia em um ambiente que deve continuar desafiador por mais alguns trimestres. Banco Pan (BPAN4) é uma recomendação de diversas séries da Empiricus.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de Ações focada em Bancos e Instituições Financeiras, integra a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Mais de 5 anos de experiência em análise de empresas, com passagens pela Núcleo Capital e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, com certificações CFA, CNPI e CGA.