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Com forte poder da Nike e robustas avenidas de crescimento no 1T23, SBF continua um dos nossos players preferidos no varejo de vestuário

Companhia continua um dos players favoritos da Empiricus Research no varejo de vestuário; Nike impulsiona vendas no primeiro tri

Por Fernando Ferrer

09 maio 2023, 10:43 - atualizado em 09 maio 2023, 10:43

Grupo SBF (SBFG3) tem ótimos resultados trimestrais
Imagem: Creative Commons Wiki

Ontem (8), após o fechamento do mercado, a SBF (SBFG3), dona de Centauro e Fisia, divulgou seu resultado do 1T23, que começou a mostrar sinais de melhora.

A receita líquida da Fisia, operação da Nike no Brasil, totalizou R$ 856 milhões no trimestre (+17% vs 1T22), beneficiado pelo crescimento dos canais DTC e estratégia de preços mais assertiva. O canal físico cresceu 49% na comparação anual, impulsionado por um Same Store Sales (SSS) de 8% e pelas 16 lojas inauguradas nos últimos 12 meses. O digital apresentou alta de 32% em relação ao 1T22, com forte crescimento das vendas diretas no site da Nike.

Impactada pelo aumento de vendas nos canais DTC da Nike, que já representam 57% das vendas líquidas (+9,5 pontos percentuais vs 1T22) e pela nova estratégia de precificação, a margem bruta da Fisia expandiu para 43,6%, ganho de 3,7 pontos percentuais na comparação anual. Uma notável melhora, dado o cenário ainda bastante desafiador para o varejo de vestuário.

Já na Centauro, a receita líquida cresceu 1% na comparação anual, atingindo R$ 705 milhões, resultado do plano da companhia focado na rentabilidade, que contou com o fechamento de 10 lojas durante o 1T23 e redução nos níveis de promocionamento (“mark-down”). O canal físico, mesmo prejudicado pela redução do portfólio de lojas, cresceu 13% em relação ao 1T22, beneficiado pelo SSS de 17% e 3 lojas abertas e 11 reformas para o modelo G5 nos últimos 12 meses. O digital, com o volume mais pressionado pela precificação com foco em rentabilidade, teve redução de 30%.

A margem bruta de Centauro também apresentou boa evolução, alcançando 51,5% no 1T23 (+2,9 p.p vs 1T22), fruto do menor nível de mark-down e mix de canais com maior participação de lojas físicas, que historicamente possuem margens melhores.

No consolidado, a receita líquida da SBF no 1T23 foi de R$ 1,5 bilhão, alta de 10% na comparação anual. Com crescimento de 18,5%, o lucro bruto da companhia no período alcançou R$ 737 milhões.

As despesas operacionais no trimestre representaram 36% da receita líquida (R$ 530 milhões), crescimento de 3,8 pontos percentuais em relação ao 1T22, mas em linha com o 4T22. Os principais drivers para o aumento de despesas na comparação anual foram os royalties e taxas de marketing pagos para a Nike, que aumentaram conforme previsto em contrato. Assim, o Ebitda ajustado consolidado (pós-IFRS) atingiu R$ 206 milhões, alta de 11% na comparação anual, com margem de 14,0% (+0,2 p.p vs 1T22).

Na linha final do resultado, o resultado financeiro segue sendo o vilão. Apesar do resultado operacional resiliente, o lucro líquido ajustado seguiu pressionado pelo serviço da dívida da companhia, como esperado, e alcançou R$ 7 milhões no trimestre (-76% vs 1T22). Além disso, é importante monitorar também a queima de caixa operacional, que totalizou R$ 553 milhões, fazendo com que a alavancagem fosse elevada para 2x dívida líquida sobre o ebitda.

Grupo SBF ainda é recomendação da Empiricus Research

Por fim, enxergamos o resultado neutro, mas com uma tendência positiva. Trabalhar com uma operação mais focada na rentabilidade em detrimento de crescimento nos parece o melhor caminho para ultrapassar o momento ainda bastante desafiador para as empresas mais cíclicas, e a SBF começou a  implementar essa estratégia no 1T23.

Em nossa visão, uma recuperação mais robusta nos preços das ações ainda parece improvável no curto prazo, precisaríamos ver uma melhora mais estrutural de cenário. Contudo, suportada pelo forte poder de marca da Nike e robustas avenidas de crescimento, principalmente na Fisia, a SBF é um dos nossos players preferidos no varejo de vestuário para surfar uma retomada do segmento.

Negociando a atrativas 7 vezes seus lucros para o ano (-76% vs média dos últimos 2 anos), o Grupo SBF (SBFG3) segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research. 

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.