A Eneva (ENEV3) divulgou a prévia operacional do 2T24, com números ainda fracos por conta do elevado nível dos reservatórios, e também por menores exportações de energia no período.
A geração de energia da Eneva ficou em 478 GWh, com redução de -66% para o 2T23. O despacho médio ponderado pela capacidade instalada foi de 5%, ante 14% no mesmo trimestre do ano anterior.
Desastre no RS afeta exportações da Eneva
Se no ano passado as exportações para a Argentina ajudaram a compensar o elevado nível dos reservatórios, neste ano boa parte da demanda do país vizinho acabou não podendo ser suprida, por conta da indisponibilidade de linhas de transmissão que foram afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul em maio. Apenas no fim de junho é que a Eneva voltou a exportar energia.
Apesar da queda da geração de maneira geral, o trimestre terminou com condições mais favoráveis em termos de despachos. Se as chuvas no início de abril atrapalharam a Eneva, a partir de junho e julho começamos a notar um aumento significativo nos despachos das termelétricas brasileiras, o que também conversa com a recente mudança da bandeira tarifária, de verde para amarela.
A única usina da companhia que apresentou crescimento na geração foi Jaguatirica II, mas isso só aconteceu porque ela fica em Roraima, fora do Sistema Interligado Nacional e não depende das condições hidrológicas para despachar.
Na geração solar, a comparação anual é injusta, já que Futura I ainda não estava totalmente operacional no 2T23. Na comparação com o 1T24, houve redução de -9,4% na geração líquida de energia, o que era esperado dada à menor irradiância no trimestre na comparação com o 1T24. É importante destacar que apesar da queda na geração, a disponibilidade melhorou e chegou a quase 100%, o que deve permitir melhores volumes nos próximos trimestres à medida que a irradiância aumenta.
Apesar da prévia relativamente fraca, o mercado já esperava números tímidos no 2T24. Por outro lado, o fim do 2T24 e o início do 3T24 deixam melhores expectativas com relação aos despachos para o resto do ano.
Mas enquanto os despachos não deixam a Eneva usar suas reservas de gás na geração de energia, a companhia segue buscando alternativas para monetizar a molécula através da comercialização.
- LEIA TAMBÉM: A temporada de resultados do 2T24 já começou; veja como receber análises gratuitas da Empiricus Research e saiba o que fazer com cada ação
Geradora firma mais um contrato de fornecimento de gás
Na semana passada, ela firmou mais um contrato de fornecimento de gás, desta vez com a Copergás (Companhia Pernambucana de Gás) para os municípios de Petrolina e Garanhuns.
O contrato prevê o fornecimento de até 40 mil m3 por dia de gás, e ela será a responsável pela liquefação, transporte e regaseificação da molécula no destino.
Para atender essa demanda extra, a Eneva utilizará parte da capacidade ociosa da planta de liquefação da Bacia do Parnaíba, com 600 mil m3 de capacidade diária e que foi construída para atender majoritariamente os contratos de fornecimento de gás para Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3). A Eneva nunca abriu as condições comerciais desses acordos, mas dado o volume relativamente pequeno, não estimamos impactos relevantes do contrato firmado com a Copergás recentemente.
No entanto, ele mostra que a companhia segue buscando alternativas para monetizar o gás enquanto os despachos não engrenam. Outro ponto interessante é que os contratos de comercialização também tendem a tornar os resultados cada vez menos dependentes da hidrologia.
Por 9x Valor da Firma/Ebitda, a Eneva segue na carteira.
Para mais insights de onde investir em agosto, a partir do dia 1º este relatório gratuito estará atualizado com uma seleção de ações da bolsa de valores.