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Banco ‘para todas as estações’? BTG Pactual (BPAC11) deve manter boa expansão de lucro em 2025, avalia analista após encontro com investidores

Reunião anual com investidores do BTG Pactual (BPAC11) apresentou números de crescimento otimista. Leia análise completa.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

27 nov 2024, 14:26 - atualizado em 27 nov 2024, 14:26

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Imagem: Divulgação/ BTG Pactual

O BTG Pactual (BPAC11) promoveu o tradicional encontro anual com investidores na última segunda-feira (25), com as perspectivas para os segmentos do banco para 2025. 

O banco indicou que deverá manter um crescimento robusto das receitas, enquanto controla as despesas. Essa eficiência operacional deve garantir a manutenção do crescimento acelerado dos lucros em 2025, assim como visto em 2024.

Investment Banking em recuperação

Conforme conta a analista de ações da Empiricus Research Larissa Quaresma, 2022 e 2023 foram anos desafiadores para o mercado de capitais brasileiro.

“Em 2022, a alta da Selic afetou as emissões de ações; em 2023, o evento Americanas levou a um “apagão” nas emissões de crédito privado. Em 2024, houve normalização do mercado de crédito, enquanto o de ações segue praticamente congelado”, recapitula Quaresma.

Apesar das dificuldades, o banco prevê um crescimento de 20% a 30% no segmento de  Investment Banking em 2024. 

Para 2025, as emissões de ações devem continuar enfraquecidas devido à taxa de juros mais alta, mas o segmento de crédito, assim como as fusões e aquisições, devem garantir um desempenho robusto. Com isso, o banco espera um crescimento modesto na receita do segmento no próximo ano.

Crédito e corporativo

A receita do BTG na vertical de crédito e banco corporativo (Corporate Lending & Business Banking) multiplicou-se por 2,3x entre 2022 e o esperado para 2024, segundo a analista. 

O banco agora oferece uma gama mais completa de serviços para empresas, incluindo gestão de caixa para grandes corporações.

“Essa estratégia, que parte de uma participação de mercado ainda baixa, deve levar a um crescimento da carteira de crédito na ordem de 30% em 2025, em linha com o esperado para 2024. Assim, essa frente segue com forte expansão de receita, assumindo que as condições de inadimplência permitam”, comenta Quaresma. 

Receita estável na tesouraria

Em 2024, o banco reduziu ao máximo sua exposição ao risco no setor de tesouraria devido a um cenário macroeconômico desafiador. 

O segmento de Sales & Trading deverá fechar o ano com receita estável ou ligeiramente inferior à do ano passado, mas a expectativa é que esse quadro se reverta em 2025. 

“A alocação de risco própria continuará baixa, mas a atividade com clientes deve crescer, especialmente após a aquisição da Sertrading, uma das maiores empresas de trading no comércio exterior do Brasil”, diz analista. 

Com isso, Quaresma infere que o banco deve conquistar novos clientes, incluindo multinacionais, com o segmento de Sales & Trading retomando o crescimento no próximo ano.

Gestão no BTG Pactual

O braço de Asset Management do BTG Pactual atravessou o bear market brasileiro, que já dura 3 anos, mantendo uma sólida captação: o total de recursos sob gestão e administração saiu de R$ 553 bilhões em 2021 para R$ 970 bilhões no 3T24. 

No entanto, a maior parte dessa captação nos últimos anos veio de fundos, mas esse cenário está começando a mudar, com mais recursos sendo direcionados à gestão, o que traz maior retorno sobre ativos (RoA) para o banco.

A gestora de recursos do banco atravessou o ciclo de baixa do mercado brasileiro, que já dura três anos, mantendo uma captação sólida, na avaliação da analista. O total de ativos sob gestão subiu de R$ 553 bilhões em 2021 para R$ 970 bilhões no terceiro trimestre de 2024. 

“Os executivos acreditam que essa tendência continuará, e, portanto, a expectativa é de mais um ano de crescimento consistente nesse segmento, com expansão do retorno sobre ativos”, adiciona Quaresma.

Wealth Management & Personal Banking

A frente de gestão de patrimônio e banco de varejo (Wealth Management & Personal Banking) também apresentou resiliência ao bear market. A receita conquistou um salto de R$ 1,5 bilhão em 2021 para R$ 3,7 bilhões nos 12 meses até setembro deste ano.

“A satisfação dos clientes é alta, e a oferta se tornou completa: inclui não só a tradicional plataforma de investimentos e a parte transacional, como também contas internacionais e diversas linhas de crédito”, completa a analista. 

Para 2025, o plano apresentado pelo BTG Pactual é ser mais agressivo na conquista de clientes de varejo, o que deve resultar em um crescimento de receita de aproximadamente 20%, similar à expansão projetada para 2024.

BTG é banco ‘para todas as estações’

Ao longo do tempo e especialmente durante o bear market, o banco provou ser “para todas as estações”, segundo a analista Larissa Quaresma. 

“A operação vai bem mesmo com o juro alto, embora reconheçamos que o crescimento acelera com Selic menor. É possível enxergar o BTG Pactual entregando uma boa expansão de lucro em 2025 e ainda há muito potencial de crescimento nas diversas verticais, especialmente no banking para empresas e varejo”, conclui. 

A ação BPAC11 atualmente negocia a um múltiplo preço/valor patrimonial de 2,3x e preço/lucro em 2025 de 9,0x, o que consideramos um valuation atrativo para um negócio que cresce de maneira rentável (ROE de ~23%). Por isso, mantemos BPAC11 na carteira recomendada. 

Observação: o Grupo Empiricus é controlado pelo BTG Pactual, o que gera um conflito de interesse inerente a esta análise, cuja objetividade/independência pode ser reduzida.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.