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BB Seguridade (BBSE3) ou Caixa Seguridade (CXSE3)? Veja por que a Empiricus Research trocou uma ação pela outra na carteira de dividendos

Resiliência do modelo de negócio da Caixa Seguridade e possível queda nos seguros para o agronegócio da BB Seguridade motivaram troca, afirma analista; entenda

Por Juan Rey

20 dez 2023, 08:55 - atualizado em 20 dez 2023, 08:55

BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3): qual a melhor ação para investir?
Imagem: Montagem/Empiricus Research

As ações da BB Seguridade (BBSE3) deram lugar às da Caixa Seguridade (CXSE3) na carteira da série voltada para dividendos da Empiricus Research, Vacas Leiteiras.

A BB Seguridade estava no portfólio desde 2017, com retorno acumulado de 86%, considerando os dividendos.

Segundo o analista Richard Camargo, da Empiricus Research, a troca não significa um grande pessimismo com BBSE3, mas um maior otimismo com CXSE3.

Por que BB Seguridade saiu da carteira de dividendos?

O grande mercado da BB Seguridade no Brasil é o agronegócio. A seguradora tem contrato de exclusividade para distribuir seguros no balcão do Banco do Brasil (BBAS3), que é um grande fornecedor de crédito subsidiado para o agro brasileiro.

Historicamente, a penetração do seguro agro dentro da base de correntistas do Banco do Brasil gira entre 1,2% e 1,5% ao ano. Atualmente, esse nível está mais alto que o normal: em torno de 2%

“Quando fizemos a análise, atribuímos o aumento por eventos exógenos climáticos. Nos últimos dois anos o Brasil vivenciou o fenômeno La Niña, responsável por geadas no Sul que provocaram quebras de safras muito importantes no Rio Grande do Sul”, afirmou o analista.

Em 2023, outro fenômeno climático prejudicou o agronegócio brasileiro: o El Niño

“Ele tem provocado uma grande seca na fronteira agrícola do Mato Grosso e, ao mesmo tempo, muita chuva na Região Sul, onde o plantio está atrasado. Empresas do setor comentaram que o plantio médio no estado está em torno de 20% da área plantada, sendo que o normal seria 60% nessa época do ano. É uma situação bastante difícil”.

Com fenômenos climáticos acontecendo sequencialmente, os pequenos produtores se viram na necessidade de contratarem seguros para minimizar o risco para a lavoura

Isso, inclusive, ajudou no bom desempenho das ações da BB Seguridade nos últimos anos

“Capturamos isso com a boa performance das ações. Em termos quantitativos, o lucro da BB Seguridade dobrou nos últimos três anos”, afirmou Camargo. 

Contratação de seguros para o agronegócio deve diminuir

No entanto, esse cenário pode mudar. Segundo o analista, com a percepção de que esses fenômenos climáticos estão chegando ao fim, é esperada uma diminuição da contratação de seguros para o agronegócio dentro do Banco do Brasil.

Para Camargo, a desaceleração não deve ser dramática para a companhia, mas o suficiente para que as ações da Caixa Seguridade tenham desempenho superior nos próximos meses.

“Se não tivessem outras opções do setor na bolsa, é provável que continuássemos investindo em BB Seguridade ao longo desse ciclo”, ponderou.

Por que comprar as ações da Caixa Seguridade (CXSE3)?

No entanto, como a B3 oferece outras oportunidades no setor, as ações escolhidas foram as da Caixa Seguridade (CXSE3).

A companhia tem contrato de exclusividade semelhante ao que a BB Seguridade tem com o Banco do Brasil, mas com o banco Caixa.

A Caixa é, tradicionalmente, uma grande fornecedora de crédito subsidiado para o segmento imobiliário, em que tem mais de 50% de participação de mercado no Brasil

“A Caixa Seguridade vem nesse impulso. Quando se contrata um financiamento imobiliário, é obrigatório a contratação de um seguro. A Caixa Seguridade tem hoje 50% de participação de mercado, é disparada a maior do país”, explicou.

Esse tipo de seguro residencial, prossegue o analista, tem algumas particularidades interessantes. 

Em um seguro tradicional, como o de automóveis, o cliente paga determinado prêmio adiantado para a seguradora e tem uma apólice que dura por um tempo pré-estabelecido – geralmente 12 meses. Caso ocorra algum problema, o cliente é remunerado, o que é chamado de sinistro no mercado de seguro.

No caso do seguro imobiliário, como as operações são longas – os financiamentos costumam durar décadas -, não existe o recebimento de prêmio adiantado por parte da seguradora. 

Elas emitem apólices mensais atreladas ao pagamento que são renovadas sucessivamente, a cada 30 dias.

“O portfólio costuma ser bastante previsível, porque os financiamentos são muito longos, e tem esse giro mensal na carteira de seguro, sempre atrelado ao pagamento da apólice. Então as seguradoras que operam nesse segmento não têm risco de crédito”.

CXSE3 deve ter a menor sinistralidade dentre todas as seguradoras da B3, avalia analista

Por conta da natureza de seu principal produto, o analista avalia que a Caixa Seguridade deve ter a sinistralidade mais baixa dentre todas as seguradoras listadas em bolsa.

“Quando falamos do seguro agro, qualquer evento climático exógeno vai provocar um aumento de sinistralidade. Uma geada ou uma seca inesperada provoca um aumento de sinistralidade”.

Um outro exemplo é a Porto (PSSA3), que historicamente vê a sinistralidade de seu Seguro Auto crescer no primeiro trimestre por conta das fortes chuvas na Região Sudeste, onde tem sua maior parcela de clientes. 

No caso da Caixa Seguridade, o único evento exógeno que poderia provocar um aumento na sinistralidade seria um crescimento da taxa de mortalidade entre os segurados, já que, neste caso, a seguradora tem a obrigação de quitar o financiamento junto ao banco credor.

Isso, inclusive, aconteceu em 2020 durante a pandemia. “Não é que não exista a possibilidade, mas a taxa de frequência de acontecimentos desse tipo é mais rara do que a de eventos climáticos”, comentou o analista.

Caixa Seguridade é o ‘reloginho de dividendos da Bolsa’

Com a taxa de sinistralidade baixa e um crescimento resiliente na base de clientes, Camargo vê a companhia como “o maior reloginho de dividendos da B3”. 

Além de ganhar com os dividendos da companhia, que distribui entre 90% e 95% de seu lucro aos acionistas, os investidores também devem capturar lucros com a valorização das ações.  

“Vejo oportunidades para a companhia crescer o lucro por ação. A principal oportunidade de crescimento é aumentando a penetração dentro do balcão da Caixa. O crédito residencial já é super penetrado, com 50% de market share, então vai crescer estruturalmente. Mas tem outros produtos que têm espaço para crescer, como de consórcios, que ainda é pequeno, e de títulos de capitalização. Além disso, dá para colocar outros seguros nessa base”, concluiu.

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Confira a entrevista completa do analista no Giro do Mercado:

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br