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Cielo (CIEL3): 4T22 em linha com o esperado reforça continuidade na recuperação da companhia; veja se ação é recomendada

Cielo abre temporada de resultados do 4T22 no Brasil e deixa boa impressão

Por Matheus Spiess

27 jan 2023, 14:41 - atualizado em 27 jan 2023, 14:51

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Imagem: Divulgação/Cielo

Na noite de quinta-feira (27), a Cielo (CIEL3) reportou seus números para o quarto trimestre de 2022 (4T22), inaugurando a temporada de resultados no Brasil.

A entrega veio predominantemente em linha com o esperado, com uma ou outra linha mista, mas ainda comprovando a continuidade de recuperação da companhia, que sofreu bastante nos últimos anos com a competição.

O fechamento do ano fez jus ao processo de aprimoramento que já vemos há muitos trimestres, possibilitando otimismo com a tese.

Confira os números do balanço

Notamos que a dinâmica de receita se estruturou de maneira saudável, com receita líquida alcançando R$ 2,75 bilhões no trimestre, com a companhia conseguindo aumentar os preços cobrados, bem como o volume.

No ano, a receita da líder em adquirência no Brasil foi de R$ 10 bilhões na base recorrente, indicando alta de 23%. Chama atenção o volume financeiro de transações, que atingiu recorde no 4T22, com R$ 231,4 bilhões (entendemos isso como fruto do bom posicionamento da empresa).

O Ebitda da Cielo chamou atenção, totalizando R$ 1 bilhão no período, um crescimento de 40% na comparação anual, sendo que em 2022 o Ebitda foi de R$ 3,7 bilhões (+47,8% contra 2021).

Nossa interpretação é de que o número em si não é isolado e deverá se manter em patamares elevados e crescendo ao longo dos próximos trimestres, dado que nossas projeções consideram continuidade do volume capturado, recuperação do yield de receita e aprimoramento do controle de gastos, em especial da Cateno. A margem foi de 39,7% no fechamento do ano.

O lucro líquido recorrente foi bem acima do esperado, entregando R$ 490 milhões no trimestre, um crescimento de 63% na comparação anual, sendo o sexto trimestre consecutivo da empresa.

Entendemos que um dos responsáveis pelo bom desempenho foi também a Cateno, que gere os cartões Ourocard, do Banco do Brasil (lembre-se que a Cielo é controlada pelo Bradesco e pelo BB). Há espaço para que haja nos próximos trimestres uma manutenção do controle rígido de custos, que permite mais eficiência (ganhos de alavancagem operacional), e uma melhora de mix de cartões, frente afetada no último trimestre.

CIEL3 segue como recomendação da Empiricus

Nossa visão é que, considerando o exposto acima, a companhia deve caminhar para um 2023 igualmente positivo, levando em conta, entre outras coisas, a nossa expectativa de impacto pouco relevante do caso Americanas e de diluição ao longo do tempo de dois efeitos não-recorrentes verificados no último período.

Vemos um valuation ainda não impeditivo para a empresa, que negocia a 7,5 vezes lucros e 4,4 vezes Ebitda, ambos para para 2023, o que nos permite manutenção de CIEL3 neste momento na série Palavra do Estrategista, uma vez que a empresa deverá continuar trabalhando para ajustar suas operações e, mesmo com um ambiente competitivo dentro do setor, mostrar evolução consistente em seus resultados.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.