Investimentos

Ciclo essencial do investidor em fundos: confira 5 passos uma carteira rentável

Bruno Marchesano, analista da Empiricus, dá orientações para investidores montarem uma carteira de fundos bem selecionados e alinhada aos perfis de risco e objetivos

Por Melissa Bumaschny Charchat

28 mar 2022, 08:45 - atualizado em 19 fev 2024, 17:26

Montar uma carteira de investimentos eficiente e rentável é um processo complexo e, geralmente, demorado. Principalmente para aqueles que ingressaram nesse universo recentemente, os fundos de investimento são uma ótima opção. 

Os fundos têm diversas vantagens. São uma prática de diversificar o portfólio, delegando a gestão a profissionais especializados em mercados e ativos financeiros.

Contudo, é importante pesquisar e entender as alternativas para fazer melhores escolhas, alinhadas a fatores como o grau de tolerância ao risco, os prazos ideais e os projetos de vida. 

Pensando nisso, o analista da Empiricus Bruno Marchesano separou cinco passos que, juntos, configurariam o ciclo essencial do investidor de fundos para a composição de uma carteira vencedora. Confira-os abaixo: 

o ciclo essencial do investidor de fundos

1- Autoconhecimento e reserva de emergência

Segundo o analista, o investidor com maior retorno não é aquele que é mais inteligente, mas sim, aquele com maior controle emocional para driblar momentos turbulentos na economia. 

Dessa forma, um dos passos mais importantes para o investidor é estabelecer uma camada de proteção dedicada a eventos financeiros que geram medo e insegurança, evitando a tomada de decisões irracionais.

Essa camada de proteção, conhecida como reserva de emergência, não possui o intuito de trazer elevado retorno a longo prazo, de modo que não deve ser contabilizada na carteira. Sua função é ser um porto seguro para momentos em que o investidor se encontrar em grande dificuldade, como em casos de despesas médicas urgentes ou roubo de pertences de alto valor.

Sobre sua composição, dadas as suas finalidades, tem-se que a reserva deve ser alocada em aplicações totalmente conservadoras, com a menor probabilidade possível de perda e com resgate praticamente imediato. Visto isso, recomenda-se fundos DI (sem crédito privado) ou Tesouro Selic. 

A regra adotada para reserva de emergência é que ela deve representar entre 3 e 12 vezes o custo de vida mensal. De modo geral, o número é calculado de acordo com a existência ou não de dívidas; a frequência da realização de investimentos; o custo de plano de saúde; a presença ou não de dependentes; a disposição de pessoas que poderiam oferecer ajuda financeira; a estabilidade da renda mensal; a expectativa profissional de daqui 12 meses; a facilidade de reposicionamento no mercado; e a quantidade de custos que poderiam ser cortados em caso de emergência. 

 

2- Alocação pretendida

Para estabelecer a alocação da carteira, é necessário levar em consideração a capacidade de suportar perdas e a de se comprometer com o horizonte de investimento para cada classe de ativos. Sobre isso, Bruno Marchesano faz uma ressalva importante: “O potencial de perda de um ativo é diretamente proporcional ao seu potencial de retorno”.

Também vale ressaltar a possibilidade de o fundo passar por momentos de estresse ao longo desse horizonte, porém, ao respeitar um prazo mínimo, a probabilidade de obter retornos positivos ou até superiores ao benchmark aumenta significativamente. No entanto, Bruno enfatiza: “O horizonte de investimento da classe precisa casar com o horizonte para o uso do dinheiro”.

Além disso, é necessário compreender que uma carteira de investimentos consiste em uma combinação de fundos diversificados entre classes e gestores. Entre as categorias: ações; renda fixa; proteções; ativos alternativos e ativos globais (dolarizados).

“O dólar, em especial, é provavelmente o ativo mais subestimado pelos investidores”, destaca Marchesano. A moeda americana é forte e representa um caráter de proteção, de forma que se recomenda uma exposição constante na carteira.

