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Bradesco (BBDC4): algo muda para a ação após movimentação de executivos?

Após troca “surpresa” do CEO do Bradesco, o vice-presidente do atacado também pediu demissão. Analista comenta se algo muda para BBDC4.

Por Nicole Vasselai

29 nov 2023, 11:04 - atualizado em 29 nov 2023, 11:04

Bradesco BBDC4
Imagem: Divulgação

Após haver uma troca de CEO “surpresa” no Bradesco (BBDC4) recentemente, na última segunda-feira (27) o vice-presidente do atacado, Eurico Ramos Fabri, também pediu demissão.

Fabri, 51, entrou na empresa em 2008 e, desde 2017, era membro da diretoria executiva. Atualmente, é chairman da Cielo, da qual o Bradesco é um dos controladores junto do Banco do Brasil. O mandato vai até abril de 2024.

Além disso, no mesmo dia, o banco aderiu ao acordo da Americanas com seus principais credores. Atualmente, a maior parte da dívida da varejista é com a vertical de atacado do Bradesco, um valor de R$ 4,85 bilhões.

Por que tantas mudanças na gestão do Bradesco?

Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, sobram motivos para essa “dança das cadeiras” do management.

Uma das razões, segundo ela, é a baixa rentabilidade do banco em relação aos seus concorrentes. “Se olharmos o ROE do Bradesco, está na casa de 11%, enquanto o do Banco do Brasil e do Itaú em torno de 21% e o do BTG Pactual, em 23%. Isso acaba criando uma necessidade de mudar alguma coisa dentro do banco”.

Outro fator é a competição. A analista lembra que o foco principal do Bradesco é o varejo e, especificamente, as classes C, D e E. “Esse público é muito atacado por bancos digitais, como Inter, Nu e Banco Original/Pic Pay. E conseguimos observar que o banco tem sofrido com a concorrência quando avaliamos as linhas de receita de cartão de crédito, de tarifas com conta corrente e anuidade, por exemplo”.

Embora a companhia não tenha dado detalhes suficientes sobre essas mudanças da gestão e deva divulgar melhor apenas em 2024, Larissa considera a movimentação positiva: “É uma sinalização de que a empresa está prestando atenção no que está acontecendo e que está desconfortável com isso”.

Como fica o Bradesco após acordo da Americanas com os credores?

Na visão da analista, a notícia é boa, principalmente considerando que o acordo envolve um aporte de capital grande pelos acionistas de referência, de R$ 12 bilhões. “Isso pressupõe que boa parte do valor provisionado pelos bancos será recuperado. Provavelmente não tudo, mas certamente mais do que foi provisionado como perda lá atrás”.

Assim como o Itaú, o Bradesco foi um dos bancos que provisionou 100% do que havia emprestado para Americanas – R$ 4,85 bilhões – como perda. Esse crédito, segundo Larissa, não aparece mais no balanço da instituição financeira e , a partir do pagamento da varejista, a instituição financeira reverteria a provisão de perda, aumentando o lucro.

“O único ‘porém’ é que ainda não tem data para esse aporte de capital acontecer. Eu esperaria que acontecesse em alguns trimestres. Até o final do ano que vem me parece bem seguro”, afirma.

A analista também ressalta que não acha que Bradesco seria mais beneficiado do que os concorrentes, “pelo simples fato de que se Americanas realmente vier a honrar com a dívida, isso favoreceria igualmente todas as instituições financeiras, inclusive Itaú, BTG Pactual, Banco do Brasil, etc”.

BBDC4 continua de fora das recomendações da Empiricus Research

Por conta da baixa rentabilidade apresentada pelo banco e até por não estar totalmente clara ainda a mudança de estratégia da gestão, Larissa reforça que tem uma visão neutra para a ação. “Preferimos acompanhar de fora ainda o desenrolar dessa história”.

No segmento dos “bancões”, a analista considera Itaú (ITUB4) um case com melhor qualidade, inclusive do ponto de vista de distribuição de dividendos.

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Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.