Hoje (8), antes da abertura do mercado, o BTG Pactual (BPAC11) divulgou seus números do 1T23, que vieram ligeiramente acima da expectativa.
Mesmo em um cenário difícil para teses de “financial deepening”, a companhia continua entregando resultados fortes: no trimestre, o lucro líquido foi de R$ 2,3 bilhões (+10% a/a), com ROE de 20,9% (-0,6 p.p a/a).
Assim, o banco vem provando o discurso adotado há alguns trimestres, de que é uma tese para “todas as estações”, e não só para ambientes de juro baixo.
A receita total cresceu 10% na comparação anual, para R$ 4,8 bilhões. Os destaques foram Corporate & SME Lending (+46%), Asset Management (+41%) e Wealth Management & Consumer Banking (+22%), que compensaram a esperada queda em Investment Banking (-26%) e a contração em Principal Investments (-75%).
Veja o desempenho por divisão
A receita de Investment Banking foi de R$ 260 milhões (-26%), fruto de um menor volume de emissões de dívida, em razão do travamento de mercado gerado pelo caso Americanas.
Mesmo assim, o BTG manteve a liderança nas emissões de dívida, ações e transações de M&A. A companhia afirmou que já percebe uma melhora significativa na fila de emissões de dívida para o 2T; portanto, esperamos que essa linha de negócio tenha quedas menos intensas nos próximos trimestres.
A divisão de Corporate & SME Lending viu sua carteira de crédito crescer 28% anualmente e cair 0,6% trimestralmente, em função da redução intencional em PMEs, parcialmente compensada pelo crescimento em grandes empresas.
Ainda, a companhia adquiriu uma carteira de consignado do Banco Pan, aumentando a diversificação do portfólio. Com a reprecificação das linhas de crédito, a receita dessa área cresceu 46% anualmente, para R$ 1,2 bilhão.
Já o Sales & Trading, que concentra a tesouraria, teve uma receita de R$ 1,5 bilhão, estável na comparação anual. Esse comportamento está em linha com a nossa expectativa.
As chamadas “franquias de cliente” foram o destaque positivo do resultado: o BTG teve uma captação líquida de R$ 43 bilhões em recursos de clientes, um patamar forte, principalmente na comparação com os concorrentes.
Durante a teleconferência de resultados, os executivos afirmaram que a captação forte reflete:
- 1) a entrada no varejo de alta renda
- 2) o movimento de “flight to quality” nos clientes de elevado patrimônio – na nossa visão, isso pode ser um reflexo dos acontecimentos recentes no Credit Suisse, que já foi o 2o maior private bank do Brasil.
Com isso, a área de Asset Management teve uma receita de R$ 443 milhões (+41%), e a de Wealth Management & Consumer Banking, de R$ 694 milhões (+22%).
BPAC11 é recomendação de compra da Empiricus Research
As despesas operacionais totais, por sua vez, cresceram 13% anualmente, para R$ 2,1 bilhões. Assim, o índice de eficiência ajustado pela amortização de ágio ficou estável, em 39%.
Ainda, com uma alíquota efetiva de imposto de renda de 20,5%, influenciada pelo benefício do JCP e mix de receita mais favorável, o lucro líquido ficou em R$ 2,3 bilhões, com ROE de 20,9%.
Do nosso lado, enxergamos que, por mais um trimestre, o BTG desafia o rótulo de tese de “financial deepening”, tornando-se um negócio cada vez mais adaptável ao ambiente da vez.
Negociando a 2,2x seu valor patrimonial, mantemos a recomendação de compra para BTG Pactual (BPAC11).
Nota: o Grupo Empiricus é controlado pelo BTG Pactual.