Estamos na semana mais importante antes da virada de 2022 para 2023 nos mercados globais. Bancos centrais de peso se reúnem para mais uma decisão de juros, a última do ano.
Na Zona do Euro, o consenso de mercado aponta para uma elevação de 50 pontos-base (bps) por parte do Banco Central Europeu (BCE), embora as autoridades monetárias ainda estejam divididas entre 50 e 75 bps.
Dependente dos dados em suas avaliações, o BCE viu a prévia da inflação ao consumidor no bloco surpreender para baixo na leitura referente ao mês de novembro.
Como já adiantamos, um número mais comportado já era antecipado, vide a acomodação nos preços de energia. Por outro lado, a medida de núcleo, que exclui os efeitos de energia e alimentos, permanece estacionada em 5% na comparação anual.
Ademais, as medidas fiscais conduzidas pelos governos do bloco em resposta à crise energética devem ter impacto adicional na inflação. Nesse contexto, ainda que 50 bps seja a aposta do mercado, uma nova elevação de 75 bps não deve ser descartada.
Fed decidirá taxa de juros nesta quarta-feira
Quem também se reúne esta semana é o banco central dos EUA (Fed), cujos membros parecem mais alinhados em favor de reduzir o ritmo de aperto para 50 bps após quatro altas consecutivas de 75 bps.
Antes da decisão de juros desta quarta-feira (14), foi divulgada hoje a inflação ao consumidor (CPI) referente ao mês de novembro, que mais uma vez apresentou composição positiva.
O índice cheio mostrou uma variação de 0,1% frente ao mês anterior, abaixo do consenso de mercado que apontava alta de 0,3%. Já a medida do núcleo também surpreendeu para baixo, com alta de 0,2% frente aos 0,3% esperados pelo mercado. O setor de moradia (shelter) continuou mostrando pressão inflacionária, enquanto os demais setores cederam.
Em resposta, os juros americanos cederam em todos os vértices, o dólar medido pelo índice DXY caiu, e as bolsas globais dispararam. Houve também a redução da expectativa de taxa terminal de juros de cerca de 5% para 4,8%.
É importante destacar que os dados de emprego continuam mostrando um mercado de trabalho bastante apertado, que podem sustentar uma inflação (principalmente) de serviços em níveis elevados por mais tempo. Por isso, o comunicado pós-decisão desta quarta-feira deve buscar manter um tom de cautela a fim de evitar um afrouxamento demasiado das condições financeiras.
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No Brasil, Copom mantém Selic em 13,75%, mas questão fiscal no governo Lula preocupa
Na semana passada, o Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano, em linha com a nossa expectativa e o consenso de mercado, em um tom conciliador e parcimonioso em relação ao debate fiscal em voga.
Na ata divulgada ontem (13), contudo, o Copom mostrou maior preocupação em relação ao encaminhamento das políticas fiscais do próximo governo. A autoridade monetária destacou que há “muita incerteza sobre o cenário fiscal prospectivo e que o momento requer serenidade na avaliação de riscos”, e reforçou “que seguirá acompanhando os desenvolvimentos futuros da política fiscal e seus potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”.
As mudanças na ata reforçam a nossa visão de que o Banco Central (BC) não deve anunciar novas altas na Selic nas próximas reuniões, porém, o aumento do tom de preocupação em relação às medidas fiscais e parafiscais pode indicar o fim do ciclo de queda da Selic em 2023.
*O trecho acima pertence ao relatório da série Super Renda Fixa, da Empiricus, comandada por Lais Costa e Diego Bleinroth. Os assinantes da série têm acesso aos relatórios completos, com informações a respeito do mercado brasileiro e internacional, além das tradicionais recomendações.