Como de praxe, a Berkshire Hathaway (B3: BERK34 | NYSE: BRK/B) divulgou os seus resultados referentes ao ano de 2023 no final de semana, junto com a tradicional carta escrita por Warren Buffett para seus investidores — e todos aqueles que se interessam nos contos e ensinamentos do Mago de Omaha.
Os números vieram melhores que as expectativas dos analistas. No ano, a receita dos negócios operacionais totalizaram US$364,653 bilhões, valor 20,7% maior do que o apresentado um ano antes.
Veja o desempenho por segmento da Berkshire Hathaway
Sem considerar os números da Pilot Travel Centers (US$51,739 bilhões), que não apareciam nos anos anteriores, o principal vetor de crescimento da companhia veio por meio da sua parte de Seguros, com aumento de 15,4% na receita — tanto por meio do maior nível de subscrição de apólices (US$83,403 bilhões, +11,8% vs. 2022) como pela maior renda proveniente dos investimentos (US$11,619 bilhões +50,2%).
Por outro lado, a parte de Transportes (BNSF) e de Energia (BHE) tiveram um ano mais difícil, com suas receitas praticamente estagnadas na comparação anual: enquanto a primeira reportou vendas de US$23,876 bilhões (+2,5% vs. 2022), a segunda apresentou receita de US$26,008 bilhões (+3,6%).
Analisando o lucro antes dos impostos por negócio, a discrepância fica ainda mais clara para os investidores.
Se a parte de Seguros reportou um lucro de US$18,494 bilhões (+40,9% vs. 2022), graças tanto a retomada de lucratividade da parte de subscrição (US$6,913 bilhões, ante prejuízo de US$22 milhões em 2022) como da boa performance dos investimentos (US$11,581 bilhões, +50%), a BNSF viu seu lucro cair 14% (US$6,614 bilhões) e a BNE, queda de mais de 70% (US$940 milhões).
Já a carteira de investimentos da Berkhsire apresentou um ganho de US$74,855 bilhões, beneficiado pelo ótimo momento dos mercados em 2023, comparado com perdas de US$67,899 bilhões no ano anterior.
Importante lembrar, contudo, que por se tratar de uma marcação a mercado esses valores tendem a ser mais voláteis, e como Buffett gosta de frisar que ao investir em uma empresa ele pensa na criação de valor no longo prazo, o investidor da companhia não deveria se preocupar com essas variações no curto prazo.
E isso fica ainda mais claro na carta para os acionistas.
Carta de Warren Buffet
No documento, o mago de Omaha relembrou dois de seus principais investimentos em ações: na Coca-Cola (B3: COCA34 | NYSE: KO) e na American Express (B3: AXPB34 | NYSE: AXP).
Isso porque, ainda que não tenha aumentado suas posições nessas empresas em 2023, o fato dessas companhias terem entregue lucros e dividendos crescentes no ano passado fez com que a holding tivesse melhores resultados com essas ações.
No caso da American Express, a parcela na qual a Berkshire tem direito dos lucros de 2023 excedeu consideravelmente o custo de US$1,3 bilhão para montar essa posição lá atrás. E isso deve continuar em 2024, já que ambas devem aumentar seus dividendos esse ano (no caso da American Express, o crescimento deve ser acima dos dois dígitos).
Já em relação aos investimentos nas holdings japonesas, assim como na Occidental Petroleum (B3: OXYP34 | NYSE: OXY), a Berkshire anunciou que pretende continuar aumentando sua exposição nessas companhias.
Porém, Buffett deixou claro que não pretende aumentar essas posições a ponto de ter o controle das mesmas. Isso porque uma parte considerável do sucesso da Berkshire é adquirir participações em empresas nas quais ela tem confiança na direção, o que é o caso desses dois exemplos.
Só que, apesar de muitos investidores e analistas estarem ansiosos pela nova grande aquisição da companhia, Buffett deixou claro que algo que consiga levar a empresa a um novo patamar seria algo mais estruturado e demorado.
Afinal de contas, a Berkshire é a empresa com maior lucro líquido dentre todas as empresas nos Estados Unidos: considerando os lucros operacionais e os ganhos nos investimentos, o resultado de 2023 foi de US$561 bilhões. Como comparação, todas as outras 499 empresas do S&P 500 somadas reportaram US$8,9 trilhões de lucros em 2022.
Ainda que esse número suba para US$9,5 trilhões em 2023, só a Berkshire seria responsável por 6% de todo o resultado. Mesmo com um caixa disponível de quase US$170 bilhões, seria difícil reportar um grande crescimento em um curto espaço de tempo.
Sem falar que parte dessa caixa é o “seguro” que a companhia gosta de ter para se preparar para eventuais momentos difíceis nos mercados. Como Buffett gosta de lembrar, na crise de 2008 a empresa gerou caixa, não precisando recorrer aos mercados para manter seus negócios em dia.
Homenagem a Charlie Munger
Antes de compartilhar suas visões para os negócios da companhia, esse ano Buffett aproveitou para fazer uma homenagem ao seu velho parceiro de negócios Charlie Munger — que faleceu 33 dias antes de completar 100 anos, ao final de novembro do ano passado.
Apesar de ambos serem altamente conhecidos pela comunidade de investidores, fato é que Buffett é a pessoa que a maior parte do público reconhece pelos méritos dos investimentos feitos pela Berkshire.
Mas na introdução da carta ele quis deixar claro que Munger foi o grande responsável pela Berkshire ser o que ela é hoje. Nas palavras do maior investidor de todos os tempos, ele foi apenas o construtor, sendo Charlie o grande arquiteto do negócio — aquele com a visão de que eles deveriam investir em ótimos negócios por bons preços, e não em negócios não tão bons assim, mas altamente descontados.
Berkshire Hathaway é recomendação de compra da Empiricus Research
Os bons resultados animaram os investidores, com as ações se valorizando mais de 2,5% no pré-mercado. Mesmo com a alta de mais de 15% no ano, seguimos tranquilos com a nossa sugestão de compra para a Berkshire Hathaway (B3: BERK34 | NYSE: BRK/B), uma das principais estrelas da nossa carteira MoneyBets, voltada para ações internacionais.
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