Na noite de quinta-feira (27), a Cielo (CIEL3) reportou seus números para o quarto trimestre de 2022 (4T22), inaugurando a temporada de resultados no Brasil.
A entrega veio predominantemente em linha com o esperado, com uma ou outra linha mista, mas ainda comprovando a continuidade de recuperação da companhia, que sofreu bastante nos últimos anos com a competição.
O fechamento do ano fez jus ao processo de aprimoramento que já vemos há muitos trimestres, possibilitando otimismo com a tese.
Confira os números do balanço
Notamos que a dinâmica de receita se estruturou de maneira saudável, com receita líquida alcançando R$ 2,75 bilhões no trimestre, com a companhia conseguindo aumentar os preços cobrados, bem como o volume.
No ano, a receita da líder em adquirência no Brasil foi de R$ 10 bilhões na base recorrente, indicando alta de 23%. Chama atenção o volume financeiro de transações, que atingiu recorde no 4T22, com R$ 231,4 bilhões (entendemos isso como fruto do bom posicionamento da empresa).
O Ebitda da Cielo chamou atenção, totalizando R$ 1 bilhão no período, um crescimento de 40% na comparação anual, sendo que em 2022 o Ebitda foi de R$ 3,7 bilhões (+47,8% contra 2021).
Nossa interpretação é de que o número em si não é isolado e deverá se manter em patamares elevados e crescendo ao longo dos próximos trimestres, dado que nossas projeções consideram continuidade do volume capturado, recuperação do yield de receita e aprimoramento do controle de gastos, em especial da Cateno. A margem foi de 39,7% no fechamento do ano.
O lucro líquido recorrente foi bem acima do esperado, entregando R$ 490 milhões no trimestre, um crescimento de 63% na comparação anual, sendo o sexto trimestre consecutivo da empresa.
Entendemos que um dos responsáveis pelo bom desempenho foi também a Cateno, que gere os cartões Ourocard, do Banco do Brasil (lembre-se que a Cielo é controlada pelo Bradesco e pelo BB). Há espaço para que haja nos próximos trimestres uma manutenção do controle rígido de custos, que permite mais eficiência (ganhos de alavancagem operacional), e uma melhora de mix de cartões, frente afetada no último trimestre.
CIEL3 segue como recomendação da Empiricus
Nossa visão é que, considerando o exposto acima, a companhia deve caminhar para um 2023 igualmente positivo, levando em conta, entre outras coisas, a nossa expectativa de impacto pouco relevante do caso Americanas e de diluição ao longo do tempo de dois efeitos não-recorrentes verificados no último período.
Vemos um valuation ainda não impeditivo para a empresa, que negocia a 7,5 vezes lucros e 4,4 vezes Ebitda, ambos para para 2023, o que nos permite manutenção de CIEL3 neste momento na série Palavra do Estrategista, uma vez que a empresa deverá continuar trabalhando para ajustar suas operações e, mesmo com um ambiente competitivo dentro do setor, mostrar evolução consistente em seus resultados.