 

3- Seleção de fundos

Aos investidores que estão iniciando agora, Marchesano recomenda começar pelos fundos mais conservadores e partir gradualmente para os mais arrojados conforme a confiança com relação à distribuição de risco entre as classes aumenta. 

O método por meio do qual os fundos devem ser selecionados deve se desenvolver em torno de três principais questionamentos: Qual a estratégia do fundo?; Como e em quais mercados ele obtém seus retornos?; Quais os riscos envolvidos?; Quem é o gestor e sua equipe? Qual o seu histórico e há quanto tempo trabalham juntos?

Ainda nesse sentido, Marchesano enfatiza: “Preze a escolha daqueles que possuam perfis de gestão e estratégia diferentes entre si”. Isso pois, durante uma crise ou momento de estresse, os fundos apresentarão retornos descorrelacionados.

Definidos os fundos, é necessário determinar o peso de cada um deles na carteira, levando em consideração fatores como o retorno de longo prazo do fundo e do gestor, a confiança nessa gestão e estratégia e a descorrelação qualitativa e quantitativa entre os fundos escolhidos.

 

4- Acompanhamento e rebalanceamento

Nessa etapa, Marchesano aponta que o investidor comumente possui o hábito de montar sua carteira e apenas acompanhar o retorno de seus fundos separadamente, eximindo-se de uma visão geral do portfólio e podendo tomar decisões precipitadas. Nesse sentido, o mais assertivo a se fazer é um acompanhamento do retorno de curto e longo prazo da carteira como um todo.

Outro tópico que Marchesano aponta como essencial é o registro das motivações que levaram a todas as decisões relacionadas à carteira. Isso pois, em momentos que o fundo subiu muito e o investidor se arrepende de não ter alocado mais, ou que o fundo caiu e o investidor questiona o porquê de sua escolha, ele poderá consultar as razões que o levaram a tomar a decisão naquele momento. “Durante situações de estresse, o nosso cérebro possui o viés de transformar o passado em algo óbvio”, explica.

É importante frisar: performance de curto prazo dificilmente é motivo para resgate. Até mesmo um desempenho abaixo do benchmark em prazos médios ou longos pode ter relação com fatores exógenos e não necessariamente justificam o resgate, principalmente se o horizonte mínimo de investimento do fundo ainda não tiver sido cumprido. Nesses casos, é melhor que o ajuste seja feito via aportes mensais.

 

5- Reavaliação de decisões

Situações que poderiam justificar uma reavaliação do investimento são: uma mudança da situação financeira ou do perfil investidor; a alocação de uma classe ou fundo que passou a ter um peso muito acima ou abaixo do planejado devido a sua valorização; a estimativa incorreta da tolerância a perdas ou o equívoco na análise e compreensão do fundo selecionado. 

O resgate deve ser apenas a última opção, no caso de fundos que já cumpriram seus respectivos horizontes de investimento, que estejam com um peso muito acima do planejado ou de a reserva de emergência ter chegado ao fim.

Sob essas circunstâncias, cabe refletir sobre os motivos e os aprendizados diante do ocorrido. Marchesano sugere anotar um princípio de investimento pessoal desenvolvido a partir do evento e recomeçar o ciclo a partir dessa análise do próprio perfil e da carteira. “O processo de reavaliação é tão importante quanto aquele feito para o primeiro aporte em cada fundo e na montagem do portfólio”, destaca.

Ele relembra, ainda, que motivos macroeconômicos não devem incentivar mudanças bruscas nas decisões de investimento e, devido a ansiedade que pode ser gerada em momentos de estresse, é importante ter uma parcela segura nas classes de renda fixa, ações e proteção para o uso de ETF´s ou ativos que permitam uma maior agilidade de movimentação.

 

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Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero, é integrante da equipe de conteúdo da Empiricus e já atuou em social media e redação.