No final de semana, foi a vez da Berkshire Hathaway (NYSE: BRK.B | B3: BERK34) divulgar seus números referentes ao terceiro trimestre de 2022 (3T22).
Conforme esperado, o mau desempenho do mercado acionário americano levou a holding a um prejuízo de US$ 2,7 bilhões no período. Entretanto, olhar para esse número de forma individual certamente induz ao erro.
É preciso ter em mente que a gigante comandada por Warren Buffett é um conglomerado composto por diversas linhas de negócios, nos mais diversos ramos da economia americana. E como ela, reflete de forma substancial a força econômica do país.
A receita da companhia avançou 8,9% na comparação anual e alcançou a marca dos US$ 76,9 bilhões no período. Apesar das perdas na linha de seguros (US$ 2,7 bilhões), associadas ao furacão Ian, o lucro operacional consolidado alcançou a marca de US$ 7,76 bilhões e avançou 19,9% ano contra ano.
Área industrial é destaque entre os segmentos
Entre os segmentos de negócio da Berkshire, o destaque ficou com a área industrial, que apresentou 22% de crescimento no lucro operacional. As outras linhas de negócio ligadas ao varejo e transporte sentiram os impactos do aumento dos custos de combustível e pessoas e apresentaram leve retração. Por fim, vale destacar o bom desempenho dos segmentos de energia e de utilidades públicas, cujo lucro operacional praticamente dobrou na comparação anual.
A partir do próximo trimestre, o resultado da holding contará com os números da Occidental Petroleum (NYSE: OXY), empresa voltada para a exploração de petróleo. A Berkshire já possui 20,9% das ações da companhia e montou uma estrutura para adquirir cerca de 8% adicionais, por meio de ações preferenciais e warrants. Se os preços do petróleo se mantiverem no patamar atual, a Occidental trará bons frutos ao balanço da holding.
Além da Occidental, vale mencionar a posição relevante nas ações da Chevron (NYSE: CVX | B3: CVHX34), cujo valor de mercado já supera a marca dos US$ 24 bilhões. A guinada em direção ao setor de energia deve ser vista como estratégica para a companhia, pois abre espaço para um maior aproveitamento das unidades de negócio da empresa. Sob a ótica macroeconômica, esse deve ser o principal tema nos próximos anos e onde ainda existe ampla margem de segurança. Vale ter em mente que em termos estruturais é a primeira vez que a sociedade transita energeticamente entre uma economia de alto carbono para baixo carbono e requer mais energia. Certamente isso vai custar caro.
BERK34: dinheiro em caixa e boas expectativas no longo prazo
Em termos de alocação, acredito que as ações da Berkshire (BERK34) compõem bem o portfólio e por isso continuam como recomendações de compra nas séries Carteira Empiricus e Investidor Internacional.
A tacada da empresa em direção ao setor de energia mostra que o grupo continua bastante atento às necessidades da economia americana.
Seu portfólio de ações ainda deve prover bons frutos no longo prazo, a despeito dos movimentos recentes. E se as oportunidades baterem à porta, Buffett ainda poderá usar os US$ 109 bilhões disponíveis em seu caixa. Nunca o termo margem de segurança se fez tão claro.