Investimentos

Brasil 2026: dólar a R$ 10 e economia em recessão podem depender de Lula, analisa CIO da Empiricus durante o ‘Onde Investir em 2025’

Durante o painel sobre macroeconomia do evento “Onde Investir em 2025”, organizado pelo Seu Dinheiro, o CIO da Empiricus Research, Felipe Miranda, questionou as medidas econômicas do governo Lula

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

15 jan 2025, 08:00

live do felipe miranda

Imagem: Divulgação/Empiricus

Para Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus Research, as atitudes do presidente Lula ainda vão impactar fortemente a economia em 2025. Foi o que disse durante o painel sobre macroeconomia do evento “Onde Investir em 2025”, organizado pelo Seu Dinheiro, portal de notícias do mesmo grupo econômico da Empiricus.

Olhando para 2024, o analista observa que o governo teve uma postura muito combativa ao mercado financeiro, adotando discursos populistas que prejudicaram a economia como um todo. 

“A minha grande dúvida é o que o Lula vai fazer quando [suas medidas] atingirem a sua popularidade. A economia vai depender se ele não vai fazer nada ou se ele vai agir ‘com o pé na tábua’, o que pode levar o Brasil a entrar em 2026 com o dólar a R$ 10 e a economia em recessão”, prevê Miranda. 

“Estamos em um zeitgeist local”, afirma estrategista-chefe da Empiricus

Felipe Miranda descreve o momento atual no Brasil como um “zeitgeist”, termo alemão relativo ao humor de um período particular da história, que é definido por pensamentos específicos do momento. 

“Em uma perspectiva mais alongada para o investidor, existe uma perspectiva de mudança do pêndulo político em várias eleições ao redor do mundo, tendendo à partidos de direita, impulsionada também pela entrada de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos”, avalia. 

Na visão do analista, a escalada do déficit nominal de 14 pontos porcentuais nos últimos quatro anos, sem uma vontade efetiva do governo de reverter essa situação, evidencia que haverá mais problemas em algum momento. “A inflação já está alta, isso vai refletir no desemprego e aí vai haver um aumento de uma sensação de miséria”, adverte Miranda. 

Como preparar sua carteira de investimentos?

Diante de um cenário-base proposto pelo analista de uma virada de chave e recuperação previstas a partir de 2026, Miranda faz algumas recomendações de investimentos:

  • Ter um Kit Brasil defensivo;
  • Proteger parte do portfólio com dólar americano (USD);
  • Dedicar parte do valor defensivo para ativos atrelados ao ouro.

De olho no câmbio, o analista acredita que atualmente, após altas consecutivas do dólar, a moeda está cara em relação ao valor justo, mas ainda pode ficar mais cara. “Um dólar muito forte tende a refletir um momento mais desafiador para mercados emergentes, como o Brasil”, comenta Miranda. 

Neste cenário, o analista convida o investidor a dilatar o seu horizonte até o final do próximo ano e terá duas opções para o desenrolar de 2025:

  • Ou 2025 será um ano bom na bolsa de valores, o que parece improvável, mas pode acontecer;
  • Ou será um ano ruim de bolsa e começa-se a discutir uma troca de ciclo político, com uma mudança de governo antecipada pelos números do mercado. Neste cenário, Miranda prevê que as cotações do mercado antecipariam uma melhora não apenas em 2026, mas também somado a quatro anos de um ciclo reformista e mais quatro anos ainda depois de manutenção e crescimento. 

“Estamos falando de um ano que pode ser ruim flertando com nove anos bons pela frente”, conclui o analista. 

A entrevista completa de Felipe Miranda para o evento exclusivo “Onde Investir em 2025”, apresentado pelo Seu Dinheiro, e com participação de Bruno Funchal, ex-secretário do Tesouro e CEO da Bradesco Asset, pode ser assistida na íntegra a seguir:

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.