Essa semana começou em marcha lenta com o mercado americano e britânico fechados na segunda-feira (29). Durante o final de semana, os noticiários internacionais se ocuparam com o acordo bipartidário que aumentou o limite de endividamento dos EUA, evitando o calote iminente da maior economia do mundo.
Se aprovado como proposto, o acordo deve limitar os gastos discricionários (com exceção das despesas com defesa) de 2024 nos níveis de 2023 e autorizar um aumento de 1% para 2025. Um ponto bastante polêmico é sobre a volta do pagamento dos juros de empréstimos estudantis, que pode gerar um impacto relevante na renda disponível de uma camada populacional propensa ao consumo. Além disso, um ponto técnico do acordo que pode impactar o mercado é a recomposição da conta TGA (Treasury General Account), uma espécie de conta corrente do Tesouro americano. De maneira simplificada, esse movimento se traduz em um retirada de liquidez do sistema financeiro, o que geraria um cenário mais adverso para ativos de risco.
De todo modo, se compararmos o momento atual à crise de limite de gastos de 2011, o atual acordo nos parece ter um impacto bem menos relevante em termos macroeconômicos do que o acordo da época. Em conformidade com as estimativas de mercado, as medidas propostas devem gerar uma redução na casa de 0,2% no PIB, contra 0,7% em 2011.
Por isso, após o apaziguamento da matéria no decorrer dos próximos dias, o mercado deve focar novamente nas discussões em relação à trajetória de juros, à medida em que novos dados de inflação e do mercado de trabalho são publicados antes da reunião de política monetária do dia 14 de junho.
Destaques locais
No Brasil, o destaque da semana passada foi a divulgação do IPCA-15 de maio na quinta-feira (25). O índice ficou em 0,51% m/m, abaixo da mediana das estimativas de mercado de 0,64% m/m. Muito além do número cheio, a boa notícia veio da composição desse número.
Entre os principais destaques, o preço de bens duráveis e a redução da difusão do grupo de serviços surpreenderam positivamente. O núcleo de serviços, medida acompanhada bem de perto pelo banco central (BC), ainda mostrou um patamar alto para alimentação fora do domicílio, porém, sem desvios significativos das expectativas de mercado. No grupo de administrados, a queda do preço da gasolina e do diesel foi totalmente encoberta pelo reajuste de jogos de azar e medicamentos, contudo, a perspectiva à frente é positiva.
A queda dos preços de atacado deve, inevitavelmente, se traduzir em redução do índice de preços ao consumidor. O IGP-M divulgado nessa manhã continua indicando um cenário benigno para a inflação de bens industriais e deve pesar também sobre o preço de alimentos nos próximos meses.
Olhando para frente, o IPCA de 12 meses deve voltar a acelerar dos atuais 4,07% a/a para cerca de 5% ao ano, devido aos efeitos estatísticos da desoneração dos combustíveis nos meses de junho, julho e agosto do ano passado. Se considerarmos os estoques de combustíveis, o repasse da alta dos preços deve ser mais pronunciado nos primeiros meses do segundo semestre.
Em evento ontem (29), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, imprimiu um tom marginalmente mais brando (dovish). Campos Neto disse que “o cenário está clareando” e afirmou que a inflação “parece que vai engrenar uma melhora, ainda que lenta”.
Em relação à estratégia de alocação, dado o nível de inflação implícita para o horizonte relevante do banco central, que ainda permanece acima da meta da autarquia, mantemos a nossa expectativa de que o primeiro corte na Selic deve ocorrer em setembro. Em termos práticos, a atratividade de títulos prefixados tem aumentado consideravelmente e deve passar a representar um maior percentual de alocação do investidor pessoa física.
Veja o cardápio de títulos prefixados recomendados
Todas as recomendações abaixo são títulos que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos, contudo, o investidor precisa se certificar de que não ultrapassou o limite de R$ 250 mil por instituição, incluindo os juros a receber do investimento.
Características da LCA prefixada do Banco ABC Brasil – COM JUROS MENSAIS | |
Classificação de risco da instituição | Standard and Poor’s: brAAA |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Empiricus Investimentos |
Aplicação mínima | R$ 20 mil |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 01/06/2026 (1096 dias corridos) |
Rentabilidade líquida anual | 10,09% ao ano |
Tributação | Isento de IR |
Pagamento de juros | Juros mensais |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 15h |
O investimento na taxa líquida indicada da LCA prefixada do Banco ABC Brasil equivale a uma aplicação com taxa bruta aproximada de 11,69% ao ano.
Características do CDB prefixado do Banco Daycoval | |
Classificação de risco da instituição | Standard and Poor’s: brAA+ |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Daycoval |
Aplicação mínima | R$ 1 mil |
Aplicação máxima | R$ 10 milhões |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 21/05/2025 (722 dias corridos) |
Rentabilidade bruta anual | 14% ao ano |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | Não |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 17h |
Por fim, é importante lembrar que, para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo e que precisa estar disponível imediatamente, recomendamos o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero.